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Zona Norte, para onde Manaus cresceu

O caminho em direção a zona Norte possui vários cenários, comércios de grande e médio porte, as novas vias, o trânsito intenso, casas reformadas e ainda as que mantêm o estilo original de 40 anos atrás, raras mas existentes. 

Com a segunda densidade populacional da cidade de Manaus, onde segundo o IBGE (2019), a estimativa é de 606.924 mil habitantes, a zona Norte é composta por dez bairros, que nasceram a partir da necessidade em atender o crescimento populacional não só originário da capital, com do interior do Estado, bem como de outras regiões do Brasil, e também de outros países, como recentemente, venezuelanos e haitianos. 

Ao longo dos anos, a zona Norte foi deixando de ser apenas um bairro domiciliar, o comércio de grandes, pequenos e médio porte, além de serviços diversos, como clínicas e escolas. 

O morador Rodrigo Ferraz, 32, eletricista do Distrito Industrial, morador do conjunto Manoa, conta que sai pouco do bairro, não por comodismo, mas pelo lugar ter todos os tipos de serviços que necessita. “Se eu quero pagar uma conta, tem loterias, bancos, se preciso comprar uma roupa ou ir a um shopping, escolho o qual quero ir aqui na zona Norte mesmo, é mais fácil, mais em conta. Saio para ir para o trabalho, e claro, me divertir também em outros lugares, mas com relação a serviço a região é muito bem servida”, afirma

Obras

A Cidade Nova, por exemplo, recebeu infraestrutura de vias ao longo dos anos, como no último ano, com a inauguração do polêmico Complexo Viário Professora Isabel Victoria, popularmente conhecido como viaduto do Manôa. A obra, inaugurada ainda em 2020, apresentou diversas falhas, que foram corrigidas pela atual administração do prefeito David Almeida. A obra era uma reivindicação antiga da população. “Apesar de ainda não ficar 100% a obra ajudou sim, agora os motoristas também têm que ter consciência de dirigir pensando em todos”. Afirma Odete Carvalho, 27 anos, que vive um vai e vem diário na região fazendo condução escolar.

Floresta e modernidade

Em meio ainda a uma vegetação de Floresta nativa, como a Reserva Adolpho Ducke na Cidade de Deus, o Parque Sumaúma na Cidade Nova, na zona Norte faz “fronteira” com a rodovia AM-010, região que a pouco menos de 30 anos ainda abrigava igarapés limpos que serviam de balneários para a população de Manaus. 

No entanto, a questão da degradação ambiental e ocupações irregulares ainda é um fator que preocupa, como alerta o professor Jorge Ricardo Palmeira Garcia. 

“Um impacto está sempre ligado a outro, como se fosse uma sequência de eventos sucessivos, na maioria das vezes estas áreas são de preservação permanentes, nascentes de rios que sofrem com contaminação e a degradação do solo, que fica mais desnudo e consequentemente sujeito a erosões”. O pesquisador afirma que estas são as consequências diretas em áreas ocupadas de maneira irregular, e ainda ressalta, “A fauna também é atingida, de ínicio elas migram, mas elas podem morrer por estes impactos, ou sofrer extinção local, um exemplo disto é o sauim de Manaus que hoje se resume a região da Ufam até próximo a Presidente Figueiredo”.

No entanto, por outro lado Jorge ressalta a preocupação do setor imobiliário na preservação ambiental quando lançam novos empreendimentos, “Hoje elas atendem a questão ambiental, preservando estas áreas, nascentes de rios, e procuram manter como um cinturão florestal remanescentes de matas primárias e secundárias, para manter a vegetação e fauna local presente”, finaliza.

Esportes

Campo da baixada Fluminense da Zona Norte – Foto: Divulgação
  • Baixada Fluminense, na Cidade Nova, se destaca por torneio de futebol

Há dez anos a Cidade Nova sedia o Campeonato Society da Baixada Fluminense, evento de futebol amador que recebe inscrições de times de toda Manaus. Atualmente são mais de 40 inscritos, contra apenas 6 do começo. “Quando abrimos as inscrições em uma semana a gente consegue completar”, afirma o organizador Paulo Harper Rodrigues.

Além do mais, o evento amador é o que mais premia no Estado. “Hoje a gente tem uma premiação de R$ 30 mil para o campeão e R$ 8 mil para o vice, fora brindes como sorteio de televisores para a torcida, melhor goleiro, artilheiro e outras premiações pontuais como atleta revelação e dirigentes”, conta Paulo. 

No entanto, ele destaca que o sucesso se deve também pela organização dos comunitários, “O torneio possui um software exclusivo chamado E-baixada, que controla toda  a competição. E a gente faz o cadastro biométrico de todos os atletas, temos mais de 2 mil cadastrados dentro da competição”. E completa, “Por exemplo, a gente adquiriu um placar eletrônico,que controla faltas, cronômetro que fica lá na mesa”, diz. 

O campeonato atrai patrocínios dos comerciantes locais, gerando emprego e renda para o bairro. No entanto, tem dificuldade para conseguir apoio em nível de governo municipal e estadual, “A gente espera que em algum ano o Estado ou a prefeitura coloque no seu calendário o campeonato da baixada”, finaliza Paulo.

Para 2022 a organização quer lançar seu próprio site e aplicativo.

Educação

Curso de brigadistas no Parque Sumaúma – Foto: Divulgação
  • Parque Sumaúma é  fundamental para ecossistema da zona Norte

No meio da zona Norte, está o Parque Estadual Sumaúma, criado em 2003 a unidade de conservação, tem histórico não só da proteção da fauna e flora local, como também abriga um campo de estudo vasto para os pesquisadores desenvolverem trabalhos, como o projeto sauim-de-coleira, da Universidade Federal do Amazonas.

Neste ano de 2021, a Unidade de Conservação promoveu o Curso de Formação de Brigadista Florestal, oferecido em parceria com o Bifma (Batalhão de Incêndio Florestal e Meio Ambiente), que possui sua base no Parque Sumaúma.

O curso foi realizado no período de uma semana do mês de setembro, na qual os inscritos participaram de atividades teóricas e práticas nas dependências do Parque, incluindo a retirada de resíduos sólidos de uma das trilhas existentes na unidade. Além do mais, o Parque Sumaúma recebe constantemente alunos de escolas municipais e estaduais, onde acontecem orientações de educação ambiental e sobre os cuidados com a fauna e flora local.

O Parque Sumaúma é administrado pela Sema (Secretaria de Estado do Meio Ambiente), está aberto de segunda à sexta, de 8h as 17h, a unidade tem o apoio e colaboração dos moradores que são determinantes para as tomadas de decisão da região.

Saúde

Elias Matos durante a palestra no SPA Danilo Corrêa – Foto: Divulgação
  • Palestra e cuidados com a saúde mental

A saúde mental da população se agravou no último ano, dados do IBGE mostram que 34% dos brasileiros receberam diagnóstico de depressão. A pandemia do novo coronavírus colaborou para este quadro, o risco de morte ou da perda do emprego, isolamento, e falta de perspectiva de futuro agravaram problemas como ansiedade e depressão. No entanto, em contrapartida, unidades de saúde começaram a atender a demanda destes pacientes, como é o caso do SPA e policlínica Danilo Correa na Cidade Nova que é uma das unidades de saúde do Estado com psicólogos, psiquiatras e assistentes sociais que podem, atender, identificar e tratar e encaminhar pacientes com problemas de ordem mental. 

Além disso, a unidade de saúde convida sempre um profissional para palestrar sobre o assunto de forma gratuita para a comunidade. Como em alusão ao Setembro Amarelo, onde o tema prevenção do suícidio fez parte da programação da Unidade. O psicanalista, teólogo e logoterapeuta Elias Moura foi o convidado. “Há dois anos fui convidado pelo Senac para palestrar sobre o combate ao suicídio em setembro. Surgiu então o projeto dessas palestras. Daí o convite para locais específicos para profissionais da área da saúde, igrejas, colégios”, conta. Os temas abordados foram, ansiedade, depressão e sentido da vida.

Neste mês de outubro a palestra de Elias Moura foi sobre, Mulheres com dependência emocional, com tema também voltado para aspectos psicológicos do público feminino.

Para a melhoria da saúde mental, Elias Moura dá algumas dicas importantes, “Praticar exercícios físicos, evitar o uso excessivo da internet, dormir bem, pensar no positivismo ajuda a espantar a escuridão que se aproxima, e não podemos descartar a religiosidade, ajuda muito”, diz o psicanalista, que ainda lembra, “Sempre procurar ajuda profissional, 

a ansiedade não é para lhe deixar confuso, mas para gerar recursos em tomada de decisão”, finaliza. 

Foto/Destaque: Divulgação
Reportagem de Sandro Abecassis

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
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