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Vendas de veículos no Amazonas seguem caindo em julho

As vendas de veículos automotores do Amazonas derraparam, em julho. O desempenho seguiu em sintonia com a crise de abastecimento nas montadoras e concessionarias, especialmente de carros populares. Mas, o resultado local foi pior do que o da média nacional. No total, foram comercializadas 4.766 unidades, no mês passado, 1,47% a menos do que em junho de 2021 (4.837) e 1,79% abaixo de julho de 2020 (4.853) – mês em que o segmento já iniciava sua trajetória ascendente. Em sete meses, contudo, as vendas ainda seguem positivas em 21,30%, com 28.994 (2021) contra 23.903 (2020). 

Os dados regionais foram disponibilizados pelo portal da Fenabrave (Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores), nesta quarta (4). As informações foram amparadas pelos emplacamentos do Renavam (Registro Nacional de Veículos Automotores), base de dados que leva em conta todos os tipos e veículos, incluindo automóveis convencionais, comerciais leves, caminhões, ônibus e motocicletas.

Diferente do ocorrido no mês passado, o desempenho do Estado veio pior do que o apresentado pela média do mercado brasileiro, no mesmo período. De acordo com a base de dados da Fenabrave, as vendas nacionais ficaram praticamente estáveis (-0,02%), na comparação de julho de 2021 (309.494) com o mês anterior (309.544). Em relação aos resultados globais de 12 meses atrás (279.064), entretanto, houve elevação de 10,90%. O acumulado do ano ainda chegou a 33,74% com 2.012.330 (2021) contra 1.504.606 (2020) veículos.

Quatro das sete categorias listadas pela Fenabrave retrocederam na variação mensal. O pior resultado proporcional veio dos ônibus, cujas vendas encolheram 51,22%, com 40 unidades vendidas, seguido de longe por “outros”– que incluem tratores e máquinas agrícolas (-12,86% e 61). Na sequência estão os automóveis (-5,49% e 1.429) e as motocicletas (-0,84% e 2.375). Em contraste, caminhões (+21,43% e 119) comerciais leves (+9,35% e 678) e implementos rodoviários (+6,67% e 64) percorreram trajetória positiva.

Carros convencionais seguiram como a categoria mais vendida, em julho. Mas, em paralelo com a desaceleração mensal, reduziam sua participação no bolo de vendas do Estado, no confronto dos acumulados de 2020 (40,64%) e de 2021 (37,16%). Motocicletas seguiram na segunda posição, mas avançaram na comparação dos dados de janeiro a julho deste ano (42,28%) com igual intervalo do exercício anterior (39,51%). 

Em matérias anteriores como a reportagem do Jornal do Commercio, o Sincodiv-AM (Sindicato dos Concessionários e Distribuidores de Veículos do Estado do Amazonas) reforçou que os números locais devem ser levados sempre sob a perspectiva do transit time (tempo de trânsito) entre faturamento e emplacamento, um hiato de tempo que pode durar 30 dias, em virtude da logística de translado do veículo entre a fábrica e o Estado.

Mercado gourmetizado

Procurado pela reportagem do Jornal do Commercio, o sócio diretor da Kodó Veiculos, Diogo Augusto Maia da Silva, disse que os números não são surpresa, diante da atual realidade de desabastecimento do mercado. Para o empresário, o cenário conseguiu ser ainda pior do que o do mês anterior, com a demanda aquecida, mas ainda represada pelo estrangulamento da oferta – especialmente nos segmentos de carros populares. 

“Está faltando carro na praça, pelo problema de escassez de partes e peças nas montadoras. No mercado, o que se diz é que, quando chega insumo nas indústrias, a preferência é para concluir a produção dos modelos mais caros, como as SUVs, que estão com demanda mais aquecida. O segmento de usados também está movimentado. Com isso, os automóveis populares acabam ficando nos pátios das fábricas e faltando nas concessionarias”, analisou, acrescentando que, apesar das dificuldades, as vendas da loja cresceram 10% na variação anual.  

Em paralelo com essa gourmetização do mercado – ainda acrescida de ágio –, a escalada dos juros e das restrições bancárias contribui ainda mais para deixar o consumidor de menos renda a pé. “Não faltam clientes, mas o banco está exigindo que a entrada seja de 20% a 30%, em média. O score é fundamental e pode até ajudar na flexibilização da exigência, mas tem que ter cadastro bom”, destacou, reforçando que não vê possibilidade de melhora no cenário, ainda neste ano. 

Escassez de produtos

Em comunicado à imprensa, a Fenabrave assinala que, o dado nacional que chama mais atenção no levantamento de julho deste ano é a queda de 7,3% no volume de automóveis emplacados, segmento que, conforme ranking histórico, registrou o pior mês de julho desde 2005. A explicação, conforme a entidade, é a escassez de produtos nas concessionárias, por conta das dificuldades que a indústria enfrenta para a obtenção de peças e componentes.

A Fenabrave ressalva, contudo, que apesar da retração nos licenciamentos de automóveis, os segmentos de caminhões, implementos rodoviários, motos e comerciais leves tiveram resultados positivos em julho, na média brasileira. Com isso, o segmento, como um todo, registrou alta de 10,9% em julho deste ano, sobre julho de 2020, e aumento de 33,74% no acumulado dos sete primeiros meses de 2021, em relação ao mesmo período de 2020.

“O número de emplacamentos, até agora, mostra que o setor, no geral, mantém sua trajetória de recuperação, com um volume total próximo ao que registramos nos últimos anos, antes da pandemia. E se a produção estivesse normalizada, principalmente, para automóveis, poderíamos ter um crescimento ainda maior do que o previsto para este ano”, encerrou o presidente da entidade, Alarico Assumpção Júnior, no mesmo texto.

Foto/Destaque: Divulgação

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio
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