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Varejo no Amazonas mantém vies de alta em julho

Varejo no Amazonas mantém vies de alta em julho

Julho foi o mês da virada para o varejo do Amazonas. Após o mergulho de março e abril e os crescimentos vigorosos dos meses seguintes, o setor conseguiu fechar no azul no acumulado até julho, pela primeira vez desde o início da pandemia. A expansão em relação ao mesmo período de 2019 se manteve em dois dígitos, e segmentos dependentes de crédito, como material de construção e veículos, tiveram desempenho global ainda melhor. Os dados estão na pesquisa mensal do IBGE e foram divulgados nesta quinta (10). 

O varejo amazonense emendou o quarto mês seguido de alta e avançou 5,5% entre junho e julho, número mais modesto do que o anterior (+36%), registrado no período de reabertura das lojas de Manaus para vendas presenciais. Em relação ao mesmo mês de 2019, o volume de vendas escalou 19,7% – contra os 12,1% de junho. Pela primeira vez desde a eclosão da crise da covid-19, o comércio local fechou o acumulado do ano no azul (+2,5%), além de se manter positivo no aglutinado dos 12 últimos meses (+6,4%). 

O incremento mensal não impediu que o Estado caísse do segundo para o 13º lugar no ranking de desempenho de vendas das 27 unidades federativas do Brasil, embora tenha deixado para trás a média nacional (+5,2). Amapá (+34%) e Paraíba (-19,6%) lideraram uma lista o onde Tocantins (-5,6%) figura no rodapé. No acumulado, o Amazonas desponta na terceira posição, atrás de Santa Catarina, Pará (ambos com +3,4%) e Tocantins (+3,3%) e bem na frente da média brasileira (-1,8%). 

A receita nominal do setor – que não considera a inflação do período – avançou 5,6% na comparação com junho, ficando bem abaixo da marca da sondagem anterior (+33,1%). No confronto com julho de 2019, o varejo do Amazonas avançou 23,8% e o saldo também se manteve no azul nos acumulados dos sete meses (+8%) e de 12 meses (+11,1%). 

A despeito da variação mensal positiva, o Amazonas caiu da segunda para a 13ª colocação e ficou pouco aquém da média nacional (+5,7%). Paraíba (+18,3%) e Tocantins (-4,9%) situaram-se nos extremos da lista. No acumulado do ano, por outro lado, o Estado galgou para a segunda posição do ranking, superando de longe o número brasileiro (+1,4%) e só perdendo por pouco para o Pará (+8,3%). 

Veículos e construção

O volume de vendas do varejo ampliado do Amazonas – que inclui veículos e suas partes e peças, bem como material de construção – teve desempenho ainda melhor. O acréscimo no volume de vendas frente a junho de 2020 foi de 7%, e foi acompanhado pelo incremento de 21,5% no confronto com julho de 2019. O acumulado do ano, no entanto, pontuou estabilidade, embora o setor ainda tenha avançado 3,1%, no aglutinado 12 meses. As respectivas médias nacionais foram +7,2%, +1,6%, -6,2% e -1,9%.

Já a receita nominal do varejo ampliado subiu 7,3% em relação a junho deste ano e cresceu 24,7% ante julho de 2019. De janeiro a julho, o número teve acréscimo de 4,3%. Em 12 meses, o resultado apontou para uma expansão de 7%. O varejo nacional só ganhou do regional na variação mensal e pontuou os respectivos resultados percentuais: +8,4%, +4,9%, -3,1% e +0,7%.

“Espaço para crescer”

Em sua análise para o Jornal do Commercio, o supervisor de disseminação de informações do IBGE-AM, Adjalma Nogueira Jaques, reforça que o principal destaque da pesquisa do comércio do Amazonas para julho é o fato de a atividade ter, finalmente, saído do desempenho negativo no ano e recuperado as perdas de vendas dos meses mais duros da crise da covid-19. 

“Há também o bom desempenho da receita nominal e o comércio ampliado traz a informação de que as vendas de automóveis, peças e material de construção tiveram boa performance no mês. Ao analisar o desempenho da média móvel trimestral, vemos que ainda há espaço para que, nos próximos cinco meses que ainda restam no ano, o comércio amazonense alcance melhores números ainda”, afiançou.

Euforia e desabastecimento

Mais veemente, o presidente da ACA (Associação Comercial do Amazonas), Jorge Lima, diz que as vendas estão “muito boas” no comércio local, com destaques para vestuário e bens de informática – especialmente smart phones. Segundo o dirigente, os lojistas estão otimistas em relação aos próximos meses, embora a pandemia ainda tenha deixado sequelas. 

“As coisas só não estão melhores por falta de produto. Todos os comerciantes estão se queixando de estoque baixo. Quando as indústrias voltaram a funcionar, ninguém esperava que fosse essa demanda toda. O povo está todo eufórico para comprar. Mas, as perspectivas são boas até dezembro, embora ninguém saiba como vai ser de janeiro em diante”, ponderou. 

Auxilio emergencial

Na mesma linha, o presidente da FCDL-AM (Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas do Amazonas), Ezra Azury, diz que o crescimento registrado a partir de junho surpreendeu o setor, mas ressalva que boa parte do desempenho local do setor se deve à injeção mensal de R$ 700 milhões para 1,1 milhão de beneficiados no Estado. “Muitas pessoas até já haviam retornado a sua atividade informal e empregaram esse recurso como dinheiro extra, fomentando a economia”, avaliou.

O dirigente considera, por outro lado, que o subsetor de confecções não está indo tão bem em baixa, sendo afetado também pelas dificuldades de reposição de estoques. “As fábricas do Sul e Sudeste do país estão sofrendo desabastecimento de fios e tecidos, devido ao aumento do dólar. Por isso, mesmo com as vendas não tão boas, o segmento pode ficar sem produto no período das festas de fim de ano, quando o consumo aquece mais”, alertou.

“Situação atípica”

Em sintonia, o presidente em exercício da Fecomércio-AM (Federação do Comércio de Bens e Serviços do Estado do Amazonas), Aderson Frota, assinala que o comércio tem surpreendido no volume de vendas, mas encontra-se em uma “situação atípica”, em virtude dos mesmos problemas conjunturais. No entendimento do dirigente, está havendo uma recuperação econômica, mas ela depende de vários fatores para se sustentar.

“Houve crescimento, apesar da pandemia. Eletroeletrônicos, entre outros, vêm aumentando as vendas, mas vestuário e calçados perderam, porque estavam de portas fechadas no Dia das Mães. Embora o desempenho global tenha sido positivo, outros segmentos cresceram bem menos, como o de alimentos, produtos farmacêuticos. E a escalada do dólar e a falta insumos deixaram a indústria, que está abarrotada de pedidos, desabastecida. E há o inconveniente da falta de caminhões, navios e contêineres. Isso tudo vai repercutir negativamente nos números do setor”, encerrou.

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio
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