Quem nunca comeu paçoca quando criança, que levante o braço. Pois é, mas paçoca não é apenas uma guloseima só para crianças. Trata-se de uma comida típica do Brasil, apreciada pelos antepassados indígenas, preparada com farinha e carne seca piladas até virarem quase um pó. Salga-se, ou adoça-se a gosto e pronto. Pode ser consumida.
Hoje apreciada em todo o Brasil, a fama da paçoca é mais forte no Nordeste. Dizem que o cangaceiro Lampião e seu bando andavam com os bornais cheios de paçoca. Quando enfrentavam fugas duradouras (e não raro isso acontecia) perseguidos pelas volantes, sem tempo para comer, saciavam a fome com a paçoca que carregavam nos bornais.
Do Nordeste para o Norte, a paçoca chegou através dos imigrantes que vieram tentar a vida longe de casa, desde o final do século 19, mas trouxeram junto velhos costumes, como o hábito de comer paçoca.
Em Roraima a paçoca de carne de sol faz parte da culinária em várias cidades do Estado, sendo encontrada comumente à venda até em pontos na beira da estrada.
O casal Luis Carlos, gaúcho de Tenente Portela, e Francisca Maria, cearense de Aracati, se conheceram e casaram em Boa Vista. Luis contou que, desde 1998, começou a fazer paçoca na capital roraimense, viu que havia uma boa demanda para o produto, e não mais parou… até os dias de hoje. Há oito anos eles estão em Manaus, com a cafeteria “Paçoca de Pilão do Gaúcho”, onde lançaram a iguaria, apresentada em quatro tipos: a tradicional com carne de sol, com jabá (que tem um diferencial no preparo e no sabor), de castanha de caju e de amendoim (estas duas últimas não levam farinha e são uma variação da tradicional).
Luis e Francisca eram tão conhecidos em Boa Vista que, em sua nova localização, próximo à barreira da BR 174, frequentemente recebem clientes de Manaus que os conhecem de lá, também pudera, eles fabricavam e vendiam suas paçocas, e ainda moravam, dentro de um ônibus, aliás, ainda moram. “Continuamos morando dentro do ônibus. A casa é utilizada para armazenar a matéria-prima para a confecção das paçocas e a máquina que as produz”, revelou.
Pilou, vira paçoca
Sobre a máquina, trata-se de um exemplar único, fabricada pelo pai de Luis, um marceneiro que quase não teve estudo. “Ele fez primeiro a menor, com seis pilões, que está aqui na frente, em exposição, depois fez a outra, com dez pilões, que ocupa boa parte do quarto. Ele desenhou e montou essas engenhocas da cabeça dele”, contou.
Feita toda em madeira de lei, a máquina de pilar paçoca funciona como se fossem dez pilões, socando a farinha e a carne de sol de uma só vez. “Tudo aqui estremece quando ela está funcionando”, completou Luis.
A “Paçoca de Pilão do Gaúcho” funciona diariamente, das 7h às 20h. “A paçoca de carne de sol é a mais demorada pra fazer. Leva de 10 a 15 dias para ficar pronta entre salgar, secar, tirar o sal, assar e socar. As outras são feitas mais rapidamente”. Luis Carlos explicou que, “em Manaus, as pessoas consomem farofa de carne de sol, nos cafés regionais, e pensam que nossa paçoca é a mesma coisa, mas não é, porque aqui ela é pilada junto com a farinha e tudo que é pilado vira paçoca”, ensinou.
No estabelecimento, as paçocas são servidas, impreterivelmente, acompanhadas com bananas, mais o café com leite. “Também servimos vários tipos de sucos de frutas naturais e refrigerantes. Existem clientes que gostam de comer a paçoca acompanhada com ovo frito, aí nós atendemos”, disse. Os preços das porções vão de R$ 8 a R$ 16.
Se as paçocas de carne de sol e jabá são salgadas, as de castanha de caju e de amendoim são adocicadas, sendo a segunda, típica de São Paulo e Goiás.
“Trata-se de um poderoso alimento. Um prato dessas paçocas, mais as bananas e o café com leite ou suco correspondem a uma bela refeição”, falou.
Luis e Francisca, com suas paçocas, podem ser encontrados, também, na Feira do Cassam, que acontece de 15 em 15 dias; e na Feira da Sepror, às quintas e sextas-feiras, das 16h às 13h.
Uma bela refeição com paçocas
Redação
Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
Compartilhe:
Qual sua opinião? Deixe seu comentário
Notícias Recentes
Seguro de acidentes de volta
24 de abril de 2024
Governo facilita crédito e renegocia dívidas de pequenos negócios
24 de abril de 2024
Entrada de turistas no Brasil foi recorde em março, diz Embratur
24 de abril de 2024
Sistema Fieam apresenta programas para soluções inovadoras nas indústrias do PIM
24 de abril de 2024
Farinha do Uarini, patrimônio do Amazonas
24 de abril de 2024
Amazonas de guarda alta para reforma
24 de abril de 2024