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Indústria do Amazonas fatura mais, mas perde força nos empregos

Indústria do Amazonas fatura mais, mas perde força nos empregos

Depois de registrar vendas e contratações acima da média nacional, no mês anterior, a indústria do Amazonas acelerou no faturamento e perdeu força nos empregos, em outubro. O nível de UCI (utilização da capacidade instalada) do parque fabril amazonense se manteve ascendente, mas as horas trabalhadas e a massa salarial encolheram. Em âmbito nacional, o setor também cresceu em velocidade reduzida. É o que revelam os dados locais referentes à pesquisa dos Indicadores Industriais da CNI, compilados pela Fieam.

O faturamento real da manufatura amazonense cresceu 25,8% em comparação com o mês anterior. Confrontadas com o índice de outubro de 2019, as vendas decolaram 69,1%. Em dez meses, o faturamento apresentou crescimento de 14% frente ao mesmo período do ano passado. Na média, a indústria brasileira avançou 2,2% ante setembro e subiu 8,5% em relação a 12 meses atrás, mas ainda está 1% negativo no aglutinado do ano – embora a CNI projete alta, no encerramento de 2020. 

Em sintonia, a utilização da capacidade instalada da indústria do Amazonas avançou de 71,6% para 73,1%, na passagem de setembro para outubro. A UCI, no entanto, caiu 4,6 pontos percentuais na comparação com outubro de 2019 (77,7%) e manteve estabilidade na comparação da média registrada nos dez meses iniciais de 2020 com igual período do exercício anterior. Em âmbito nacional, a UCI avançou 0,9 p.p. na variação mensal e chegou a 80,3%, o maior percentual registrado neste ano – e também 2,5 p.p. acima da marca de 12 meses antes.

Em contrapartida, o nível de emprego das fábricas instaladas no Estado diminuiu a marcha em 0,5%, na variação mensal, apesar de ainda ter expandido 12,2% no confronto com o mesmo mês do ano passado e avançado 9,4% no comparativo da base acumulada. A indústria nacional teve desempenho melhor ante setembro (+0,3%), mas ainda segue 1,2% abaixo do patamar pré-pandemia apresentado em fevereiro, além de ter acumulado queda de 2,4%, em 2020.

As horas trabalhadas nas linhas de produção do Amazonas registraram redução de 3,2% frente a setembro de 2020, e crescimento de 5,1%, na comparação com a marca de 12 meses antes. De janeiro a outubro, a queda apresentada foi de 2%. Na média brasileira, o setor subiu 1,7% na variação mensal, alcançando o melhor registro de 2020, mas ficou devendo no aglutinado do ano (-6,1%).

A massa salarial local da manufatura amazonense teve pior desempenho e recuou 0,2% na comparação com o mês anterior, apesar de ter crescido 2,9% na variação 2,9%. O índice foi o que apresentou maior perda pela crise da covid-19, dado que o comparativo anual do acumulado apontou para uma redução de 5,5%. Em contraste, a massa salarial ficou estável, na média da indústria nacional, mas também ficou aquém do patamar pré-pandemia e sofreu decréscimo mais acentuado na variação acumulada (-5,8%).

Fora da curva 

A avaliação da Confederação Nacional da Indústria é que a queda no ritmo de crescimento já era esperada porque a maior parte da indústria de transformação já teria se recuperado da queda provocada pela pandemia. Em texto divulgado pela assessoria de imprensa da CNI, o gerente de Análise Econômica da entidade, Marcelo Azevedo, reforça que a produção costuma ser mais fraca no fim de ano, quando comparada aos meses imediatamente anteriores – período de aquecimento para atender as vendas de fim de ano. 

O dirigente ressalva, no entanto, que 2020 está sendo um ponto fora da curva para o setor, em razão dos impactos da crise da covid-19. “Parte da indústria manterá a produção mais elevada, pela necessidade de recompor estoques, que ainda estão baixos, e de entregar pedidos atrasados de meses anteriores, adiados pelas dificuldades do mercado de insumos”, explicou.

Pandemia e estabilidade

Na mesma linha, o presidente da Fieam (Federação das Indústrias do Estado do Amazonas) e vice-presidente executivo da CNI, Antonio Silva, destaca que, embora o terceiro trimestre concentre a produção dos pedidos encomendados para o final do ano, parte do que foi produzido em setembro é faturado em outubro, o que explicaria o descolamento entre produção e faturamento. Para o dirigente, o nível de emprego encontra-se estável, as reduções mensais não causam surpresa, e o fato de o setor estar em um patamar acima da base relativamente forte de 2019 é digna de comemoração.

“O percentual estimado de retração foi de apenas 0,5%. Considero mais importante o crescimento de 12,2% em relação a outubro de 2019, bem como o acumulado nos dez meses, que foi maior em 9,4%, não se levando em conta as consequências da pandemia. A diminuição nas horas trabalhadas e massa salarial em relação a setembro já eram esperadas, dado a desaceleração da produção, mas continuo insistindo que o mais importante é que, em relação ao mesmo mês do ano passado, cresceram 5,1% e 2,9%, respectivamente”, analisou.

Antonio Silva avalia que, a despeito das dificuldades, a indústria amazonense deve fechar 2020 com o faturamento no azul, quando medido em moeda nacional. O dirigente avalia, contudo, que o mesmo não deve se dar na conversão dos resultados das vendas ao dólar: sua estimativa é que deve haver encolhimento de 17% ante 2019, em moeda mais forte. E 2021 ainda sinaliza incertezas.

“O próximo ano é uma incógnita, tendo em vista vários fatores como o comportamento da pandemia, a eficácia das vacinas que venham a ser autorizadas pelas autoridades sanitárias e a continuidade das aprovações das reformas pelo Congresso. E a forma como será aprovada a Reforma Tributária é a grande preocupação para a ZFM. Esperamos ser preservados nos nossos direitos constitucionais”, arrematou. 

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio
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