Chegar até a área de embarque no Porto Privatizado de Manaus não é uma tarefa fácil, principalmente para pessoas idosas, portadoras de problemas de locomoção ou enfermas. Taxistas e carros particulares não têm permissão para transportar passageiros até o ponto de embarque, enquanto picapes e carros utilitários passeiam livremente pela área, segundo constatou a equipe do JC, após receber denúncia.
Quem sofreu com o problema define a situação como deprimente. No último dia 13, o ex-cônsul dos Estados Unidos no Amazonas, James Fish, foi até o Porto para buscar sua irmã, de 72 anos, com as duas pernas seriamente comprometidas. No local, foi informado de que não poderia entrar com o táxi nem mesmo até o salão de espera do Porto Privatizado e teria que caminhar até a rampa para buscar a sua irmã. Segundo o relato de Fish, depois de mais de uma hora do lado de fora do navio que a trouxe, ela foi obrigada a se arrastar pela rampa com o auxílio de uma bengala e apoio físico do marido. Depois de muita discussão, Fish conseguiu autorização para que um táxi fosse buscá-la na sala de espera. “Só conseguimos entrar por que o taxista era um policial militar e conversou com os guardas, se não minha irmã teria que andar todo este caminho”, declarou.
A reportagem do Jornal do Commercio repetiu o percurso descrito por Fish e no local, encontrou passageiros idosos arrastando bagagem rampa acima. Foi a caso da senhora Zuleide Rodrigues, oriunda do município de Manacapuru. Aos 65 anos, ela carregava a sua mala rampa acima, arfando. Perguntada sobre o cansaço de ter que caminhar mais de 300 metros até a saída do porto onde conseguiria um táxi, ela respondeu, enfatizando o lado positivo da situação: “Tem que andar, né? O médico disse que é bom caminhar para não ficar entrevada”.
De acordo com o taxista Américo Costa, com ponto em frente ao Porto Privatizado de Manaus, desde a privatização do porto, os carros particulares e táxis só podem descer para a área de embarque mediante uma autorização dos responsáveis. “Os táxis só descem com autorização da Alfândega, mas eles não autorizam os taxistas, apenas os carros utilitários”, declarou. Segundo ele, mesmo quando se trata de passageiros idosos, há muita dificuldade de transporte destes até a área do embarque.
Custa caro
Segundo Costa, quando os carros conseguem a autorização para transportar passageiros enfermos ou mesmos idosos, são obrigados a pagar uma taxa de R$ 7. Segundo ele, o valor é incluso na corrida dos clientes que a solicita. Américo Costa diz que muitos são os casos em que os passageiros não conseguem a autorização e têm que, mesmos enfermos, atravessar os mais de 300 metros. Em algumas ocasiões, estes passageiros são carregados juntamente com as bagagens.
A reportagem entrou em contato duas vezes com a gerência do Porto Privatizado de Manaus para falar sobre o assunto e até o fechamento desta edição não obteve resposta.