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PIB do Amazonas cai 10,64% em janeiro

A crise aberta pela segunda onda de covid-19 derrubou a prévia do PIB do Amazonas, em janeiro, na contramão da média nacional. A série com ajuste sazonal registrou tombo de 10,64% ante dezembro do ano passado –em piora acentuada do número anterior (+0,21%) –e queda de 6,67% no confronto com janeiro de 2020. O desempenho brasileiro foi melhor, tanto na variação mensal (+1,04%), quanto na anual (-0,46%). Os dados são do IBC-Br (Índice de Atividade Econômica do Banco Central).

No primeiro mês deste ano, o índice de atividade econômica do Amazonas registrou 154,56 pontos, conforme a série histórica fornecida pelo BC. Foi o dado mais baixo desde maio de 2020, mês em que a primeira onda ainda não havia se encerrado, assim como a temporada de fechamento provisório de lojas locais ao atendimento presencial. Em 12 meses, o IBC-Br do Estado pontuou retrocesso de 1,57%, desta vez em desempenho melhor do que o brasileiro (-4,04%).

Na média móvel trimestral, a prévia do PIB amazonense encolheu 1,53%, na comparação do aglutinado de novembro a janeiro (já afetado por desabastecimento, apreciação do dólar, alta da inflação e o começo da segunda onda) com o acumulado de agosto a outubro (ainda marcado pela flexibilização pós-primeira onda). Em relação ao mesmo trimestre de 2019/2020, o Estado ainda aparece com elevação de 1,54% na produção de bens e serviços. Os respectivos números nacionais foram +2,77% e +0,19%.

Visto pelo mercado como uma antecipação do resultado do PIB, o indicador do BC (Banco Central) é uma forma de avaliar a evolução da atividade econômica e ajuda a autoridade monetária a decidir sobre a taxa básica de juros, além de ajudar investidores e empresas a adotarem medidas de curto prazo. A metodologia é diferente da empregada pelo IBGE, que calcula o PIB brasileiro –cuja divulgação nacional está prevista para o dia 1º de junho.

Setores e arrecadação

Embora incorpore dados sobre os setores da indústria, comércio e serviços e agropecuária, além do volume de impostos, o cálculo do BC não informa o desempenho de cada um. Números do IBGE referentes ao período, no entanto, já haviam apontado uma descontinuidade no processo de recuperação da maior parte das atividades econômicas amazonenses, em janeiro. Mas, ainda não havia produzido reflexos na arrecadação estadual, segundo a Sefaz (Secretaria de Estado da Fazenda), dado que boa parte do recolhimento incide sobre vendas anteriores.

Em sintonia com a crise de oxigênio e o toque de recolher, a produção industrial do Estado ficou negativa em todas as comparações, no primeiro mês de 2021. Encolheu 11,8%, na passagem de dezembro de 2020 para janeiro de 2021, e ficou 9,8% aquém do patamar de janeiro do ano passado –contra -5,1% e +9,6%, no levantamento anterior. Como resultado, a manufatura amazonense amargou queda de 6,7%, no desempenho acumulado dos últimos 12 meses. 

O varejo amazonense retrocedeu nada menos do que 29,7%, na variação mensal de janeiro de 2021, reforçando o decréscimo mensal anterior (-3,1%). Foi a maior queda da série histórica do indicador, neste tipo de comparação. Em relação ao resultado do mesmo mês do ano passado, o volume de vendas do setor recuou 24,3%. O acumulado dos últimos 12 meses, contudo, ainda rendeu crescimento de 4,5% para a atividade. 

O melhor resultado veio do setor de serviços do Amazonas, que avançou 3,5% em volume, frente a dezembro de 2020, em desempenho igual ao do levantamento anterior. No confronto com janeiro do ano passado, a trajetória foi de alta reforçada e de dois dígitos (+13,9%) –contra +8,2% apresentados 30 dias antes. Em 12 meses, a variação acumulada foi bem mais modesta (+0,9%). 

Já os dados da Sefaz, indicam que a receita tributária estadual avançou praticamente em todas as comparações, em janeiro. Os impostos, taxas e contribuições somaram praticamente R$ 1,06 bilhão, com expansão de 2,91% sobre o mesmo mês do ano passado (R$ 1,03 bilhão). O confronto com dezembro de 2020 (R$ 1,23 bilhão) indicou queda de 16,50%. Descontada a inflação do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), contudo, houve queda de 1,89% na variação anual. 

Auxílio e vacinação

Na análise do conselheiro do Corecon-AM (Conselho Regional de Economia do Estado do Amazonas), Francisco de Assis Mourão Júnior, a queda no PIB do Amazonas em janeiro é um reflexo da combinação do corte do auxílio emergencial, assim como do início da escalada da segunda onda de covid-19, com a consequente tomada de medidas restritivas ao comércio e aos serviços do Amazonas. Ele lembra que a economia do Estado é lastreada pela ZFM, que se ampara na produção voltada para o mercado interno. 

“A partir do momento em que a economia está em uma crise causada pelo novo coronavírus, com as pessoas destinando sua renda para priorizar gastos da mais extrema necessidade, o modelo acaba sendo impactado. Isso é preocupante e gera um momento de reflexão para outros fatores econômicos. E tem também ainda a questão da política neoliberal de abertura incondicional do comércio exterior, por parte do ministro da Economia, Paulo Guedes, na contramão da tendência mundial durante a pandemia”, avaliou.

O economista estima, contudo, que pelo menos 6% dos mais de 10% de queda mensal do PIB amazonense devem ser atribuídos ao fechamento provisório de comércio e serviços, que respondem também pela maior parte dos empregos e arrecadação no Estado. “Antes do lockdown, os setores vinham de um boom pelo auxílio emergencial. Por mais que o governo estadual esteja liberando o funcionamento das lojas, aos poucos, ainda há muita indefinição quanto à liberação do benefício, assim como ao andamento da vacinação. Tanto é que as expectativas para os Dia das Mães andam em baixa”, arrematou. 

Foto/Destaque: Divulgação

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio
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