A violência de gênero tem atingido as mulheres ao longo da história. Trata-se daquela violência que faz da mulher vítima exatamente porque é mulher e pode ser de vários tipos. A mais óbvia é a física, como lesões corporais e feminicídio. A sexual também pode deixar vestígios, sendo o estupro o exemplo mais grave. Há também as violências psicológica, moral e patrimonial, sendo esta última a menos falada.
A violência patrimonial ocorre quando se nega à mulher acesso a bens e direitos que são dela, sejam exclusivos ou em comunhão. É uma forma de dominação em que o abusador subjuga a vítima, empurrando-a para dificuldades, reforçando a dependência dela em relação a ele. Ela se materializa através de várias ações. Por exemplo: apoderar-se do cartão bancário dela, vender bens comuns sem dar a parte que cabe a ela, contrair dívidas em nome dela, apropriar-se do imóvel que seria do casal e destruir celular, roupas ou outros objetos.
Pesquisa realizada no estado do Rio de Janeiro, tendo como base o ano de 2018, publicada no “Dossiê Mulher 2019”, apresenta os números apurados com relação a algumas dessas ocorrências. Na verdade, das que são reportadas, pois muitas vítimas acabam não procurando a polícia. Foram 2.743 mulheres vítimas de crime de dano, 2.223 tiveram seu domicílio violado e 364 tiveram algum documento suprimido, destruído ou ocultado. Quanto aos autores dessas infrações penais, o principal grupo, respondendo por 41,9%, era o dos companheiros (atuais e ex).
Outro tipo de violência financeira e que costuma se repetir com frequência é a negativa de alimentos para a ex-mulher ou para os filhos sob sua guarda.
Impedir que a mulher estude ou trabalhe é outra forma de subjugação patrimonial, pois é um obstáculo para que ela alcance autonomia financeira.
A violência patrimonial costuma ocorrer nas sombras, é praticamente invisível. É como um garrote que vai sendo gradativamente apertado no pescoço da vítima. Portanto, é essencial que a mulher exposta a essa situação consiga se dar conta do que está acontecendo e aja o quanto antes.
A independência financeira é caminho importante para a redução das violências às quais está exposta. Quanto mais independente for a mulher, menor o controle dele sobre ela. Logo, maior o controle dela sobre sua própria vida.
Estejamos sempre atentos à violência, inclusive para suas formas mais sutis, como tantas vezes é o caso da opressão financeira. Ao percebê-la, a vítima deve buscar ajuda imediatamente, pondo fim ao abuso e evitando sua repetição.
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