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Venda de microsseguros empaca

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Três anos após regulamentação, microsseguro ainda não deslancha

Regulamentado em 2012 como uma grande aposta para o setor, os microsseguros, que têm como público-alvo consumidores de baixa renda, ainda não decolaram no Brasil. Além de esbarrar na falta de conhecimento das classes econômicas mais baixas sobre o produto, a modalidade enfrenta a resistência de grandes seguradoras que afirmam que precisam lidar com custos altos e dificuldades na distribuição do seguro.

Com mensalidades que, em média, custam de R$ 5 a R$ 15, muitas seguradoras afirmam que, com os custos de operação com os quais precisam arcar, não conseguem comercializar e distribuir o produto por preços tão baixos. “Existe a dificuldade de conseguir cumprir exigências regulatórias, desenvolver um produto barato e distribuí-lo e atingir um preço que realmente seja micro. É preciso atingir uma parcela grande da população para compensar, porque sem uma massa que seja capaz de cobrir os prejuízos, ele fica inviável”, afirma Mário Viola, professor da FGV (Fundação Getúlio Vargas).

A Porto Seguro, uma das maiores seguradoras do país, preferiu não aderir ao produto, pelo menos por enquanto. Segundo Luiz Pomarole, diretor-geral, a empresa está “em compasso de espera”. “Desde que o microsseguro começou, a âncora base para que ele deslanche são dois fatores: a redução de impostos, que precisa de participação do governo, e da tarifa bancária. Para um boleto bancário, por exemplo, as tarifas são mais de 20% do valor dele. Isso inviabiliza a comercialização. Em um boleto de R$ 10 do segurado, tenho que pagar 20% de custo da tarifa bancária”, explica.
Viola afirma que uma desoneração seria interessante para estimular a comercialização do produto –projetos de leis para incentivos fiscais para o setor já estão em tramitação. “Tem que ter uma desoneração do setor para cativar. Tem tanto incentivo para o setor automotivo, poderia diminuir as tributações. O produto tem prêmios baixos e tributos significativos, desonerando, você possibilita que mais gente adquira. Além disso, o microsseguro é importante para a proteção das classes mais baixas.”
Eugênio Velasques, presidente da Comissão de Microsseguros e Seguros Populares da CNseg e diretor da Bradesco Seguros, afirma que há uma mobilização a venda do produto por meios remotos, que incluem o uso de tecnologia –a Caixa Seguros, vende microsseguros pela internet desde 2014.
“Em um produto tradicional, 40% do valor dele é custo regulatório, administrativo e operacional. Com o uso de tecnologia, como vendas pela internet ou pelo celular, esse custo cai para 7%. Isso permite que você ofereça produtos mais baratos ou com mais coberturas”, afirma Velasques. Segundo Maria Augusta de Queiroz Alves, responsável pelo setor de microsseguros da Susep (Superintendência de Seguros Privados), a venda por meios remotos foi regulamentada em 2012 e foi o início para que o canal de distribuição fosse utilizado também para os produtos tradicionais, cuja regulamentação aconteceu em 2013.

“Em geral, a comercialização de seguros por canais remotos de seguro no país é pequena. Nos Estados Unidos pode chegar a 20% dos negócios. A questão é quebrar o paradigma e rever o modelo de negócio, mas acho que é um caminho sem volta já que o público que está chegando ao mercado são pessoas que usam cada vez mais canais como celular e internet e são de uma geração voltada para a tecnologia”, diz.

Maria Augusta afirma que a distribuição do produto tem crescido no país. “No início, menos de dez seguradoras se interessaram pelo produto”.

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
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