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Comércio do Amazonas apresenta recuperação em junho

Comércio do Amazonas apresenta recuperação em junho

O varejo do Amazonas respirou melhor na passagem de maio para junho, mês de reabertura das lojas em Manaus. Ainda sob os impactos da crise da covid-19 e do “novo normal” surgido com a pandemia, o setor ainda não conseguiu recuperar a perda acumulada do ano, mas já projeta resultados melhores, com desempenho marcante em segmentos dependentes de crédito, e números superiores à média nacional. Os dados foram divulgados pelo IBGE, nesta quarta (12). 

O comércio varejista amazonense emendou seu segundo mês de alta e avançou 35,5% entre maio e junho. Foi um número bem melhor do o que o de maio (+13,2%), quando o setor ainda dependia largamente do delivery e do drive-thru para sobreviver. Em relação ao mesmo mês de 2019, já houve expansão de 12,1% – contra os 12,4% de queda anteriores. Ainda não foi suficiente para tirar o acumulado do ano do vermelho (-0,7%), embora o aglutinado de 12 meses (+6%) tenha se mantido positivo. 

Com o incremento mensal de dois dígitos nas vendas, o Estado decolou do 13º para o segundo lugar no ranking de esempenho de vendas das 27 unidades federativas do Brasil, deixando para trás também a média nacional (+8%). Só perdeu para o Pará (+39,1%), ficando à frente do Ceará (+29,3%). Em sentido contrário, Rio Grande do Sul (-9%), Paraíba (-2,4%) e Mato Grosso (-2%) figuraram no rodapé e foram os únicos números negativos da lista.  

A receita nominal do setor – que não considera a inflação do período – avançou 32,1% na comparação com abril, ficando bem acima da marca da sondagem anterior (+11,9%). No confronto com junho de 2019, o varejo do Amazonas passou para o campo positivo (+13,9%). O saldo também se manteve no azul nos acumulados dos seis meses (+5%) e de 12 meses (+10,6%). 

Em um panorama marcado por desempenhos positivos, a receita nominal registrada na passagem de maio para junho fez o Amazonas escalar da 11ª para a segunda colocação, em um patamar muito acima da média nacional (+8,5%). O Estado ficou atrás do Pará (+31,5%) e à frente do Maranhão (+26,1%). Na outra ponta, Rio Grande do Sul (-6,5%), Paraíba (-1,6%) e Mato Grosso do Sul (-0,2%) ficaram nas últimas posições.

Veículos e construção

O volume de vendas do varejo ampliado do Amazonas – que inclui veículos e suas partes e peças, bem como material de construção – teve desempenho ainda melhor. O acréscimo no volume de vendas em relação a maio de 2020 foi de 38,7%, e foi acompanhado pelo incremento de 14% no confronto com junho de 2019. O acumulado do ano ainda apresentou retração de 4%, enquanto o de 12 meses rendeu aumento de 2,1%. As respectivas médias nacionais foram +12,6%, -0,9%, -7,4 e -1,3%.

Já a receita nominal do varejo ampliado subiu 35,3% em relação a maio deste ano e cresceu 15,8% ante junho de 2019. No semestre, o número acumulou acréscimo de 0,4%. Em 12 meses, o resultado apontou para uma expansão de 6%. O varejo nacional perdeu para o local em todas as comparações, neste cenário, ao pontuar +11%, +1,4%, -4,3% e +1,1%, respectivamente.

Sinais de retomada

Em sua análise para o Jornal do Commercio, o supervisor de disseminação de informações do IBGE-AM, Adjalma Nogueira Jaques, avalia que, a despeito de ter sido um dos setores que mais sofreu com o fechamento das lojas durante a pandemia, o comércio varejista do Amazonas já dá sinais de retomada mais fortes dos que as demais atividades econômicas pesquisadas localmente pelo órgão.  

“Diria que foi um crescimento consistente para o Amazonas, porque o resultado prevaleceu tanto sobre o mês anterior, quanto na comparação com junho de 2019. Isso aproximou a atividade da recuperação total, que só vai acontecer quando o acumulado do ano se tornar positivo. Pelo que os números indicam, o comércio será a primeira atividade econômica do Estado a se recuperar no período pós-isolamento social”, asseverou

“Demanda reprimida”

Mais veemente, o presidente em exercício da Fecomércio-AM (Federação do Comércio de Bens e Serviços do Estado do Amazonas), Aderson Frota, assinala que os dados divulgados pelo IBGE “demonstram de forma auspiciosa” o “crescimento excepcional” e a retomada do comércio amazonense, justamente no mês que marcou a reabertura do setor, em um calendário organizado pelo governo estadual.

“Realmente, foi um momento muito tenso, porque o comércio passou mais de 100 dias fechado. Em torno de 94% das nossas lojas estavam assim. Só temos a agradecer ao governador, por ter ouvido nossos pleitos. Em junho, tivemos crescimento expressivo, demonstrando que a reabertura foi positiva. Essa retomada acontece apenas em função de uma demanda reprimida e talvez seja um momento para repensar. Mas, estamos atentos aos protocolos de saúde e otimistas em relação aos próximos meses”, afiançou.

Auxílio emergencial

Já o presidente da FCDL-AM (Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas do Amazonas), Ezra Azury, voltou a reforçar ao Jornal do Commercio sua preocupação em relação ao que percebe como uma aparente dependência excessiva do setor em relação à liquidez proporcionada pelo auxílio emergencial no Amazonas. Segundo o dirigente, os recursos chegam a R$ 650 milhões por mês, sendo direcionados a 1,1 milhão de beneficiários.

“É um dinheiro que entra todo o mês. Acaba que esse dinheiro circula no mercado, mesmo que alguns beneficiados já tenham voltado a suas atividades informais. Isso está acontecendo muito e as pessoas estão usando esses recursos para fazer reformas de casas, compras em supermercados e pagamentos de dívidas. A economia como um todo acaba aquecendo e isso é positivo. Vamos ver até onde vai essa venda, pelo menos no tempo que durar esse auxílio”, finalizou.

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio
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