Pesquisar
Close this search box.

Confiança dos lojistas de Manaus segue em alta, apesar da pandemia

A despeito da segunda onda, a confiança dos lojistas de Manaus avançou pela quarta vez seguida, na passagem de janeiro para fevereiro, atingindo o melhor nível desde o começo da pandemia. A alta reforçada na capital amazonense seguiu novamente em trajetória inversa à da média nacional. As expectativas em relação à economia e ao andamento do setor, entretanto, assim como as intenções de contratar. É o que mostram os dados locais do Icec (Índice de Confiança do Empresário do Comércio).

O indicador da CNC (Confederação Nacional do Comércio) subiu 3% na variação mensal e registrou 131,5 pontos em Manaus, ficando 0,6% acima da marca de janeiro (127,7 pontos), mas seguiu longe do nível pré-pandemia, ficando 7,7% abaixo do patamar de fevereiro do ano passado (142,4 pontos). Em todo o Brasil, o índice recuou 1,5% e foi a 104,5 pontos, além de sofrer um tombo de 18,5% na variação anual. 

Apurado entre os tomadores de decisão das companhias comerciais, o levantamento avalia condições atuais, expectativas de curto prazo e intenções de investimento. Pontuações abaixo de 100 representam insatisfação, enquanto marcações de 100 até 200 são consideradas de satisfação. A CNC sondou 6.000 empresas de todas as capitais do país – 164 delas, em Manaus. 

Três dos nove subíndices do Icec sofreram retração mensal: contratação de funcionários/IC (-4,4% e 136,3 pontos), expectativa do comércio/EC (-1,2% e 168,8) e expectativa da economia brasileira/EEB (-0,3% e 168,4). Os melhores desempenhos vieram das condições atuais das empresas comerciais/CAEC (+10,5% e 149,2), do comércio/CAC (+9,1% e 133,4) e da economia brasileira/CAE (+8,4% e 129,1). Outros dados positivos vieram do nível de investimento das empresas/NIE (+9,1% e 121,4), da situação atual dos estoques/SAE (+1,1% e 100,8) e das expectativas para as empresas comerciais/EEC (+0,3% e 174,2).

Contratações e investimentos

Em torno de 53,5% dos comerciantes de Manaus consideram que a situação atual da economia brasileira “melhorou um pouco”. Em seguida estão os que dizem que “piorou um pouco” (28%), que “melhorou muito” (9,5%) e que “piorou muito” (8,9%). Sobre as condições atuais do setor e da empresa, a maioria acha que “melhorou um pouco” (60,6% e 60,3%, na ordem). A percepção é mais positiva nas empresas com mais de 50 empregados e que comercializam bens semiduráveis e duráveis, tanto na primeira, quanto na segunda e terceira situações.

A opinião majoritária em relação às expectativas para a economia ainda é que vai “melhorar um pouco” (45,5%), seguida pelos que acreditam que vai “melhorar muito” (42%). O otimismo é mais relativo para o setor (48,4% e 42,4%, respectivamente) e para a empresa (45,6% e 47%). Em todos os casos, a satisfação é maior entre as companhias de menor porte e atuantes no segmento de semiduráveis.

A despeito da queda no indicador, a maioria absoluta (56,6%) diz que o contingente de trabalhadores deve “aumentar pouco”, seguida de longe pelos que avaliam que pode “reduzir pouco” (25,9%). Em sintonia, a expectativa majoritária para investimentos nas empresas passou a ser “um pouco maior” (37%), sendo seguida de perto pela avaliação de que será “um pouco menor” (32,7%). Tanto as projeções de contratações, quanto as de aportes de capital, são predominantes entre as empresas maiores.

Chuva e medo

O presidente em exercício da Fecomércio AM (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado do Amazonas), Aderson Frota, destaca que, independentemente das quedas pontuais de um subíndice ou outro, o indicador de confiança da CNC segue acima da marca dos 100 pontos e, portanto, no patamar positivo. O dirigente pondera que, embora seja o quinto mês consecutivo que otimismo se mantém, a expectativa dos empresários continua recuando, mês a mês, em face da segunda onda de covid-19 e seus efeitos na economia. 

“O Amazonas aparece em uma situação diferente, já que desde dezembro de 2020, vínhamos tendo problemas de restrições, em função dos alarmantes índices de pandemia, hospitalização colapsada, etc. As expectativas dos empresários em relação à economia e ao próprio funcionamento do comércio vêm caindo. Pode ser que, a partir de março, o Estado tenha uma melhora nesse índice de confiança, o que é mais ou menos esperado. Isso, apesar de o varejo ainda ter apresentado um movimento fraco, por vários motivos, como chuva e medo da pandemia e do desemprego”, explanou.

“Reticência empresarial”

Em texto distribuído pela assessoria de imprensa da CNC, o economista responsável pela pesquisa do Icec, Antonio Everton, destaca que os comerciantes reconhecem que o momento econômico atual se mostra difícil para os negócios. “O entendimento de que a economia melhorou correspondeu a uma fatia muito pequena dos entrevistados (3%), o que pode ser um sinal de reticência empresarial quanto às perspectivas da evolução econômica em um ritmo mais forte, nos próximos meses”, assinalou.

No mesmo texto, o presidente da CNC, José Roberto Tadros, pondera que, embora os sinais sejam de pouco otimismo, a implementação de um novo programa de transferência de renda, entre outras políticas públicas para acelerar a capacidade de recuperação da economia e do consumo, poderá modificar o cenário de incertezas, melhorando as expectativas. 

“Com a performance dos dois primeiros meses de 2021, o Icec passa a impressão de que 2020 foi um ano que ainda não acabou. Os efeitos desta crise sem precedentes ainda reverberam, e a solução para retornarmos ao cenário anterior à pandemia da covid-19 é a vacinação em massa da população”, finalizou.

Foto/Destaque: Divulgação

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio
Compartilhe:​

Qual sua opinião? Deixe seu comentário

Notícias Recentes

Pesquisar