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Variante pode atrapalhar retomada do turismo do Amazonas

O  anúncio de registro de casos da variante Delta, no Amazonas, pode representar ameaça para o trade turístico. Tida como mais contagiosa, a variante acende alerta dos representantes do setor que estimam um retardo sobre o momento de retomada num cenário em que já era visto como tendência de fôlego.

De acordo com Gloria Reynolds, vice-presidente de turismo receptivo da Abav-AM (Associação Brasileira de Agências de Viagens), o impacto é muito alto para todas áreas ligadas ao setor porque a resposta de recuperação que toda as atividades turísticas aguardavam devem ser frustradas e demorar muito mais tempo retomar por conta da nova variante. 

“Os nossos clientes do mercado nacional vem do trecho Sudeste, e com essa situação da nova variante o turismo todo está sendo afetado. Porque nós continuamos com muitas fronteiras fechadas do mercado internacional”, comenta ela, ao informar que a perda em cancelamento chega a 65% referentes aos meses de agosto, setembro e outubro. 

Segundo ela, o turismo receptivo está tendo muita perda em todas as áreas. “Não estão sendo confirmadas as reservas previstas para este período. O mês de agosto foi bem abaixo das nossas perspectivas. Isso tem prejudicado muito a nossa recuperação”.

Apesar de a nova variante acender um alerta, algumas agências de viagens não trabalham com cenário de dificuldade. Na empresa Rogetur, por exemplo, a procura por pacotes regionais e nacionais. “Estamos com uma procura bem grande por turistas que desejam vir fazer passeios aqui em Manaus. Até o momento, não registramos cancelamentos, inclusive estamos com roteiros fechados para o mês de novembro”, diz.

Ele valida a preocupação de alguns representantes do setor  com a variante Delta, ainda mais se surgir como empecilho para reação do mercado. “Não queremos passar por uma terceira, quarta onda. É ruim para todo mundo, desde a maior companhia até as agências que atuam nesse nicho. A gente já sofreu um impacto gigantesco desde que foi anunciado a pandemia quando paralisou tudo. Pode ter uma possibilidade, mas a gente prefere nem imaginar porque seria catastrófico na questão de impacto. A gente ainda nem se recuperou de um cenário ruim e vir uma nova variante é muito difícil para o mercado, principalmente em termos de sobrevivencia”. 

A empresária do setor e diretora de emissivo da Abav-AM, Cláudia Mendonça, deixa claro que a variante traz essa tensão em todos os segmentos. “O mundo inteiro teme a nova variante. Mas eu acho que não só o nosso segmento, mas todas pessoas tem que considerar que essa pandemia ainda não acabou e ter consciência em manter os protocolos sanitários para que o vírus não evolua”. 

De acordo com Cláudia, o mercado vem tendo uma resposta positiva nos últimos meses. Ela lembra que essa procura está concentrada nos destinos nacionais, que tem ajudado o mercado a se reerguer. “Mas essa nova variante traz um certo receio de atrapalhar o ritmo de retomada. O setor mal se recuperou e nos deparamos com mais essa preocupação”.  

Conforme Cláudia, o alívio é que os especialistas e as autoridades  já sabem como esse vírus se comporta e existem mais chances de salvar vidas. “A  vacinação está disponível. As pessoas precisam se vacinar, precisam ter essa consciência. Quando todos fizerem sua parte e agirem pensando no coletivo, nós vamos conseguir conviver com a pandemia e voltar aos poucos à normalidade E seguir a nossa vida de forma responsavel”.

Vacinação é a saída

Essa imunização mencionada pela empresária, é fundamental para ampliar o turismo nos estados brasileiros. É uma tendência que tem impulsionado cada vez mais o mercado para quem decide viajar. 

Dados da Braztoa (Associação Brasileira das Operadoras de Turismo) de julho, estão alinhados com esse avanço na vacinação. A flexibilização das medidas restritivas aliadas à vacinação, aos protocolos de segurança, à ampliação e resultados rápidos de testagem, são fortes indicadores na hora da escolha do destino.

“A evolução do Boletim Mensal Braztoa acompanha as mudanças do mercado. A cada mês, trabalhamos para obter dados inéditos e fundamentais para a tomada de decisão das operadoras e de toda a cadeia do Turismo, sempre trazendo uma linha do tempo comparativa e bem contextualizada dos fatos. Nosso objetivo de gerar inteligência de mercado a partir de informações das nossas associadas tem elevado o nível das nossas pautas, modelos de gestão e atuação, além de reforçar o papel fundamental das operadoras e dos consultores de viagem nesse momento de reconstrução do setor”, disse Roberto Haro Nedelciu, presidente da Braztoa.

Retomada é evidente

O estudo da entidade, destaca que 17% das operadoras chegaram ou ultrapassaram o patamar de vendas pré-pandemia (2019), e 58% ainda não atingiram metade do faturamento histórico. Entretanto, já é possível observar uma evolução neste quesito: em julho, houve um aumento de 10 pontos percentuais entre as empresas faturando de 51 a 75% da média histórica, e uma redução de 8% nas que faturaram até 25%, ambas em comparação com junho deste ano.

Ao comparar o desempenho dos últimos dois meses com a média histórica, constatou-se que  julho foi melhor do que junho, sobretudo por conta da redução de 20% nas empresas que não tiveram embarques (caiu de 26% para 6%). Além disso, 82% dos embarques foram relativos a novas vendas realizadas (4% a mais que no mês anterior). 

88% dessas vendas foram para o mercado nacional e 12%, para o internacional. Atualmente, cerca de 42 países estão com restrições leves para receber brasileiros e, somado ao avanço da vacinação e à agilidade no resultado de testes para Covid-19, formam um conjunto de fatores que podem ter contribuído para o retorno das viagens internacionais, que ficou evidente não apenas pelo faturamento, mas também pelos embarques realizados, representando 10% do total. Apesar de estar abaixo da média histórica, esse indicador é um dos mais altos dos últimos 15 meses.

Foto/Destaque: Divulgação

Andréia Leite

é repórter do Jornal do Commercio
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