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Indústria do Amazonas fica acima da média nacional

Indústria do Amazonas fica acima da média nacional

A indústria do Amazonas faturou e contratou acima da média nacional, ao mesmo tempo em que avançou substancialmente no uso da capacidade instalada das fábricas. E, diferente da manufatura nacional, já sinaliza recuperação das perdas impostas pela pandemia. É o que revela o confronto dos dados brasileiros dos Indicadores Industriais da CNI com os respectivos números locais do setor, compilados pela Fieam e fornecidos à reportagem do Jornal do Commercio.  

O faturamento real da indústria do Amazonas avançou 20,2% na comparação com agosto, após cinco altas consecutivas. No confronto com o resultado de 12 meses atrás, o resultado das vendas foi maior em 51,4%, além de acumular alta de 6,2% em nove meses. Em paralelo, a manufatura brasileira cresceu 5,2% na variação mensal –o maior valor, desde outubro de 2015 –e subiu 12,6% na anual, além de ter amargado decréscimo de 1,9% no aglutinado do ano.

O aquecimento levou a um aumento de contratações que, embora tenham sido mais modestas, seguiram acima da média brasileira. O nível de emprego nas empresas do segundo setor expandiu pelo segundo mês seguido, com alta de 1,4% ante agosto de 2020, além de manter vantagem de dois dígitos (+13,6%) em relação ao setembro de 2019. O acumulado dos nove meses iniciais foi superior em 9% em relação ao mesmo período do ano passado. Os respectivos números da indústria nacional foram: +0,5%, -1,7% e -2,6%.

O mesmo se deu na massa salarial, que também apresentou desempenho tímido, mas comparativamente melhor do que o restante do país. Cresceu A 3,1% em relação a agosto, praticamente empatou (+0,2%) no confronto com setembro do ano passado, mas não conseguiu engatar alta na variação do acumulada no ano (-6,4%). Os dados nacionais para o período foram, no entanto, comparativamente ainda mais acanhados: +0,3%, -2,8% e -5,6%.

Nível de atividade

A despeito das altas o nível de atividade do setor no Amazonas não apresentou o mesmo nível de descolamento. No caso das horas trabalhadas na produção, a indústria do Amazonas só ficou atrás no que se refere à variação mensal, com uma ligeira vantagem para a média da manufatura brasileira –as elevações foram de 2,4% e de 2,8%, respectivamente. Saiu-se melhor nas variações anual (+14,8%) e acumulada (+2,8%), que bateram o desempenho brasileiro por larga margem (+2,6% e -0,7%, respectivamente). 

Foi detectada expansão mais forte também na UCI (Utilização da Capacidade Instalada) das fábricas do Amazonas, mas o nível se situou abaixo do apresentado pela manufatura nacional. O Estado alcançou índice de 77,5%, em valores dessazonalizados, com 4,7 pontos percentuais à frente de agosto (72,8%) e 0,6 p.p. a mais do que na comparação com o mesmo mês do ano anterior (76,9%). A média da UCI até setembro (73,4%) é 1,2 p.p maior que a média registrada no mesmo período de 2019 (72,2%). O ápice da indústria amazonense ocorreu em fevereiro (82,3%) e o “fundo do poço” foi contabilizado em abril (57,5%).

A UCI mede o quanto os equipamentos e os trabalhadores das empresas estão ocupados na produção em relação ao máximo de que pode ser produzido por um longo período sem dificuldades. Em âmbito nacional, o indicador pontuou 79,4% em setembro, sendo 1,3 pontos percentuais mais elevada do que a de agosto de 2020 (78,1%) e 1,6 p.p. mais forte do que o percentual de 12 meses antes (77,8%). 

“Extraordinariamente intensa”

No entendimento do presidente da Fieam e vice-presidente executivo da CNI, Antonio Silva, os setores do PIM que deram suporte ao resultado foram o eletroeletrônico, de informática, químico e “provavelmente” o de duas rodas – apesar da escassez de componentes, neste caso. “A pesquisa, feita pelo convênio CNI/Fieam, nos mostra que a atividade da indústria local foi extraordinariamente intensa em setembro, e reflete, em grande parte, o momento positivo pelo qual passa nossa indústria”, comemorou.

Indagado sobre os números do nível de atividade, o dirigente observou que as variações se dão segundo o perfil da indústria em cada Estado. Lembrou também que as empresas do Amazonas estavam com elevada capacidade ociosa –que foi incrementada pela paralisação de atividades imposta pela pandemia. A gradativa retomada dos negócios, flexibilização e reabertura dos estabelecimentos comerciais, por outro lado, exigiu reposição de insumos e mão de obra.

A estimativa do presidente da Fieam é que o PIM deve estar trabalhando com média de dois turnos, dado que anos sem recessão, e com índices mais favoráveis de UCI, costumam exigir a abertura de até um terceiro turno nas empresas, para atender as festas de fim de ano. Antonio Silva avalia que a atual diminuição dos estoques é um fator favorável ao crescimento produtivo e da força de trabalho até o fim do ano, mas mantém otimismo cauteloso em relação a 2021.

“O índice da UCI alcançado de 77,5% demonstra um nível muito bom para a ocupação do nosso parque industrial. O que acontece, creio eu, é que há uma desproporcionalidade entre níveis de produção, mas a hipótese de que algumas empresas estejam trabalhando em dois turnos não pode ser descartada. As perspectivas para 2021 são otimistas. Esperamos que, com a provável aprovação de vacinas contra a covid-19, tenhamos maiores chances de aumentar consideravelmente nossa produção, cuja demanda será um resultado do crescimento do emprego”, destacou.

“Agenda de competitividade”

Em texto divulgado por sua assessoria de imprensa, a entidade frisa que atividade industrial de setembro foi “excepcionalmente forte”. O gerente-executivo de Economia da entidade, Renato da Fonseca, reconhece que os números são positivos, mas ressalva que o caminho de retomada ainda será longo. “Foi uma recuperação mais forte do que o esperado. Mas, isso não significa que o Brasil vai voltar a crescer mais de 2% ao ano, como o país precisa crescer, para o padrão de vida do brasileiro se igualar ao dos países desenvolvidos”, ponderou.

No mesmo material, o dirigente salienta que a indústria conseguiu se recuperar, mas ainda enfrenta problemas nas cadeias produtivas, por falta de insumos, e outros obstáculos mais antigos, conhecidos e persistentes para o setor, como os elevados custos de energia – “devido aos encargos sobre a conta de luz” –e tributário –em razão da “complexidade do sistema tributário nacional”.  “O grande desafio é voltar à agenda de competitividade, principalmente a da reforma Tributária, para que o Brasil tenha realmente uma indústria competitiva e volte a crescer mais de 2% ao ano, para o bem de sua população”, encerrou.

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio
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