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Websérie mostra ciclos do cinema amazonense

Websérie mostra ciclos do cinema amazonense

Começam hoje, a partir das 11h, as exibições, no canal do site Cine Set, no YouTube, da websérie ‘Terceiro ciclo do cinema amazonense’. A Websérie terá sete vídeos publicados ao longo das próximas quartas-feiras e mostrará os três ciclos pelo qual passou, e vem passando, o cinema no Amazonas.

O primeiro ciclo aconteceu com o português Silvino Santos, pioneiro do cinema na Amazônia, entre as décadas de 1910 ao fim dos anos de 1920 com apoio do comendador J.G. Araújo. São conhecidos nove documentários filmados por Silvino entre 1912 e 1930. O cinema de Silvino Santos nasceu e morreu com ele, já que filmava, editava e revelava os trabalhos não repassando seus conhecimentos para outros. O segundo ciclo do cinema amazonense surgiu mais de 30 anos depois, com uma geração de jovens cineclubistas (José Gaspar, Márcio Souza, Joaquim Marinho, entre outros), que se reuniam, na segunda metade dos anos de 1960, para assistir a clássicos do cinema e filmes de arte, tendo inclusive organizado o 1º Festival Norte de Cinema Brasileiro, editado a Revista Cinéfilo e ensaiado a produção de alguns filmes. Esse ciclo acabou na década seguinte. Há 20 anos o Amazonas vive o terceiro ciclo cinematográfico.

“O audiovisual amazonense está em um processo de consolidação e obtendo conquistas vistas como impensáveis há 20 anos. Produtoras como Artrupe Produções, Rio Tarumã Filmes, Cambará Filmes, Fita Crepe Filmes, por exemplo, foram selecionadas em editais nacionais. Isso gera uma necessidade de profissionalização do setor e um número maior de profissionais capacitados para exercer as funções exigidas por aquele projeto”, revelou Caio Pimenta, editor-chefe do Cine Set e autor do projeto da websérie, contemplado no edital do Prêmio Feliciano Lana, através da Lei Aldir Blanc.

Caio Pimenta, editor-chefe do Cine Set

“A aprovação de 14 séries locais no edital das TVs públicas; e a seleção de quatro no Festival de Tiradentes 2020, feito inédito, são amostras deste processo”, completou.

Dinheiro público vs. empresários

Em outubro do ano passado o cinema produzido no Amazonas conseguiu um de seus maiores feitos quando o filme ‘O barco e o rio’, do cineasta Bernardo Ale Abinader, conquistou cinco Kikitos no Festival de Cinema de Gramado, o maior evento cinematográfico do país.

“Esta vitória simboliza a construção deste caminho trilhado desde 2001 com a abertura da Amazonas Film Commission. Acredito que não há um único caminho: o cinema local possui uma diversidade interessante com profissionais indo desde um caminho mais próximo do comercial com experiência dentro do cinema de gênero, a produções com tons mais engajados e políticas, até experimentais”, falou.

Mas se engana quem pensa que a vida do cineasta baré é fácil, vivendo de uma cena para outra com a câmera na mão e vibrando quando ganha um prêmio em algum festival, seja em Gramado ou numa cidadezinha desconhecida. O pessoal ‘rala’ para produzir filmes, dependendo quase que exclusivamente de dinheiro público. Se não tiver uma mãozinha da prefeitura, ou dos governos estadual e federal, o filme não chega ao ‘the end’.

“Falta ainda muito caminho para percorrermos, mas a principal falta é a de uma política pública para que os empresários do Polo Industrial de Manaus, e de um modo geral, possam conhecer as leis do setor e ver o nosso cinema como um investimento. Tivemos recentemente a Lei de Incentivo à Cultura em âmbito municipal e não se viu um trabalho incisivo junto à classe empresarial para que essa Lei se tornasse mais conhecida. Desta forma, coube aos próprios artistas fazerem esta etapa. Hoje temos vários cineastas que se destacam no Brasil e no exterior”, explicou.

Histórica descontinuidade 

Entre esses cineastas, Sérgio Andrade, diretor dos únicos três longas-metragens amazonenses: ‘A floresta de Jonathas’, ‘Antes o tempo não acabava’, e ‘A terra negra dos Kawá’, lançados em circuito nacional e premiados ao redor do planeta. Aldemar Matias, o que apresenta a filmografia mais consistente com filmes como ‘Parente’, e ‘O inimigo’. Aldemar foi selecionado para a Mostra Panorama do Festival de Berlim 2019 com ‘La Arrancada’. Bernardo Ale Abinader, de ‘O barco e o rio’; e Rafael Ramos, de ‘Manaus Hot City’, são diretores que tiveram grande destaque em 2020.

“Podemos destacar ainda profissionais das áreas técnicas como a diretora de fotografia Valentina Ricardo, o diretor de arte Francisco Ricardo e o Heverson Batista, responsável pelo som de muitas produções locais. Quanto aos intérpretes, destaco a Isabela Catão, atriz brilhante que estrelou ‘O barco e o rio’, entre vários outros”, listou.

‘O barco e o rio’ conquistou cinco Kikitos

Quem quiser saber tudo, ou quase tudo, sobre o cinema amazonense, basta assistir à websérie.

“Com a duração máxima estimada em dez minutos, em cada episódio, a websérie será focada no cinema do Estado a partir de 2001, ano da criação da Amazonas Film Commission e do Núcleo de Polo Digital, até os dias atuais. Pretendo abordar os filmes que tiveram mais êxitos em festivais nacionais e internacionais, os ciclos anteriores do cinema local, as características desta atual produção, os festivais e eventos, e a histórica tônica da descontinuidade da nossa produção”, finalizou.

Evaldo Ferreira

é repórter do Jornal do Commercio
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