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Vendas de veículos voltam a crescer no Amazonas

Vendas de veículos voltam a crescer no Amazonas

Após a derrapagem de outubro, as vendas de veículos automotores no Amazonas voltaram a andar para a frente, em novembro, mas não chegaram a engatar a segunda marcha, embora tenham superado a média nacional. As vendas passaram de 5.395 para 5.531, com alta de 2,52% – contra a retração de 5,38% anterior. O desempenho foi 8,18% melhor do que o de novembro de 2019 (5.113), mas ainda insuficiente para repor as perdas da crise da covid-19 e tirar o acumulado (45.657 unidades) do vermelho (-8,83%).

Os dados regionais foram disponibilizados pela Fenabrave (Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores), nesta sexta (4). As informações foram amparadas pelos emplacamentos do Renavam (Registro Nacional de Veículos Automotores), base de dados que leva em conta todos os tipos e veículos, incluindo automóveis convencionais, comerciais leves, caminhões, ônibus e motocicletas.

O desempenho do Estado veio na contramão do apresentado pela média do mercado brasileiro. As vendas nacionais subiram 0,45% na comparação de novembro (334.356) com outubro (332.874) deste ano. Em relação ao registro do mesmo mês de 2019 (345.351), a retração foi de 3,18%. Os 2.799.712 veículos emplacados entre janeiro e novembro, em todo o país, ainda representam queda de 23,62% sobre o mesmo aglutinado de 2019 (3.665.298).

Das sete categorias listadas pela Fenabrave, quatro registraram vendas maiores no Amazonas, na variação mensal – uma a mais do que no mês anterior. A maior alta proporcional veio do segmento de caminhões (+19,40% e 80 unidades), seguido por implementos rodoviários (+15,56% e 52), automóveis convencionais (+6,65% e 2.694) e motocicletas (+5,71% e 2.130). Em contrapartida, ônibus (-35,34% e 86), comerciais leves (-20,67% e 453) e “outros” (-5,26% e 36) – que incluem tratores e máquinas agrícolas.

Carros de passeio seguiram como a categoria mais vendida, no mês passado. Mas, assim como ocorrido em meses anteriores, diminuíram sua fatia no bolo. Desta vez, a redução foi de 47,30% para 43,22%, no confronto dos acumulados de 2020 e de 2019. Motocicletas comparecem novamente na segunda posição e, a despeito do decréscimo, seguiram na direção contrária e voltaram a elevar sua participação no bolo, de 36,60% para 39,42%, na mesma comparação.

Em depoimentos anteriores, o Sincodiv-AM (Sindicato dos Concessionários e Distribuidores de Veículos do Estado do Amazonas) reforçou que os números locais devem ser levados sempre sob a perspectiva do transit time (tempo de trânsito) entre o faturamento e o emplacamento, um hiato de tempo que pode durar 30 dias, em virtude da logística de translado do veículo entre a fábrica e o Estado. Empresários do segmento, no entanto, ressaltam que a demanda segue forte e o mercado só não está mais aquecido por falta de veículos para vendas. 

Pandemia e ágio

Após a retração na passagem de setembro para outubro pegar o segmento e vendas de automóveis no Amazonas desprevenido, os empresários já aguardavam um resultado mais tímido, na variação mensal de novembro. Mas, conforme o sócio e diretor administrativo da Daniel Veículos, Yuri Barbosa, a melhora dos números, apresentada no mês passado, surpreendeu. 

“O desempenho foi realmente acima do esperado para as categorias de médio e alto valor. Já os populares tiveram uma retração. Essa diferença ocorre porque há muita falta de veículos nas concessionárias de utilitários e um aumento expressivo nos automóveis de luxo, uma vez que seus preços são baseados em dólar. A nossa expectativa para dezembro é que esta alta nas vendas se mantenha, principalmente no setor de luxo e utilitários”, avaliou.

O empresário, no entanto, não descarta o impacto do desabastecimento nas concessionarias – e a consequente prática de ágio – no refluxo das vendas. Segundo Barbosa, é comum as revendas de seminovos e concessionárias praticarem preços acima da tabela Fipe, uma vez que, quando vendem, não conseguem repor mercadoria no pátio. “Carros novos estão sendo vendidos com ágio e com prazos de entrega muito extensos, o que aumenta a demanda por carros seminovos. Porém, as revendas de seminovos também estão sofrendo com a falta de carros no estoque”, completou. 

Crédito e disponibilidade

Na mesma linha, o presidente da Fenabrave, Alarico Assumpção Júnior, assinala, em matéria distribuída pela entidade e postada em seu site, que a trajetória de alta do mercado de veículos se manteve em novembro, embora este tendo um dia útil a menos do que outubro – 20 contra 21, respectivamente. “O crescimento fez com que o mês registrasse o melhor resultado de 2020, em volume de vendas, até o momento”, completou.

Em relação às vendas de automóveis e comerciais leves, o dirigente considera que, nos últimos meses, os clientes estão confiantes na tomada da decisão de compra, aproveitando o momento de crédito disponível e que, até os últimos dias de novembro, contou com a isenção do IOF. “Com relação ao atendimento da demanda, ainda observamos que a produção não retornou aos patamares de antes da pandemia, o que continua trazendo problemas na disponibilidade de alguns modelos, principalmente, por conta da falta de peças e componentes”, frisou.

O presidente da Fenabrave aponta que a pandemia gerou a consolidação do uso comercial da motocicleta no transporte de bens e mercadorias, assim como transporte individual, para evitar riscos de contágio, no transporte coletivo. Outro fator positivo é a oferta de crédito, que vem se mantendo em um bom nível (em média, quase 6 cadastros aprovados a cada 10 propostas apresentadas). A falta de peças ainda preocupa os fabricantes, mas as montadoras conseguiram reduzir o prazo médio de entrega, de 37 para 25 dias, entre outubro e novembro”, ponderou.

Apesar da melhora contínua nos resultados de emplacamentos, nos últimos sete meses do ano, a Fenabrave ainda não revisou as projeções para 2020. “Podemos sofrer impactos negativos nas vendas, em função do fim antecipado da alíquota zero de IOF. Estados, como São Paulo voltaram à fase amarela, o que reduz o volume de clientes atendidos em loja, assim como a carga horária de funcionamento das concessionárias”, encerrou. 

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio
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