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Uma ação vale mais do que mil palavras

Arquivos particulares

As duas trabalham com produção de imagens, mas agora resolveram partir para outra ação: ajudar no combate ao coronavírus. Danielle Nazareno é fotógrafa e cineasta, enquanto Gisele Alfaia também é fotógrafa e artista plástica.

“Desde o começo da quarentena, em Manaus, eu venho acompanhando a situação evoluir para outros municípios, até ver que em São Gabriel da Cachoeira (com 30 casos confirmados de covid-19, no dia 6), onde moro há dez anos, a situação está ficando crítica”, contou Danielle.

“Em São Gabriel existem poucas lojas de tecidos e pra completar, são caros, então a ideia inicial foi enviar essa matéria-prima para lá, para que as costureiras fizessem as máscaras. Na semana passada consegui mandar seis metros de tecidos”, disse.

Através das redes sociais, mais pessoas se engajaram à ação de Danielle. Foi quando surgiu uma segunda idéia: mandar as máscaras já cortadas, para que as costureiras de lá fizessem apenas o acabamento e colocassem o elástico. Esta semana, mil máscaras cortadas foram enviadas para o distante município no alto rio Negro, cuja população passa de 40 mil pessoas.

“Estou morando em Manaus por conta de meus filhos, que estão estudando aqui, mas a minha base, o meu vínculo, é com São Gabriel. É minha segunda casa, onde moro há dez anos. É lá que tenho a minha produtora Cacuri Cultural, de onde partem todas as minhas iniciativas culturais”, lembrou.

Em Manaus, Danielle atua junto com algumas indígenas, que moram no Parque das Tribos, uma comunidade que reúne 600 famílias indígenas no Tarumã.

“Eu conheço a Gabi Baré, e ela me apresentou outras indígenas costureiras, então o trabalho ficou ainda mais fácil”, destacou.

Com a quantidade crescente de pessoas produzindo máscaras, seja para vender, ou doar, o preço do tecido, principalmente tricoline, o melhor para a produção das máscaras, disparou e o elástico começou a sumir das prateleiras.

“Estávamos sem elástico, tendo que improvisar com tiras de TNT para fazer a alça, quando a fotógrafa Ana Bandeira fez uma grande doação de elástico. É assim que as coisas vão indo, um ajuda daqui, outro dali, e as ações vão sendo realizadas”, comemorou.

Além de Ana Bandeira, outro fotógrafo que está junto com Danielle é Célio Said, mais os empresários Andréia Silva e Stanley Lima, sem falar das costureiras Natália Baré, Cláudia Baré, Shirley Baré, Ira Maraguá e Maira Bello Mura.

“Minha permanência em Manaus tem ajudado a expandir meu trabalho, formando parcerias, realizando outros projetos, vendo a produção de dois documentários, projetos futuros que irei realizar em São Gabriel, para onde pretendo voltar tão logo essa quarentena acabe, mas enquanto isso, vou continuar mandando ajuda daqui”, adiantou.

Pouco, mas muito importante

“Pertenço ao grupo de risco, mas não queria ficar apenas vendo a situação em que estamos, sem agir. Pensei no que poderia fazer para ser útil, algo em pequena escala, mas que pudesse ficar grande”, disse a fotógrafa e artista plástica Gisele Alfaia, especialista em produzir belas imagens da Amazônia.

Conversando com seus colaboradores, o casal Wal e Marcos Rodrigues, há anos trabalhando com a fotógrafa, eles deram a sugestão de fazer as máscaras, mas pagando costureiras para isso, pois eles conheciam algumas no bairro Santa Etelvina, onde moram, que estavam sem fonte de renda alguma por causa da quarentena.

Gisele acionou sua corrente de amigos e, de início, o gerente Emerson Zumaeta, da loja Planeta dos Tecidos, doou 1.500 metros de TNT para a causa. Wal e Rodrigues arregimentaram seis costureiras, Gisele acertou que cada uma ganharia R$ 1, por máscara, e começaram os trabalhos.

“E continuei pedindo doações, de tecidos, de elástico, e de dinheiro. Quanto ao dinheiro, pedi só para os amigos, para evitar comentários maldosos, qualquer quantia, para pagar as costureiras, e todos ajudaram”, comemorou.

Nunca tendo feito máscaras antes, as costureiras tiveram que correr contra o tempo e aperfeiçoá-las, após ouvir a opinião dos usuários.

“O tecido é o tricoline. Elas faziam uma máscara dupla, mas ficava difícil respirar, então elas aperfeiçoaram e agora estão perfeitas. Ninguém reclamou mais”, lembrou.

Em 20 dias as costureiras de Gisele aprontaram 1.000 máscaras que, além de terem ido servir de proteção para mil pessoas, fizeram circular mil reais na residência de seis famílias que não teriam outra forma de conseguir esse dinheiro, pouco, mas muito importante nessa hora.

“As máscaras foram distribuídas para senhoras com leucemia, internadas no Hemoam; para grupos que ajudam moradores de rua; no hospital Platão Araújo, na Fundação Dr. Thomas, numa comunidade indígena no Tarumã, e alguns fotógrafos, que integram um grupo de fotógrafos ao qual eu pertenço e que estão nas ruas, trabalhando, também receberam máscaras”, listou.

“Espero que paremos logo de fazer estas máscaras, porque será sinal de que a pandemia terá passado, mas enquanto for necessário, estaremos aqui, realizando essa ação em prol do próximo”, garantiu.

Conheça os trabalhos de Danielle e Gisele

@danenazarenophotoarte

@giselealfaia  

Fonte: Evaldo Ferreira

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
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