Enquanto os institutos de pesquisa continuam apontando bom desempenho do varejo de materiais de construção no âmbito nacional, no Amazonas o segmento tem registrado baixa nas vendas nos primeiros meses do ano.
Conforme a última PMC (Pesquisa Mensal de Comércio) divulgada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o volume de vendas no Brasil, teve variação positiva de 0,2% em abril ante o mês anterior e de 9,5% em relação ao mesmo período do ano passado. No acumulado dos quatro primeiros meses, a variação foi de 12,5% e nos últimos 12 meses, 14,5%. Em março e fevereiro deste ano os percentuais também foram favoráveis na comparação com os meses anteriores (2,1% e 0,3%, respectivamente).
No Amazonas, a situação se mostrou inversa. As pesquisas mais recentes da Fecomércio/AM (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Amazonas) revelaram uma desaceleração no setor. Março registrou variação negativa de 3,98% e fevereiro fechou em baixa de 5,55%. O faturamento também foi negativo em março (-4,8%) e em fevereiro (-4,93%).
Para o presidente da ACA (Associação dos Comerciantes do Amazonas), Gaitano Antonaccio, a retração foi causada por um receio por parte dos próprios lojistas em fazer pedidos. O motivo da dúvida, segundo ele, teria sido em relação ao início das obras do governo, especialmente aos projetos para a Copa. “Os comerciantes ficaram sem saber se haveria ou não demanda e seguraram os pedidos, freando consequentemente o volume das vendas”, enfatizou.
Segundo o proprietário da JF materiais de construção, Jortenir Fernandes, desde o ano passado, os lojistas do segmento alimentam a expectativa de dobrar o volume de vendas em função da Copa e demais obras dos governos federal e estadual. “A troca de governo desacelerou o ritmo das obras. Muitas pararam e algumas ainda não tiveram início. Já as obras particulares só costumam movimentar o comércio a partir do segundo semestre, com a chegada do verão”, detalhou.
Fernandes ressaltou ainda que não se deve esquecer o ‘fator calendário’. “Quando o consumidor recebe seu 13º salário no final do ano, geralmente direciona uma parte para obras residenciais. Depois disso, nos primeiros meses do ano, os gastos com impostos e material escolar ganham prioridade”, disse.
Segundo semestre
Na opinião do presidente da Acomac (Associação dos Comerciantes de Material de Construção de Manaus), Ivan Benzecry, fatores sazonais, atraso nas obras e mesmo as medidas de restrição de crédito adotadas pelo Governo não irão frear as vendas. “Espera-se um crescimento entre 5% e 10% em relação a 2010”, apostou.
A gerente da JLN Materiais de Construção, Neide Lopes, aposta em alta de até 15%. “A retomada das obras e o fim do período chuvoso vão puxar as vendas a partir desse mês”, opinou.
Segundo Gaitano Antonaccio, os materiais de decoração para o setor de hotelaria e de acabamento em geral para casas e apartamentos deverão ser os produtos de maior saída.