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ZFM, além do dever de casa

Wilson Périco(*) [email protected] 

Sobrevivemos à adversidade de 2020, fazendo com que o medo desse lugar à obstinação e ao protagonismo. Embora virtualmente, nunca estivemos tão próximos. E o que é melhor, descobrimos que muito teríamos avançado na desconstrução de nossos gargalos se assim tivéssemos agido na defesa intransigente de nossos direitos ao trabalho e contrapartida pública, tão desacatados ao longo das últimas décadas. Não choramos aqui nenhum leite derramado. Olhar para trás significa rever, reposicionar e fortalecer nossa caminhada. Temos muito o que avançar e muito a corrigir. Temos dito que os nossos adversários não moram todos em Brasília. E esse poderia ser o ponto de reflexão de uma nova partida. Vamos pensar juntos e por em pauta algumas razões.

Temos feito nossa parte nesse contexto de miserabilização dos segmentos historicamente despossuídos. Tivemos a capacidade de mobilizar esforços para distribuir alimentos, razão pela qual temos insistentemente destacado o arrojado espírito solidário de nossa Ação Social Integrada.

Entretanto, poderíamos ter reduzido drasticamente esse perfil histórico de pobreza se, além de repassar tantos fundos para o cidadão, através do Estado, recorrêssemos à justiça para que isso ocorresse como manda a Lei. Os indicadores da Indústria, publicados pelo CIEAM, revelam mais de R$ 16 bilhões de Fundos e Contribuições nos últimos 10 anos. Devemos trabalhar juntos com o Governo para que esses recursos cheguem aos destinos para os quais foram criados. Para onde foi tanto dinheiro e que legado foi deixado para as famílias?

Gritamos aos quatro ventos que conservamos a floresta em 98% de sua cobertura original mas esquecemos que o Código Florestal em vigor exige apenas 80% de conservação efetiva. Por que não promovemos o manejo florestal, por exemplo, que gera riquezas, empregos e fortalece o padrão de qualidade e robustez da floresta? Se somos os especialistas da sustentabilidade, pois a Lei nos obriga a não poluir a atmosfera nem os recursos hídricos, por que não avançamos na diversificação da matriz econômica? Em Rondônia, atacado por ter removido 17% de sua cobertura vegetal, hoje temos usina de energia solar, reposição florestal e uma combinação entre pecuária de leite e piscicultura. De lá vem o tambaqui que adoramos. 

Por que não entregamos os laboratórios do CBA – pagos com os recursos das empresas para as taxas da Suframa – para quem tem CNPJ e expertise na área como a Embrapa – uma empresa de classe mundial da qual nos orgulhamos –  para fazer Bioeconomia e outros avanços biotecnológicos? Só sabemos dizer assim seja na oração de nossos avanços frustrados? Essa modelagem rondoniense de acertos foi desenhada, planejada e executada com suporte da Embrapa. Nas áreas degradas, hoje se planta um café de classe.

Por que não recorremos à Lei para exigir nosso direito de sair do isolamento terrestre? Afinal, está mais do que provado que essa rodovia, a BR 319, não foi recuperada por motivos inconfessos. O trecho do meio foi até bombardeado para evitar a recuperação.  A estrada já gastou mais recursos em EIA/RIMA, estudos e relatórios de impacto ambiental, de que precisávamos. O montante desperdiçado, para alcançar um resultado negativo previamente determinado, daria para recuperar e manter a BR 319 por vários anos. Por que, por exemplo, também aceitamos passivamente essa imoralidade chamada interdição do Porto das Lajes, chamada de tombamento do Encontro das Águas, um projeto  que já estava liberado pelas autoridades ambientais e foi judicializado para atender interesses estranhos à economia produtiva e a cidadania frustrada? Que conformismo obtuso e danoso é este? 

Em 2020, fizemos o dever de uma casa atacada por pandemia que só terá alento com imunização  em massa da população. O setor produtivo, a propósito, já se dispôs a colaborar nessa missão. Sabemos resolver problemas, por isso é estranho concluir que não temos motivo para deitar as armas em tantas batalhas de questões antigas e vitais. Queremos deixar registrada a nossa gratidão a todos aqueles que, especialmente, nas conferências das entidades CIEAM, FIEAM, ELETROS e ABRACICLO, em 2020, souberam, de forma voluntária e construtiva, dar o melhor de si para resguardar a economia enquanto estivemos e estamos cuidando das pessoas. Agradecemos, particularmente, a nossa representação parlamentar e sua luta no zelo e guarda de nossa sobrevivência institucional até aqui. Aprendemos juntos a fazer mais com menos, e administrar a escassez das respostas que a adversidade tem exigido. Entretanto, os desafios são sempre muito maiores e vão mais além do que o cumprimento ocasional do dever da casa. 

(*) Wilson é economista, empresário e presidente do Centro da Indústria do Estado do Amazonas e coordenador da Convergência Empresarial da Zona Franca de Manaus.
Esta Coluna Follow-up é publicada às quartas, quintas e sextas-feiras, sob a responsabilidade do Centro da Indústria do Estado do Amazonas, com a coordenação editorial de Alfredo Lopes, consultor da entidade e editor- geral do portal Brasil Amazônia Agora.
Foto/Destaque: Divulgação

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