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Conheça as sedes históricas do JC em Manaus

Há 37 anos o Jornal do Commercio ocupa o mesmo prédio, no Japiim, desde que foi adquirido pelo empresário Guilherme Aluízio, em 1984. Mas antes disso, por quase 80 anos, o jornal mais antigo da Amazônia, em circulação, ocupou outros dois prédios, na avenida Eduardo Ribeiro e, com certeza, presenciou muitas histórias, já que a avenida era o principal centro de convergência da cidade desde a sua total conclusão, em 1902.

Quando o JC foi inaugurado, em 2 de janeiro de 1904, a Eduardo Ribeiro ainda era uma incipiente, porém, bonita avenida, idealizada pelo governador Eduardo Gonçalves Ribeiro (1892/1896) nos moldes das largas ‘rues’ parisienses. O governador não conseguiu vê-la pronta devido à complexidade das obras como o aterro do igarapé do Espírito Santo, que chegava até a altura da atual avenida Sete de Setembro, e o calçamento da via com paralelepípedos, mas teve tempo de iniciar seu embelezamento com a inauguração do Teatro Amazonas, em 1896, quando já não era mais o governador; do Palácio da Justiça, em 1900; e do que seria o futuro Palácio do Governo, no início da avenida, onde hoje se situa o IEA (Instituto de Educação do Amazonas).

Primeira sede foi localizada na avenida Eduardo Ribeiro

A partir de então a Eduardo Ribeiro começou a ser ocupada por belos e majestosos prédios residenciais e comerciais. Segundo o pesquisador Ed Lincon Barros, o JC, em seus primeiros dias, foi instalado no mesmo prédio onde funcionava a famosa Photographia Allemã, do alemão George Hübner, possivelmente ocupando o térreo. Recentemente funcionava no local uma Lojas Americanas (fechada), ao lado da Bemol. Ainda de acordo com Ed, o matutino permaneceu no prédio até 1912 porque em 1913 já aparece numa sede própria, onde hoje está localizada as lojas Renner.

Muitas histórias

Foto da sede do Jornal do Commercio em 1922

Uma foto de 1922 mostra a nova sede do JC. Nessa época o jornal já pertencia a Vicente Reis, que o adquirira a José Rocha dos Santos, falecido em 1909, apenas cinco anos após ter fundado o jornal. Interessante é que o prédio teria como vizinha a sede de O Jornal e Diário da Tarde, de Henrique Archer Pinto, onde hoje está o Banco Real, inaugurado em 1930. O historiador Mário Ypiranga Monteiro contou, certa feita, que Vicente e Henrique não se davam bem. 

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Nesta sede o Jornal do Commercio funcionou por mais de 20 anos até ser adquirido pelos Diários Associados, do empresário das comunicações Assis Chateaubriand, quando foi demolido e reconstruído bem maior e com dois andares, inclusive recebendo os estúdios da Rádio Baré, também adquirida pelo empresário.

Última sede da Avenida Eduardo Ribeiro

Nesse período os jornais impressos estavam no auge. Cada notícia nova que chegava era anunciada através de um sino e uma sirene, por cada um dos matutinos, e as manchetes escritas numa louza na frente do prédio, fazendo a população manauara correr ao local para ler e saber do que se tratava, aguardando o jornal ser colocado em circulação para saber os detalhes.

Em 1968 os Diários Associados, sem o poder de antes (Chateaubriand havia falecido naquele ano), começaram a vender os veículos de comunicação da empresa. A partir desse ano Ephaminondas Barahuna aparece como diretor-presidente do jornal, o transferindo, em 1980, para um pequeno prédio, no Japiim.

Ed lembrou que, em janeiro de 1977, poucos dias depois do 73º aniversário do JC, o segundo andar da edificação sofreu um incêndio e boa parte do arquivo foi destruído pelo fogo e pela água dos bombeiros. Em 1982 a estrutura foi totalmente demolida.

Em 1984, tanto o JC quanto a Rádio Baré também foram colocados à venda pelos Diários, e logo adquiridos por Guilherme Aluízio que, imediatamente, transferiu o jornal e a rádio para o prédio, no Japiim.

Jardim panc

“O prédio já existia quando o Guilherme Aluízio me contratou para ampliá-lo. Quem ficou responsável por essa ampliação foi o Felipe Barros, diretor do jornal. Hoje essa função não existe mais em nenhum jornal, ao menos aqui em Manaus”, falou Joaquim Gouveia, engenheiro civil proprietário da Gouveia Engenharia.

As obras de ampliação do novo prédio duraram cerca de seis meses e, assim como Chateaubriand, Guilherme Aluízio aumentou consideravelmente o tamanho do prédio com a diferença que não construiu para cima, mas para os lados.

“Pelos meus cálculos, ele dobrou o tamanho do prédio, que já estava ocupado desde 1980”, recordou.

Entre as várias salas construídas, Joaquim dedicou atenção especial à sala de Guilherme Aluízio.

Gabinete do presidente Guilherme Aluízio conta com um jardim interno/Crédito: Divulgação

“Eu idealizei um jardim por trás da mesa dele. O jardim era protegido por uma parede de vidro apenas para ser admirado. Se fosse hoje, eu teria sugerido a ele um jardim produtivo somente com panc, que eu tenho projetado em várias empresas”, contou.

Com o prédio pronto, Guilherme Aluízio investiu ainda mais no JC dotando a redação pioneiramente com computadores num processo totalmente diferente do atual. Os computadores das redações nada mais eram do que máquinas de datilografia modernizadas. O JC também foi o primeiro jornal de Manaus a vir com impressão colorida, em 1990.

Evaldo Ferreira

é repórter do Jornal do Commercio
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