Pesquisar
Close this search box.

Um profeta da ciência

O inglês Arthur Charles Clarke, cientista-escritor que misturava de forma harmônica conhecimento científico e imaginação poética, morreu aos 90 anos, na terça-feira da semana passada (18.03), em Colombo, capital do Sri Laka (antigo Ceilão), onde vivia desde 1956. Autor de quase 100 livros, entre os quais “2001: Uma Odisséia no Espaço” (o mais famoso, publicado em 1964), que originou o filme homônimo dirigido por Stanley Kubrick (1968). Ficou célebre por suas previsões. A ele é creditada a formulação, em 1945, do conceito de satélite de comunicação, décadas antes dele se tornar realidade. Com o feito, pode-se dizer que Clarke foi um profeta do maravilhoso mundo interconectado que desfrutamos.
Esse admirável mundo novo –a “aldeia global” de Marshall McLuhan– só se tornou possível graças aos satélites de comunicação colocados em órbitas geoestacionárias, conhecidas como “órbitas de Clarke”. Numa órbita geoestacionária, o satélite leva 24 horas para dar uma volta à Terra. Como o planeta realiza uma rotação completa em torno do seu eixo no mesmo tempo, o satélite fica aparentemente estacionário em relação à superfície terrestre.
Reconhecendo a importância de suas idéias, o governo dos EUA declarou, em 1969, após o homem pisar pela primeira em outro corpo celeste: “Arthur C. Clarke forneceu o impulso intelectual que levou o homem à Lua”. Suas previsões científicas começaram em 1958, dois anos após mudar-se para o Sri Lanka, quando o país ainda era conhecido como Ceilão. Com uma série de ensaios futurísticos publicados em diversas revistas, mais tarde reunidos no livro “Perfis do Futuro”, iniciou brilhante carreira de escritor. A obra trazia uma linha de tempo até o ano 2100, descrevendo idéias como a de uma “biblioteca global” em 2005. Em artigo publicado em 2001, fez a atualização de uma série de previsões científicas até 2100, advertindo: “Ninguém consegue ver o futuro. O que tento fazer é traçar futuros possíveis”.

Radar e satélites

Clarke serviu na Segunda Guerra Mundial, como oficial da Royal Air Force (RAF) de 1941 a 1946. Referindo-se a essa época, em outubro de 1979, em Genebra, durante a Telecom 79, deu entrevista ao jornalista Ethevaldo Siqueira, do “Estado de São Paulo”, em que declarou: “Nesse período dos grandes bombardeios de Londres, de julho a novembro de 1940, trabalhava nas pesquisas que levaram ao desenvolvimento e aprimoramento do primeiro radar inglês, a que demos o nome pouco secreto de ´direction finder´. E os alemães de fato jamais acreditaram que esse nome identificasse o radar, o aparelho que nos indicava direção e distância dos aviões ou de outros objetos móveis. No ano seguinte, instalamos diversos deles no litoral inglês do Canal da Mancha e aumentamos tremendamente a capacidade de defesa da Inglaterra, dando às baterias antiaéreas tempo e informação para alcançar e destruir o maior número de bombardeiros nazistas. Foi um grande trabalho dos meus colegas, engenheiros do velho British Post Office, com os quais eu colaborava. Para mim foram tempos extraordinários, em que nosso trabalho de pesquisa tinha grandeza muito maior, já que contribuímos para a defesa de nosso país, castigado por bombardeios devastadores”.
Sua experiência com o desenvolvimento do radar durante a permanência na RAF fez com que escrevesse um tratado técnico em 1945, publicado no periódico britânico “Wireless World”, sobre a possibilidade de utilização de satélites artificiais como estações retransmissoras para comunicações na Terra. A parte mais significativa do trabalho foi uma série de diagramas e equações demonstrando que “estações espaciais” estacionadas em uma órbita circular de cerca de 38.780 quilômetros sobre o Equador acompanhariam exatamente o período de rotação da Terra (24 horas). Em tal órbita, um satélite permaneceria sobre o mesmo ponto em relação ao planeta, transformando-se em um alvo “estacionário” para sinais transmitidos, que poderiam a seguir ser retransmitidos para vastos territórios da sup

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
Compartilhe:​

Qual sua opinião? Deixe seu comentário

Notícias Recentes

Pesquisar