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Vendas do Dia dos Pais superam expectativas do varejo

Vendas do Dia dos Pais superam expectativas do varejo

As vendas do Dia dos Pais superaram a expectativa. O faturamento avançou 2,5%, na mesma medida registrada e 2019, muito antes da crise da covid-19. O resultado suplantou a projeção inicial dos lojistas, que era de crescer 2,1%. O ticket médio de R$ 100 foi 10% maior do que o previsto (R$ 90), dado que produtos de maior valor agregado, como smartphones, lideraram as vendas. Os dados são da CDL-Manaus (Câmara de Dirigentes Lojistas de Manaus).

Mas, lideranças do setor ouvidas pelo Jornal do Commercio expressam dúvidas se os resultados servem como termômetro para as próximas vendas – que já esfriaram nesta semana. Paira no ar a suspeita de que os números podem ter sido inflados pelo rescaldo de uma demanda reprimida. Outros avaliam que o movimento nas lojas está dependendo demais da injeção do auxílio emergencial. Como se não bastasse, os preparativos para a Semana do Brasil já encontram obstáculos.

“Superamos o alvo. O que nos chamou a atenção foi o crescimento das vendas de smartphones, tanto em número de unidades, quanto em nível de faturamento. Os supermercados também venderam muito. Outro segmento que se deu bem foi o de restaurantes: os que estavam abertos tinham movimento, mesmo com a pandemia e estavam lotados no domingo [9]. Mas o número de entregas em casa também foi grande”, destacou o presidente da CDL-Manaus, Ralph Assayag.   

O dirigente ressalta que os estabelecimentos que atenderam de forma presencial respeitaram a capacidade máximo de pessoas e medidas de distanciamento social, incluindo espaçamento de 1,5m entre pessoas e controle de aglomerações, entre outras medidas, além de ações para garantir a higiene pessoal de colaboradores e clientes, como uso de obrigatório de máscaras, disponibilização de álcool em gel 70%, desinfecção fora das lojas e sanitização de ambientes.

“Acreditamos que a vontade de conversar, de se reunir e estar com a família, fez as pessoas irem às ruas para comemorar o Dia dos País. Isso levou a um bom crescimento em relação à data e ao tipo de produto. Tivemos um número maior de pessoas comprando e esses valores também foram maiores do que estava programado. Alguns compraram parte com dinheiro – com aquilo que dava pelo bolso – e parte com cartão”, comemorou.

Segundo Ralph Assayag, as áreas que concentraram a maior parte das vendas foram os comércios de rua do Centro e dos bairros da cidade. Mesmo assim, prossegue o dirigente, os shoppings da capital amazonense apresentaram resultados significativos de vendas, embora “com muita desconfiança e controle”.

A despeito dos resultados expressivos registrados no domingo do Dia dos Pais, o presidente da CDL-Manaus, revela que o movimento no varejo despencou nos dias seguintes. “Podemos dizer que o setor teve um pico, mas as vendas de segunda, terça e quarta caíram muito de uma forma geral. Inclusive na área alimentícia também teve uma queda, porque cresceu muito no fim de semana. Estou esperando o resultado agora de quinta e sexta, para ver o que aconteceu”, informou.

Dependência e proibição

Já o presidente da FCDL-AM (Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas do Amazonas), Ezra Azury, lembra que a expectativa do setor já era positiva e que o resultado geral de 2,5% foi bem-vindo, mas salienta que o varejo local registrou alguns casos de crescimentos de até 30% e 40%. O dirigente, no entanto, não arrisca dizer que os resultados apontam para uma tendência.

“Não sabemos. Continuo dizendo que boa parte do aumento da demanda e aquecimento das vendas se deve à ajuda emergencial e a quantidade de dinheiro que está entrando. Enquanto houver, acredito que o comércio vai continuar cada vez mais forte. Cada mês em que entrar esse recurso será um mês a mais em que as pessoas continuarão consumindo” 

Outra preocupação do dirigente é a Semana do Brasil, data comemorativa criada pelo governo federal, no ano passado, para aliar o espírito patriótico da semana de 7 de Setembro com incentivos e descontos para pequenos, médios e grandes comerciantes. Segundo Azury, há um projeto nacional que envolve todas as Câmaras de Dirigentes Lojistas do Brasil para que seja feita uma semana forte de vendas e promoções. Mas, políticas estaduais contra a pandemia podem comprometer esse esforço.

“No Amazonas, temos um decreto que proíbe esse tipo de evento. Nos próximos dias, vamos conversar com a FVS-AM [Fundação de Vigilância em Saúde no Amazonas] e com o secretário de Planejamento [Jório Veiga] para tentar ver de que maneira conseguimos, com segurança, aderir a esse movimento nacional. Tudo para o Amazonas não ficar de fora de uma data importante para o comércio”, asseverou. 

Sem expectativas

Na mesma linha, o presidente da ACA (Associação Comercial do Amazonas), Jorge Lima, considera que o crescimento registrado pelo setor no Dia dos Pais “se consagrou” e ficou dentro da média, com predominância de vendas de calçados, vestuário e perfumes, além de restaurantes. O dirigente diz que o comércio varejista não tem grandes expectativas para a Semana do Brasil, pelo menos quando se compara ao movimento do Natal. 

“O Dia dos Pais é bem diferente do Dia das Mães. É mais comemorado com almoços e jantares e os presentes acabam ficando em segundo plano. Mas, qualquer dado positivo tem que ser comemorado. Com a pandemia, o que se esperava até algum tempo atrás era que os números não fossem nada bons. E foi surpreendente”, concluiu.

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio
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