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Vendas no comércio retrocedem em junho, aponta IBGE

O varejo do Amazonas sofreu um baque nas vendas de junho, interrompendo uma sequência de quatro meses seguidos de alta. O recuo veio em sintonia com a entrada em um mês tradicionalmente menos forte do que maio – marcado pelo Dia das Mães. Mas, o desempenho ficou devendo também em relação à fraca base de comparação de junho, quando parte das lojas ainda estava fechada pelas medidas de isolamento social da primeira onda. E foi pior para segmentos dependentes de crédito, como material de construção e veículos. É o que revela a pesquisa mensal do IBGE para o setor, divulgada nesta quarta (11).

O comércio varejista amazonense recuou 0,4%, na variação mensal de junho, após as elevações sucessivas de maio, abril, março e fevereiro. Em relação ao resultado de junho do ano passado – período de início do processo de reabertura das lojas, após o fechamento compulsório pela primeira onda –, o comércio local sofreu decréscimo de 4,5% no volume de vendas. O acumulado do ano seguiu no campo positivo (+7,4%), sendo amparado pelo aglutinado de 12 meses (+11%). O Estado só ficou atrás da média nacional (-1,7%, +6,3%, +6,7% e +5,9%) na variação anual.

Com o decréscimo no volume de vendas na variação mensal, o Estado caiu do oitavo para o 13º lugar do ranking brasileiro. Ceará (+2,6%), Espírito Santo (+2,2%) e Pará (+1,8%) tiveram os melhores números, enquanto Amapá (-16,7%), Rio Grande do Sul (-6,1%) e Mato Grosso do Sul (-4%) foram na direção contrária. No acumulado do ano, contudo, o Estado subiu da 15ª para a 13ª posição, em uma lista liderada por Amapá (+33,5%), Piauí (+22,4%) e Rondônia (+20,8%), e encerrada por Tocantins (-10,4%), Mato Grosso, Distrito Federal (ambos com -1,5%) e Paraná (+1,5%). 

A receita nominal do setor – que não considera a inflação do período – apresentou resultados melhores em todas as comparações. A expansão ante maio foi de 0,7%, ficando abaixo da sondagem anterior (+4,9%). No confronto com junho de 2020, o varejo do Amazonas cresceu 11,3%. O saldo do semestre, neste cenário, seguiu no azul (+20,4%), assim como o do acumulado dos 12 meses (+20,8%). As respectivas médias nacionais foram +1,5%, +20,2%, +18,4% e +14,7%.

Mesmo com a variação mensal positiva na receita nominal, o Amazonas acabou retrocedendo da sétima para a 14ª posição. Ceará (+3,1%), Piauí (+2,7%) e Pará (+2,6%) alcançaram os melhores números, ao passo que Amapá (-14,7%), Rio Grande do Sul (-2,5%) e Bahia (+2,2%) tiveram os piores dados. Em seis meses, o Estado subiu da 14ª para a 12ª colocação. Amapá (+44,8%), Piauí (+34%) e Pará (+28,8%) dividiram o pódio. Em contraste, Tocantins (-4%), Distrito Federal (+8,8%) e Mato Grosso (+9,8%) figuraram no rodapé de uma lista com novamente apenas um dado negativo. 

Veículos e construção

O IBGE não segmenta o desempenho do varejo no Amazonas. Na média nacional, cinco das oito atividades investigadas pela pesquisa recuaram na passagem de maio para junho, especialmente vestuário e calçados (-3,6%), artigos de uso pessoal e doméstico (-2,6%), combustíveis e lubrificantes (-1,2%), e hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (-0,5). Em contraste, livros, jornais, revistas e papelaria (+5%), móveis e eletrodomésticos (+1,6%) e artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos (+0,4%) avançaram.

Mas, sabe-se que o varejo ampliado amazonense – que inclui veículos e suas partes e peças, bem como material de construção – teve resultados abaixo da média do setor apenas na variação mensal. O volume de vendas caiu 0,9%, no confronto com maio de 2021, e encolheu 1% sobre junho do ano passado. A atividade, entretanto, subiu 11,5% no semestre e 14,7%, no aglutinado dos 12 meses. Em todo o país, o setor pontuou -2,3%, +11,5%, +12,3% e +7,9%, respectivamente.

Já a receita nominal do varejo ampliado do Amazonas subiu 0,4%, na comparação de maio com junho deste ano, além de escalar 14%, na variação anual. Os resultados do caixa em valores correntes avançaram 24,8% no acumulado dos seis meses iniciais de 2021 e foram positivos em 24,4%, no aglutinados dos 12 meses. Na média brasileira os números foram -1,3%, +26,4%, +25% e +17,2%, na ordem. 

Desemprego e inflação

Diante do retrocesso de vendas registrado pelo varejo amazonense, entre maio e junho, o supervisor de disseminação de informações do IBGE-AM, Adjalma Nogueira Jaques, lembra que tradicionalmente maio é o segundo mês de maior movimento no comércio, o que justificaria a queda apresentada, “de certa forma”. O pesquisador acrescenta, no entanto, que a comparação com junho de 2020, apresenta uma queda ainda maior. 

“Isso demonstra que as vendas de junho caíram de fato, independentemente da comparação. As vendas do varejo ampliado, que compreende o comércio normal mais as vendas de veículos, peças e materiais de construção também apresentou resultados negativos. Mas, a média móvel trimestral continuou positiva em 1,4%, o que ainda permite otimismo para os próximos meses. Sem esquecer que o aumento da inflação e a taxa de desocupação estão em alta, representando menos dinheiro na mão do consumidor”, ponderou.

Em texto veiculado pelo portal Agência de Notícias IBGE, o gerente da pesquisa, Cristiano Santos, observa que há atividades do comércio varejista brasileiro caindo com mais força neste mês, porque as mesmas tiveram “uma certa recuperação” em abril e maio, elevando a base de comparação. “Esse foi o caso de tecidos, vestuário e calçados, que ainda não teve recuperação frente ao patamar de fevereiro do ano passado”, assinalou.

Demanda reprimida

O presidente da ACA (Associação Comercial do Estado do Amazonas), Jorge de Souza Lima concorda que junho tende a ser tradicionalmente mais fraco do que maio, em função da sazonalidade que contrapõe os resultados do Dia das Mães e do Dia dos Namorados, respectivamente. Mas, o dirigente se disse surpreso diante da revelação de que as vendas foram mais fracas do que as do mesmo mês do ano passado, apesar do fortalecimento da base de comparação pelo fator demanda reprimida.

“Quando o comércio começou a reabrir, em junho do ano passado, houve muita euforia dos consumidores e o auxílio emergencial com valor mais alto ajudou, apesar de nem todos os segmentos já estarem de portas abertas. Mas, não tenho a mínima ideia do que pode ter acontecido para esse resultado de junho. Todos os lojistas com quem falei, na época, estavam muito satisfeitos com seus resultados. Esperamos números melhores apenas a partir de outubro, que tem o Dia das Crianças”, concluiu. 

Foto/Destaque: Divulgação

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio
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