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Uma leitura para quem quer ser escritor

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Cumprindo sua agenda de relançar livros que há tempos estavam com as edições esgotadas, a Editora Valer entrega para o público leitor nesta terça-feira, 08, às 19h, na Livraria Leitura, do Amazonas Shopping, mas um grande trabalho que não pode faltar na estante de quem aprecia boa leitura, e mais ainda para quem pretende ser escritor: ‘O texto nu’, de Zemaria Pinto, escritor, poeta e membro da Academia Amazonense de Letras.
“É um livro de fundamentos da Teoria da Literatura. Desde a definição de gêneros e estilos de época, até análise e interpretação de textos. Eu diria, em resumo: A teoria da  literatura, de Aristóteles a Umberto Eco”, explicou. 
De ‘bônus’, ‘O texto nu’ traz um exemplo de aplicação da teoria, com a análise de ‘Morte e vida Severina’, de João Cabral de Melo Neto, e também um exemplo de como se desenvolve uma teoria, a partir dos fundamentos: a ‘teoria da letra-poema’, que procura identificar o elemento poético nas letras de música popular.“Algo, aliás, cada vez mais difícil”, completou. Para Zemaria, apesar de livrarias estarem fechando no Brasil e no mundo, as pessoas estão lendo cada vez mais. “Estamos passando por uma fase de transformação, onde se questiona desde o suporte do livro de papel até a forma como as pessoas estão escrevendo. Isso é muito bom, porque a Literatura, que é o que interessa, está sempre em discussão, não importa o suporte físico. É paradoxal, quando livrarias como Cultura e Saraiva estão em dificuldades financeiras, que nunca se tenha vendido tanto livro, no mundo e, por reflexo, no Brasil, também”, indagou.
 
A importância do Google
Uma prova de que livros impressos continuam a vender vem do próprio ‘O texto nu’, em sua terceira edição, o livro mais vendido de Zemaria.
“Eu espero que seja o reconhecimento de que é um bom livro e também de que é útil. Esse livro nasceu da discussão entre eu, o Tenório Telles e o Antônio Paulo Graça, quanto à necessidade de um livro que abrangesse toda a ementa de Teoria da Literatura. O Tenório era o editor e o Paulo Graça iria escrevê-lo. Minha função seria dar picica”, brincou. “Infelizmente, o Paulo, que era o melhor preparado de nós, nos deixou precocemente. Durante muitos anos eu remoí aquele compromisso, até começar a dar-lhe forma, o que me custou cinco anos de trabalho. Mas tem valido a pena”, comemorou.
Zemaria pertence à geração de antes da internet, de 20 anos atrás, quando as pesquisas para trabalhos escolares e até da faculdade eram realizadas em livros, quando não, em enciclopédias. Por isso ele vê com bons olhos a facilidades das pesquisas nos dias de hoje.
“Você já parou para pensar na importância do Google para a formação dessa moçada? O Google é muito mais do que qualquer enciclopédia do nosso tempo. O que é necessário é filtrar o que se lê, não com censura, claro, mas com orientação. Porque há muita bobagem na internet. O filtro de conteúdos é fundamental para a orientar as escolhas de leituras”, ensinou.
‘O texto nu’ foi escrito visando a um público que está se iniciando na área, alunos do curso de letras, mas também candidatos a escritores. Isso não exclui os diletantes, que leem pelo prazer de ler, porque Zemaria procurou usar uma linguagem direta, dialogando com o leitor. “Se tem algo que me assusta é a chatice. Fujo dela”, concluiu.
 
Já nasceu clássico
“Quando abri o belo livro de Zemaria Pinto, ‘O texto nu’, logo pensei, pelo título: “trata-se de obra de poesia”. Pois ele é um poeta. E bom poeta. Mas qual surpresa foi a minha ao ver que abria um volume de… teoria literária. E ainda mais, um compêndio teórico prático, didático, claro, metódico, onde se explicam as diversas teorias literárias, no mais claro texto possível, o mais facilitado, e tudo muito bem escrito, no seu bom estilo, para o público em geral e para os alunos da graduação em letras.
O título não engana. Ali a teoria da literatura – como ele a chama – está nua. Desnudada, sem véu. Entramos ali num terreno complexo, variado, infinito, movediço, que é aquela disciplina plural, entre filosofia e ciência, vasta e renovável. E notável. E desafiadora.
Poucos são os bons manuais que sobreviveram, por isso mesmo. Porque as novas teorias sempre aparecem. Localizadas, nacionalizadas. Porque o teórico da literatura deve saber de tudo o muito necessário para dar conta de suas tantas faces daquele conjunto de saberes: a linguística, as estéticas, as filosofias, as diversas línguas, as diferentes literaturas nacionais etc. Zemaria Pinto expôs, no seu livro, as ideias claras e clássicas, as consagradas, as mais conhecidas, as mais gerais, de maneira direta, sem viés, sem polêmica. Basta dizer que não cita ninguém durante o texto, só na bibliografia, onde nos orgulhamos de estar, com dois títulos. Seu livro é daqueles que já nascem clássicos”. Rogel Samuel é poeta, escritor, webjornalista, doutor em Letras, professor aposentado da Universidade Federal do Rio de Janeiro
 

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
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