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Varejo do Amazonas descarta restrições por temor da terceira onda

O alerta emitido pela FVS-AM (Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas), nesta sexta (20), em função da alta nos registros de covid-19, acendeu um sinal amarelo nos setores de comércio e serviços. Isso porque, em uma possível mudança da atual fase laranja (risco médio) para a vermelha (risco elevado), pela evolução de internações e mortes, as medidas restritivas podem ser restabelecidas. Lideranças empresariais ouvidas pela reportagem do Jornal do Commercio, no entanto, afastam o risco de um novo ciclo de fechamento de lojas – pelo menos no curto prazo.

Análise comparativa realizada pelo órgão, entre 28 de abril e 17 de maio, mostra que a avaliação de risco passou de 16 para 19 pontos. O aumento da avaliação de risco também reflete indicadores como ocupação de leitos clínicos e de UTI na rede de saúde, incluindo leitos gerais e exclusivos para covid-19, que mostra tendência de crescimento. O Estado segue dentro da fase laranja (risco moderado), mas a FVS-AM reforça que a alta é um alerta para que a população mantenha medidas, como o distanciamento, uso de máscaras e higienização das mãos, no intuito evitar retrocesso à fase vermelha.

Em seu boletim diário desta segunda, a FVS-AM contabilizou 358 novos casos de Covid-19, totalizando 382.845 casos da doença no Estado. Há 376 pacientes internados em Manaus, sendo 189 em leitos, 184 em UTI e três em sala vermelha. Há ainda outras 42 pessoas internadas na capital que aguardam a confirmação do diagnóstico. No interior, 114 pacientes com a doença estão internados na rede pública de saúde – 18 em UCI (Unidade de Cuidados Intensivos) e 96 em leitos clínicos. 

O boletim acrescenta ainda que 41.656 pessoas com diagnóstico de Covid-19 estão sendo acompanhadas pelas secretarias municipais de saúde, o que corresponde a 10,88% dos casos confirmados ativos. Foram confirmadas cinco mortes por covid-19 – duas delas ocorridas no domingo (23) – elevando para 12.925 o total de mortes.  

Menor oferta

O presidente em exercício da Fecomercio-AM (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado do Amazonas), Aderson Frota, diz não ver riscos de terceira onda, nem da volta das restrições ao atendimento no varejo já que a maior parte dos “pressupostos” que geravam aglomerações e levaram à segunda onda – eleições, festas clandestinas de fim de ano, etc – não está mais presente no horizonte do setor. Outro fator positivo a afastar riscos nesse sentido, conforme o dirigente, é a mudança de clima, que chega junto com a sazonalidade mais favorável para o setor. 

“O Sul e o Sudeste estão com níveis mais elevados de contaminações e têm todos os motivos para se preocupar, já que o inverno está chegando por lá. Mas, no nosso caso, é o contrário, porque estamos entrando em um período de verão. A única preocupação é com essa cepa da Índia. Somadas a primeira e a segunda ondas, ficamos seis meses de portas fechada, entre março de 2020 e o mesmo mês de 2021. Se essa terceira onda vier, coisa que não acredito, não vamos querer que o comércio volte a ser apontado como vilão da pandemia”, asseverou.

Embora não arrisque projetar uma nova flexibilização nas normas e horários para o atendimento presencial nos setores, Aderson Frota avalia que o Comitê Estadual de Enfrentamento da Covid-19  deve referendar a manutenção nos atuais parâmetros estabelecidos pelo atual decreto estadual para o funcionamento das atividades, cuja validade se encerra na próxima segunda (31). “Acho que o governo vai manter as coisas como estão. Na melhor das hipóteses, acho que deveria haver um mecanismo de repressão para punirem apenas quem está transgredindo as regras. O comércio, inclusive os supermercados, está cumprindo a risca todos os protocolos estabelecidos”, argumentou.

Foco na cheia

Já o presidente da ACA (Associação Comercial do Estado do Amazonas), Jorge de Souza Lima, observa que muitas pessoas que tenham se vacinado sintam-se mais seguras para sair de casa e participar de reuniões e eventos, elevando o risco de contaminações pelo vírus, na capital e no interior. O dirigente pondera, entretanto, que o movimento do comércio segue “devagar” e sem potencial para ser apontado como indutor de aglomerações humanas – especialmente no Centro.

“Você até vê pessoas circulando, mas poucos comprando. Mas, no Centro, o movimento está muito ruim. Se formos ver em termos de impacto para o comércio, a ‘terceira onda’ é a cheia. Quem está com água batendo na porta já perdeu metade das vendas. Além disso, o trânsito ficou muito bagunçado e tem motoristas de aplicativos que já nem vem mais deixar passageiros por lá”, destacou. 

Pelos mesmos motivos citados pelo presidente em exercício da Fecomércio, Jorge Lima também afasta o risco de terceira onda e de uma nova rodada de fechamento de lojas do varejo amazonense. “Ainda não fui chamado para nenhuma reunião, nesta semana. Na última conversa que tive com representantes do governo estadual, ficou acertado que veríamos o comportamento dos números, duas semanas após o Dia das Mães. Mas, estou otimista. Muita gente está vacinando e não vejo motivos para retrocessos”, finalizou.    

Foto/Destaque: Danilo Rodrigues

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio
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