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Uma boa notícia para os hipertensos

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Uma boa notícia para os hipertensos: pesquisa que está sendo realizada no Laboratório de Farmacologia Experimental do ICB (Instituto de Ciências Biológicas) da Ufam demonstrou que o gengibre amargo tem efeito anti-hipertensivo. Não confundir o gengibre amargo (Zingiber zerumbet) com a nossa conhecida mangarataia (Zingiber officinale). Ambas as plantas são ‘parentes’ e originárias da Ásia, mais especificamente de regiões na Índia e na China. Devido ao clima tropical parecido com o nosso, se deram muito bem por aqui.

Apesar de a mangarataia ser indicada empiricamente no combate ao colesterol, não se tem comprovação científica sobre isso, porém, na gastronomia, seu caule subterrâneo (rizoma), confundido com a raiz da planta, tem sido utilizado com bastante sucesso, em pratos salgados ou doces, devido o sabor picante.

Já o gengibre amargo é capaz de reduzir a pressão arterial. O estudo realizado na Ufam, com ratos de laboratório, demonstrou que uma substância isolada do óleo essencial extraído do rizoma, tem efeito fitoterápico.

“Geralmente o gengibre amargo não é comercializado em feiras, como a mangarataia. Este material utilizado por nós nas pesquisas foi coletado em Iranduba, pelo professor doutor Carlos Cleomir, pesquisador do Inpa (Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia), que trabalha em parceria conosco”, falou José Wilson do Nascimento Corrêa, coordenador do projeto ‘Avaliação da atividade biológica de Zingiber Zerumbet (L.) Smith sobre o sistema cardiovascular e renal em ratos normotensos e hipertensos’. José Wilson é professor de farmacologia, na Ufam, e se dedica a pesquisar o gengibre amargo desde 2015.

O sesquiterpeno       

O processo de extração, purificação, isolamento e caracterização química do produto vegetal foi realizado em parceria com o Laboratório de Bioprospecção de Produtos Naturais do Inpa, sob orientação do prof. dr. Carlos Cleomir de Souza Pinheiro, com a colaboração da Faculdade de Ciências Farmacêuticas, da Ufam, Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade de São Paulo/Ribeirão Preto, Faculdade de Farmácia da Universidade Federal de Goiás e Instituto Leônidas e Maria Deane (Fiocruz-Amazônia).

Uma das descobertas da equipe do projeto é que o óleo essencial extraído dos rizomas do gengibre amargo provocou significativa redução na pressão arterial dos ratos hipertensos utilizados nas pesquisas, porém, os ratos normotensos, com pressão arterial normal, não tiveram alteração alguma em sua pressão, ou seja, os compostos do óleo só atuam onde há um problema.

Os estudos conseguiram isolar um composto majoritário presente no óleo, o sesquiterpeno e, a partir daí, explicar como ele atua na redução da pressão arterial.

Os sesquiterpenos estão presentes em diversos óleos essenciais, enquanto outros, mais complexos, são componentes ativos de algumas plantas medicinais.

“Queremos descobrir por que isso acontece. Uma pessoa que sofre de hipertensão não morre necessariamente só por esse problema, mas pelos outros que resultam dele como AVC, infarto, insuficiência cardíaca (aumento do coração), insuficiência ou paralisação renal, ou pode vir a ter angina (dor no peito) e alterações na visão, que podem levar à cegueira. Nosso objetivo é saber se a substância tem capacidade de reverter os danos causados pela hipertensão em órgãos alvos da doença, como os vasos sanguíneos, o coração, e os rins”, informou.

Os experimentos demonstraram que o sesquiterpeno atuou como vasodilatador sobre as aortas dos ratos pesquisados. Esse aumento do diâmetro do vaso reduziu a tensão provocada pela hipertensão na parede das artérias.

“Baseado nesses fatos podemos deduzir que o sesquiterpeno pode ser um vasodilatador de outras veias e artérias, o que resolveria outros problemas em nosso organismo, mas para isso precisamos realizar mais experimentos específicos”, adiantou.

A nova fase

José Wilson agora corre atrás de mais verba para continuar os experimentos. Essa fase do estudo teve o apoio da Fapeam (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas), amparada pelo Programa Universal Amazonas.

“Precisamos de mais uns dois anos de pesquisas para termos os resultados conclusivos”, avisou.

Mas o professor pesquisador já comemora os resultados promissores, que podem vir favorecer, futuramente, a utilização da substância por pacientes que sofram de doença cardiovascular, talvez como estratégia adicional para o tratamento da pressão arterial.

“Agora iremos analisar a toxidade da substância, a ocorrência de possíveis efeitos adversos sobre o organismo e, definir a dose ideal a ser utilizada em um possível medicamento para o tratamento em humanos. A nova fase dos estudos busca entender se o sesquiterpeno, ou mesmo o óleo essencial, ao atuarem diretamente sobre os órgãos, seriam capazes de protegê-los dos malefícios causados pela hipertensão”, reforçou.

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
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