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ZFM: a agenda oculta da desindustrialização 

Como a pandemia pode acelerar a desindustrialização do Brasil

 É hora de construir, na diversificação, adensamento e regionalização dos polos industriais existentes na ZFM, os  parâmetros adicionais da prosperidade inteligente, sob o signo do carbono zero e do atendimento das demandas sociais . 
Por Alfredo Lopes (*)

Há uma operação federal em curso para fatiar (leia-se cortar em lâminas, irreversivelmente dispersas) a estrutura e o funcionamento do Polo Industrial de Manaus. A narrativa não é explícita, razão pela qual não comporta interlocução. E quando não há disposição ou interesse no diálogo, a estratégia natural e efetiva é obstruir a comunicação se ela precisa ser interativa. Quando não é interativa o que transparecer é pura imposição. As raras vezes em que ocorreu foi formal, cerimonialista e inconsequente. Nada do que foi anunciado e prometido foi cumprido. Restaram decretos frios, imperativos, confusos e impeditivos com o objetivo subliminar de paralisar planejamento, investimentos, enfim, o funcionamento desta economia de acertos chamada ZFM.

A ferramenta dominante é a estratégia das confusões permanentes. Não importa esclarecer, elucidar e dar um salto de qualidade na direção do alinhamento. Bobagem esperar, os sintomas da indiferença falam por si. Importa apenas fazer confusão para radicalizar a estratégia dos decretos aloprados que viram as costas para a Lei, a ordem e o interesse da coletividade.

Felizmente, já há a percepção na imprensa e redes sociais que a economia do Amazonas e da Zona Franca de Manaus, que alcança toda a Amazônia Ocidental, fazem bem ao país e que é uma das poucas cadeias produtivas e de valor que presta contas ao contribuinte e ao Fisco dos 7.9% que utiliza do bolo federal de incentivos fiscais. Depoimentos de extrema relevância se multiplicam país afora em favor deste conjunto de esforços bem sucedidos de redução das desigualdades regionais. Infelizmente, a onda predatória da desconstrução é mais efetiva na gestação do caos rumo à desindustrialização.

Outra estratégia destinada a fomentar confusão, ou seja, impedir a interlocução do entendimento e do esclarecimento de parte a parte, é a maledicência para colocar a opinião pública contra esta economia. “A ZFM é contra a redução de impostos”. Seria risível se não fosse indecente. A realidade é o contrário da difamação. As empresas estão aqui justamente porque precisam de uma economia com menor cangalha fiscal. Como suportar o custo Brasil?

São criativas as insinuações da intriga dominante, segundo as quais as empresas do Amazonas precisam de desmame, como se o maior beneficiário da ZFM não fosse a União Federal, para onde são canalizados mais de 70% da riqueza produzida pelo Polo Industrial de Manaus. Isso está no sítio da Receita. Quem é quem neste puerpério que dura 55 anos de amamentação federal chamado Polo Industrial de Manaus? Impossível ovular um novo tempo e germinar saídas enquanto o desmame da União não for contido. A ilusão do rei é, por decreto, transferir para o Sudeste a planta industrial da floresta.

O que pretende essa agenda do fatiamento destrutivo? As propostas já foram sutilmente postas à mesa: substituir os galpões das fábricas por call-center, como sugeriu um parlamentar da BBB. Ou fazer da floresta um grande pasto, como deixou escapar o dirigente de uma outrora e bem afamada instituição de pesquisa econômica. Por sorte, o Brasil já percebeu que queremos ser sobreviventes da economia do crime e não concordamos com extração mineral ou florestal ilegal. O bom senso já  associa ZFM à proteção florestal.

Por que os computadores do ME não sabem identificar os itens que são fabricados em Manaus, de acordo com o figurino federal dos PPBs, processos produtivos básicos? Sabem sim, com certeza. Entretanto, tudo indica que foram programados para complicar, com a diversificação de aplicativos para cumprir a estratégia das confusões permanentes. Pouco incomoda que a Humanidade se levante contra a aplicação dessa estratégia justamente na ZFM, uma economia que ajuda a Amazônia a guardar sua ecologia e sustentabilidade florestal.

Enquanto isso, o Congresso Americano, neste 4 de agosto, aprovou subsídios de U$280 bilhões para os fabricantes de chips dos Estados Unidos, com votos republicanos, dando ao presidente daquele país as condições para atender à produção industrial deste item que está parada no mundo inteiro com o encolhimento da cadeia asiática de suprimentos. Enquanto isso, o Congresso brasileiro faz de conta que não enxerga o que se passa na indústria de Manaus, último bastião de proteção do meio ambiente e de nossa gente.

Chega de acreditar nos gnomos da interlocução, destruídos por essa estratégia do conflito. Vamos buscar os instrumentos disponíveis para atender as demandas da ZFM. Temos robustas expertises no polo industrial – sua poderosa capacidade industrial instalada – para construir a partir dos insumos de sua biodiversidade uma nova ordem econômica – que não pode ficar à espera da adesão nacional. É hora de construir, na diversificação, adensamento e regionalização dos polos industriais existentes na ZFM, os parâmetros adicionais da prosperidade inteligente, sob o signo do carbono zero e do atendimento das demandas sociais . Nesta agenda da desindustrialização, onde não cabe interlocução construtiva ou colaborativa, não cabe mais nada, a não ser recorrer à Lei do país, à força de nossa união e habilidades em ajudar a Nação, em nome da moral e dos bons costumes da brasilidade.

(*) Alfredo é filósofo, escritor, consultor da indústria e editor do portal BrasilAmazoniaAgora.

Alfredo Lopes

Escritor, consultor do CIEAM e editor-geral do portal BrasilAmazoniaAgora
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