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Conab prevê melhora na safra de grãos do Amazonas

Em sua revisão de janeiro, a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) corrigiu os números do Amazonas e já espera um aumento na safra de grãos 2020/2021 do Estado. A projeção é que o Estado feche com 43,8 mil toneladas colhidas, 5% a mais do que a safra 2019/2020 (41,7 mil toneladas). É a terceira correção para cima nos números da estatal, que já havia mudado a estimativa em dezembro e janeiro – quando havia estimado queda de 1,2% na produção para este ano (41,2 toneladas).

O mesmo ocorreu com a área de plantio total, que passou de 17,1 mil para 18 mil hectares. O novo patamar ainda corresponde a uma queda de 3,7% no confronto com a área total utilizada no plantio da safra de 2019/2020 (18,7 mil). A boa notícia é que, como a elevação não foi suficiente para equiparar o dado do ano passado, e a produção sinaliza ser maior, a produtividade também foi corrigida para cima e se mostra 9,1% maior, ao passar de 2.230 kg/ha (2019/2020) para 2.433 kg/ha (2020/2021). 

Produtividade também foi corrigida para cima e se mostra 9,1% maior
Foto: Divulgação

Em linhas gerais, a correção se deve às apostas redobradas para a soja e a manutenção das apostas no arroz, mas duas das quatro culturas que compõem a cesta amazonense de grãos – feijão e milho – ainda aparecem com as projeções da Conab no vermelho. Com o reajuste a soja já lidera os índices de crescimento da atual safra amazonense com elevação de 88,7% e 10 mil toneladas. 

Com estimativa de 8.100 toneladas, o arroz está no segundo lugar, com alta calculada em 50%. Em contraste, o milho (23,2 mil toneladas) foi confirmado novamente com o pior índice da lista, ao recapitular a retração de 18,3% já esperada nos levantamentos anteriores. O feijão também segue com os mesmos números (-3,8% e 2.500 toneladas) e, mantidas as atuais condições, deve emendar o segundo ano negativo. 

A maior estimativa de aumento na área de plantio passou a ser a da soja (3.500 hectares), com expansão de 52% sobre a safra anterior (2.300). O arroz (2.900 e +21%) vem em segundo lugar. Em contrapartida, o milho ainda é o produto que sofreu o maior tombo (-20,5%), embora seja o que ainda conta com maior área (8.900). A projeção do feijão (2.700) segue 3,6% abaixo de 2019/2020 (2.800). Em relação à produtividade, nenhuma cultura aparece com desempenho abaixo do ano passado. Os melhores índices vêm do arroz (+25,1% e 2.800 kg/ha) e da soja (+23,9% e 2.850 kg/ha), sendo seguidos pelo milho (+2,8% e 2.607 kg/ha) e pelo feijão (923 kg/há e +0,2%).

“Ganho de produtividade”

Para o presidente da Faea (Federação da Agricultura e Pecuária do Amazonas), Muni Lourenço, a projeção de crescimento para as culturas da soja e do arroz mostra que os produtores amazonenses estão confiantes no mercado e na valorização dos grãos, tanto pelo mercado interno, quanto pelo externo. O dirigente destaca ainda que a expansão da safra deve vir também com ganho de produtividade, mas considera que os dados devem sofrer novas correções para cima, nos próximos boletins mensais da Conab. 

“Apesar de todas as incertezas no cenário econômico decorrentes da pandemia, o potencial de consumo de soja só cresce e isso estimula o investimento privado na cultura. No caso do feijão, a projeção de pequena redução provavelmente decorre do impacto da pandemia na produção das áreas de várzea, que dificultam o plantio e escoamento da produção. Para o milho, esperamos que a estimativa de queda na produção possa não se confirmar, com o aumento da área cultivada, principalmente no Sul do Amazonas”, reforçou.

“Novas tecnologias”

O titular da Sepror (Secretaria de Produção Rural do Amazonas), Petrúcio Magalhães Júnior, aponta que os números da Conab são “de grande credibilidade” e reforça que, assim como no ano passado, 2021 deve ser de aumento de produção agrícola no Estado. O secretário estadual reforça que o Executivo amazonense vem apostando em novas matrizes econômicas e na interiorização do desenvolvimento, além de empreender “todo o esforço” para dar apoio e tranquilidade ao produtor rural do Sul do Amazonas, para que este continue plantando, colhendo e comercializando. 

“Os números mostram crescimento para soja e arroz, e em breve, também teremos o aumento da produção de milho. Quanto ao feijão, os técnicos da Sepror estão avaliando a cultura a fim de ampliar a produção, que é de vital importância para a segurança alimentar e nutricional da agricultura familiar. Com a distribuição gratuita do kit semente aos produtores, iniciada nesta semana, esperamos novos avanços na produção. E as novas tecnologias de produção sustentável, como a ILPF [Integração Lavoura, Pecuária e Floresta] e o plantio direto rotacionando culturas, comprovam a possibilidade da produção de alimentos com sustentabilidade”, frisou.

Custo e benefício

Já o ex-superintendente da Conab, administrador com especialização no agronegócio e colaborador do Jornal do Commercio, Thomaz Meirelles, avalia que o plantio de feijão ainda é pequeno no Estado, situado em áreas de várzea e de subsistência. O foco dos médios e grandes produtores rurais amazonenses, por outro lado, segue no arroz e na soja – mesmo em detrimento do milho –, em razão de preços de mercado e da relação custo/benefício. No entendimento do especialista, a nova revisão também se deu por outros motivos.

“Desde a primeira avaliação da atual safra, vinha dizendo que os nossos números estavam equivocados. Finalmente, a Conab ajustou os números da soja, o que deu um aumento entre as safras de 5%. Isso é muito positivo, animador. Um detalhe que observei, é que aumentou a produção e reduziu a área. Também muito bom. Agora, quanto ao milho, espero que a distribuição de sementes por parte do governo possa aumentar a produção”, finalizou. 

Foto/Destaque: Jefferson Bernardes/Preview.com

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio
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