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Visão feminina na arte poética amazonense

Visão feminina na arte poética amazonense

Dois livros de poesias, e várias poetas. ‘Antologia Faces e Fases’ e ‘Carrego meus furos comigo’ são uma viagem ao universo do pensamento e da inspiração feminino. ‘Antologia Faces e Fases’ será lançado hoje, enquanto ‘Carrego meus furos comigo’ ainda está quentinho, pois acaba de ser impresso.

“Essa antologia é composta por 20 poetas, sendo que 13 são convidadas. São amigas do grupo ‘Formas em Poemas’, que aceitaram participar desse projeto. A cada poeta foram reservadas 10 páginas, as quais elas utilizaram com poemas, contos ou crônicas”, explicou Franciná Lirá, fundadora do ‘Formas em Poemas’.

O grupo ‘Formas em Poemas’ foi fundado em 2010, idealizado por Franciná e inspirado na escritora Ana Peixoto, que faleceu recentemente. Teve seu primeiro sarau e exposição realizados no dia 30 de setembro daquele ano, no projeto Quinta Smithiana, do Clam (Clube Literário do Amazonas). Atualmente o grupo é composto por cinco poetas.

“Tivemos algumas perdas desejadas por Deus e outras que pediram afastamento por não conciliarem as atividades do grupo com a vida pessoal e profissional. Mas nós temos um grupo no WhatsApp chamado ‘Amigas do Formas em Poemas’, que é constituído por mulheres simpatizantes do nosso trabalho ou que já se envolveram diretamente com o grupo e não puderam mais acompanhar as atividades”, disse.

As integrantes do ‘Formas em Poemas’ sempre fazem saraus e exposições em março, no Dia Internacional da Mulher, e no aniversário do grupo, além de promoverem encontros em escolas ou instituições privadas, dentro e fora de Manaus. ‘Antologia Faces e Fases’ vem celebrar os dez anos do grupo que, ao longo desse tempo, semeou diversas formas de expressar a poesia e o amor pelas artes.

“O livro tem esse título porque queríamos mostrar as várias faces e fases das mulheres. Nós somos multi e gostaríamos de mostrar isso através de poemas e artes visuais. No início do ano conversei com a Laís Borges sobre o assunto e ela me falou que tinha vários desenhos sobre essa temática. Resolvemos fazer uma exposição, no Parque do Mindu, com esses trabalhos e com os poemas que as convidadas escreveram baseadas nos desenhos da Laís. Em seguida decidimos continuar com o projeto na forma de livro”, revelou.

Franciná já tem publicados ‘Rosa e o beija-flor’, ‘As dez poetisas’, ‘A imortalidade amazônica’, além de participações em antologias fora de Manaus, e um título na área da educação infantil.

Como ser poeta

“Qualquer pessoa pode ser poeta, desde que saiba organizar os pensamentos e as palavras. Muitas vezes as pessoas têm inspiração para escrever, mas não sabem como colocar no papel. Um pouco mais de leitura resolve isso. Alguém para orientar ou um bom livro que ensine como escrever, também é uma boa dica. A inspiração, creio eu, requer um pouco de atenção. Atenção no espaço, tempo, em si, no outro. A inspiração pode vir de qualquer lugar, desde que estejamos abertos para ela. Poeticamente falando, até a ausência de inspiração já é ela se manifestando, cabe a pessoa saber interpretá-la, e no caso, transformá-la em letras ou melodias”.

Violência contra a mulher

“O título ‘Carrego meus furos comigo’ vem de um verso de um dos poemas do livro. Ele resume seu tema, que fala sobre diversos tipos de violência, especialmente contra a mulher, seja física, psicológica ou simbólica. Assim, a noção de furo subdivide o livro em três blocos de três poemas, de maneira que ele abarca uma óbvia conotação sexual, mas também de agressão e de caminho de fuga para a construção de outra realidade”, falou Susy Freitas.

“A ideia é abordar como as mulheres carregam essa realidade consigo. Manaus, por exemplo, tem altos índices de feminicídio, e o medo de ser estuprada e assediada faz parte do cotidiano de toda mulher na cidade, já nem se pensa mais sobre como isso dita para onde vamos, como nos vestimos, com quem falamos. O livro traz à tona essa discussão”, revelou.

O livro de Susy foi selecionado nacionalmente pela Editora Urutau, de São Paulo, para ser publicado, entre mais de 300 originais recebidos de todas as partes do país.

“Creio que ajudou eu ter tido um poema selecionado pela Urutau, em março, para fazer parte de uma antologia organizada por eles, chamada ‘Quem dera o sangue fosse só o da menstruação’, que sairá ainda em 2020”, adiantou.

Susy já tem publicados ‘Véu sem voz’, pela editora mineira Bartlebee; ‘Alerta, selvagem’, pela editora paulista Patuá. Este livro ganhou o Prêmio Literário Cidade de Manaus, em 2018.

Como ser poeta

“Não conheço fórmula para se tornar poeta. Mas acredito que a leitura intensa é mandatória, pois você precisa conhecer o ofício ao qual quer se dedicar. Eu, pessoalmente, tento seguir a noção de ‘estranhamento’, encarando o trabalho do escritor como uma atividade que revela um ponto de vista original e inusitado sobre o mundo. Para mim, a inspiração vem desse valor, e por isso busco referências novas continuamente, dentro ou fora da literatura. Posso ler um livro da área de comunicação, na qual atuo, por exemplo, e ter um insight para escrever um poema. Qualquer coisa pode ser inspiradora se você lançar um olhar para além do óbvio”.

Serviço

O que: Lançamento do livro ‘Antologia Faces e Fases’, com 20 poetas

Onde: Praça da Literatura, entre as ruas 20 e 21, conjunto Castelo Branco – Parque Dez de Novembro

Quando: Dia 3, sábado, às 18h

Informações: 9 9233-8185

Evaldo Ferreira

é repórter do Jornal do Commercio
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