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Turismo no AM gerou mais de 800 empregos

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A Amazonastur (Empresa Estadual de Turismo do Amazonas) faz um balanço positivo de 2019. O segmento registrou uma expansão nos negócios, criou novos postos de trabalho e investiu na capacitação de profissionais, um dado que faz grande diferença na hora de receber os turistas. Foram muitas as conquistas no ano, segundo a pasta.

Com base nesse desempenho, a empresa estima um 2020 mais promissor com um cenário econômico que favorece a entrada de mais investimentos na ZFM (Zona Franca de Manaus). As taxas de juros operam agora a 4,5%, a inflação deve oscilar entre 2% a 3%, e o custo Brasil registrou um dos menores níveis dos últimos dez anos.

Todos esses dados positivos preparam o terreno para um 2020 de ‘vacas gordas’, uma situação favorável que anima empresários e lideranças políticas do Estado.  

Segundo a Amazonastur, o Amazonas foi o Estado da Região Norte que mais criou empregos no segmento turístico em um ano, entre outubro de 2018 e o mesmo mês de 2019.  Foram 824 novos postos de trabalho gerados nesse período, aponta a empresa ao mencionar os dados da CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo), feitos com base nos números divulgados pelo Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados).

Só em outubro de 2019, o Amazonas foi o segundo Estado também que mais gerou empregos no setor (foram 169), perdendo apenas para o Pará, com 181. Porém, na comparação anual, o turismo paraense encerrou o ano com um déficit de 13 empregos formais. O bom resultado no turismo amazonense vem de uma boa estratégia nas ações governamentais com o trade turístico, que envolve atividades da iniciativa privada, analisa a empresa estadual. 

“Falamos de um setor que mais emprega no mundo e que movimenta mais de 50 segmentos da economia amazonense. Nós só temos que comemorar esse ótimo momento do turismo e avançar nas políticas de gestão”, avalia a presidente da Amazonastur, Roselene Medeiros, que diz estar bem alinhada com as políticas públicas do governador do Amazonas, Wilson Lima, voltadas para o setor turístico.

Ela acrescenta que o turismo do Amazonas já vive um novo momento e reúne hoje melhores condições para deslanchar em 2020. Para tentar o maior número de visitantes, a secretária salienta que a Amazonastur aumentou em 100% o número de eventos nacionais – em 2018, foram promovidos dez e, em 2019, eles totalizaram 20. “Com isso, a geração de empregos e renda vem muito mais rápido”, prevê. 

De acordo com a secretária, para 2020, já estão programados mais 16 eventos nacionais, com estimativas de atrair pelo menos 18 mil turistas para Manaus. E já foram captadas promoções até 2024, com estimativas de visita de quase 30 mil pessoas em quatro anos. “Serão aquecidas as atividades de 50 segmentos da economia local”, salienta a secretária. 

Em 2019, de janeiro a setembro, foi registrado um aumento de 3,05% no volume de turistas em comparação com o mesmo período de 2018, com grandes possibilidades de superar esses números em 2020, com base na recuperação das atividades a partir do último ano.

A taxa de turistas brasileiros de outros Estados que vieram ao Amazonas teve uma expansão de 3,97%, contra 0,96% de aumento registrado entre os estrangeiros. Em média, o turista brasileiro gastou R$ 239, enquanto o estrangeiro, mais de R$ 546. 

Mais realizações

A secretária Roselene Medeiros aponta o reconhecimento do barco-hotel como hospedagem como uma das grandes realizações do segmento turístico no Amazonas, uma luta de muitos anos junto ao sistema Embratur (Agência Brasileira de Promoção Internacional do Turismo) na tentativa de regulamentar essa atividade no Estado.

Hoje, qualquer proprietário de embarcações já pode fazer o seu cadastro nos órgãos oficiais para trabalhar sem restrições. “O ministério conseguiu entender a importância desses barcos-hospedagem e decidiu regulamentar a atividade. Tudo isso leva a crer que a gente conseguiu avançar muito no setor”, diz Roselene.

De acordo com a secretária, outras boas iniciativas foram a execução das obras do CCAVV (Centro de Convenções do Amazonas Vasco Vasques), a criação do mapa turístico e o guia digital, que dão maiores referências sobre atrativos e mais comodidades aos visitantes do Estado.

“Falamos de um setor que mais emprega no mundo e que movimenta mais de 50 segmentos da economia amazonense”, Roselene Medeiros – Presidente da Amazonastur

Outra grande iniciativa foi a reaproximação com o trade de empresas da iniciativa privada que exploram o segmento. “Todos esses empreendimentos veem hoje a Amazonastur como um grande parceiro. O feed back tem sido muito positivo”, acrescenta a gestora.

Roselene avalia que não há como desenvolver o turismo sem ouvir as demandas de empresas que sobrevivem dessa atividade e convivem de perto com a sazonalidade, conhecendo as nuances para os períodos mais propícios em termos de oportunidades de negócios. 

Para a secretária, o segmento turístico só pode se fortalecer se houver uma aproximação da iniciativa privada com a gestão pública. “Ouvimos as demandas do trade e estabelecemos parcerias. Levamos os parceiros para as principais feiras e congressos de turismo do mundo, promovendo o segmento, uma forma de definir novas estratégias para alavancar o setor”, salienta Roselene.

Gargalo

Se o balanço do turismo no Amazonas foi positivo em 2019, por outro lado, essa atividade só não cresceu mais no ano devido ao maior gargalo enfrentado pelo setor para expandir o seio raio de ação – a dificuldade da malha aérea em trazer os turistas para a região.  Hoje, são poucas as opções de voos para trechos diretos entre Manaus e o exterior, segundo a Amazonastur.

Não existe hoje um voo direto para a Europa. A única linha aérea operada pela TAP entre Manaus e Lisboa foi extinta há um ano e meio. E a duras penas a Amazonastur vem tentando convencer companhias aéreas internacionais para ofertar novos voos.    

“Hoje, o nosso maior problema é a conexão aérea com Manaus. A gente precisa dar mais tranquilidade ao turista para vir ao Amazonas. Essa é a grande dificuldade. Nossa maior meta é viabilizar novos voos, criar uma boa infraestrutura para receber os turistas também em aeroportos no interior. O estrangeiro tem muita vontade de vir ao Estado, mas não encontra as condições adequadas para viagens”, afirma a secretária.

Segundo Roselene, a Amazonastur já negocia com companhias aéreas internacionais para restabelecer a malha aérea entre Manaus e a Europa. E essa mobilização conta com intermediação da Embratur e do Ministério do Turismo. Ela salienta que essas empresas se mostraram interessadas nas propostas. 

“Nossa expectativa é que Manaus volte a ser conectada diretamente com a Europa. O voo é de extrema importância para o Amazonas, uma vez que o turista europeu é que mais visita o nosso Estado. Queremos avançar na expansão das nossas malhas aéreas, seja de forma internacional e nacional”, disse a presidente.

Como resultado dessas iniciativas, a Gol já opera um voo direto entre Manaus e Orlando, nos Estados Unidos, tornando a capital amazonense como a terceira escolhida no País para conexão direta com a cidade norte-americana. A Gol também faz o mesmo trecho direto a partir de Brasília e Fortaleza.

A American Airlines faz um voo direto de Manaus para Miami e ainda existe um trecho para o Panamá, que oferta viagens desse destino para todos os continentes. “O estrangeiro tem muita vontade para vir ao Amazonas. E aí é trabalhar para que ele venha”, reafirma. “Amazônia está no imaginário dos turistas”.

Para Roselene, é de extrema importância a divulgação do Amazonas no exterior, além da necessidade da construção de uma melhor infraestrutura para receber os turistas. “Devemos ter mais visibilidade lá fora e mostrar as potencialidades do Estado”, diz.

Recursos

A secretária Roselene Medeiros revelou que R$ 14 milhões foram provisionados por meio de emendas parlamentares no Orçamento da União para a melhoria da infraestrutura turística no Amazonas. Ainda nesse sentido, houve a capacitação de 200 operadores e de agentes de viagem no eixo Rio-São Paulo, em Gramados (RS) e Buenos Aires, Argentina, para aprimorar o setor de serviços. “A gente precisa mostrar que nós existimos. Olha, o Amazonas está aqui….”, afirma. 

Ainda em 2020, está programado um plano municipal para o desenvolvimento do turismo em Nova Airão, que é a porta de entrada para Anavilhanas, um dos principais cartões-postais do Amazonas, e que recebe milhares de turistas a cada ano. 

Outra meta nos planos da Amazonastur é construir o museu do boi em Parintins, que realiza o maior festival folclórico no Estado, com grande ressonância no exterior. “Tudo isso trará mais empregos e renda ao Amazonas”, avalia Roselene Medeiros.

Segundo a secretária, a temporada de cruzeiros 2019/2020 viabilizará a visita ao Amazonas de mais de 20 mil turistas em 16 navios, representando um aumento de 15,47% no número de turistas, em comparação com a temporada passada. 

“Neste período, desembarcará em Manaus e em Parintins um total de 20.550 visitantes, entre passageiros e tripulantes. No período 2018/2019, durante a passagem de 15 transatlânticos, 17.797 turistas estiveram nas terras amazonenses”, disse.

Saiba mais sobre a Amazonastur

A Amazonastur (Empresa Estadual de Turismo do Amazonas) foi fundada em 09 de janeiro de 2003.  Uma das suas funções é atuar em nome do governo do Amazonas para promover o desenvolvimento do turismo e fazer do Estado um destino diferenciado, competitivo e sustentável, priorizando roteiros que valorizem as belezas naturais da região.

Suas atividades seguem as políticas públicas do governo estadual voltadas para o segmento turístico. Essas ações são orientadas por decisões tomadas no Fórum Estadual de Turismo pelo GGI (Grupo de Gestão Integrada do Turismo) em parceria com entidades representativas do trade turístico, que envolve a iniciativa privada.

Por longos 15 anos, a Amazonastur vem firmando importantes acordos com o governo federal, por intermédio do Ministério do Turismo e da Embratur, para tornar realidade projetos que necessitam de recursos humanos e financeiros, advindos do Tesouro estadual, o que tem configurado relevantes resultados para o setor.

Segundo a empresa, faz parte de sua rotina o trabalho de promoção do turismo pautado na preservação da floresta e no desenvolvimento sustentável do setor no interior por meio de ações de melhoria da infraestrutura, capacitação e qualificação profissional, na busca da excelência para os produtos e serviços da área.


Roselene Medeiros afirma que o turismo no Amazonas vive novo momento
 

ENTREVISTA – Roselene Medeiros – Presidente da Amazonastur

Jornal do Commercio – O ano de 2019 foi muito bom para o turismo do Amazonas. Com base em que pode-se chegar a essa conclusão, principalmente em função das turbulências que atingiram a economia do País como um todo?

Roselene Medeiros – Com certeza, o nosso balanço foi muito positivo. O número de turistas que vieram ao Amazonas cresceu 3,05%, mesmo com um cenário adverso registrado na atividade econômica em 2019. Priorizamos parcerias das gestões públicas com o trade turístico, que conhece as nuances e as dificuldades de um setor hoje muito competitivo. Então, fomos buscar informações junto à iniciativa privada que sobrevive dessas atividades, que só tendem a crescer em nosso Estado. Então, o resultado foi muito promissor, como se vê.

JC – O Amazonas está isolado praticamente do resto do País e também do exterior. E chegar por aqui é mais viável por via aérea, cujos custos são altíssimos. Há muito tempo, sabe-se que a inexistência de uma logística mais eficaz para acesso ao Estado é um dos principais gargalos para alavancar o turismo na região. Como expandir uma atividade se não oferecemos as mínimas condições para trazer o turista?

RM – Óbvio, evidentemente, reconhecemos que o maior gargalo para alavancar o turismo é a conexão do Amazonas com outras localidades. Por via área, hoje não dispomos nenhum voo direto de Manaus para Europa. Faz aproximadamente um ano e meio que a TAP, que fazia um trecho da capital até Portugal, encerrou suas operações por aqui. O que estamos fazendo é negociar com companhias aéreas internacionais para ofertar voos, pois o turista europeu é o que mais visita o Estado. Essas propostas estão sendo intermediadas pelo Ministério do Turismo e pela Embratur. As empresas se mostraram interessadas. Mas recentemente, a Gol inaugurou um voo direto para Orlando, nos EUA, existe ainda um voo direto da American Airlines para Miami, e ainda a opção de um trecho até o Panamá, que pode levar o turista para todos os continentes a partir daí. Precisamos melhorar essa infraestrutura, sem dúvida.

JC – O que a faz estimar um cenário econômico mais promissor para o turismo em 2020 no Amazonas, apesar de não possuirmos a infraestrutura adequada para receber em melhores condições o turista?

RM – O Amazonas ou a Amazônia está no imaginário do turista. A rica biodiversidade é o maior legado para alavancar a atividade. Além disso, com os juros operando a 4,5%, com uma previsão de inflação baixa e uma redução no custo Brasil, tudo isso leva a crer que o segmento experimentará uma ascensão bem superior ao que registramos em 2019, que também foi muito positiva, mesmo com as dificuldades enfrentadas pelo Estado.

JC – E quais são as principais metas para 2020?

RM – Darmos continuidade às ações que se mostraram muito eficazes no ano passado. Por exemplo, conseguimos regulamentar o barco-hospedagem, uma luta árdua que exigiu muita mobilização junto ao Ministério do Turismo. Vamos investir mais nos eventos culturais nacionais, que até 2024 devem trazer para o Estado pelo menos 30 mil turistas. E ainda, pretendemos divulgar mais o Amazonas nas feiras realizadas no exterior. Queremos mostrar o que é o Amazonas, ganhar mais visibilidade. E também qualificar mais o nosso pessoal envolvido nos trabalhos. Estamos levando gente para se especializar no eixo Rio-São Paulo, Gramado (RS) e Buenos Aires, Argentina, tudo com essa finalidade, de aprimorar mais os serviços prestados aos turistas. Todas essas medidas devem ser impulsionadas com um cenário econômico mais promissor, mais favorável, que, com certeza, atrairá novos investimentos para a região.

Jornal do Commercio – O Jornal do Commercio completa este ano 116 anos de atuação no Amazonas. Como a sra. avalia este trabalho jornalístico?

Roselene Medeiros – O Jornal do Comercio leva a informação sempre respeitando o seu público leitor e também as as pessoas que convida para suas entrevistas.  Suas notícias são veiculadas sem sensacionalismo. E espero que vocês não se distanciem dessa linha editorial, que é um legado deixado pelo jornalista Guilherme Aluízio. Vejo que o público tem um carinho muito especial pelo jornal, que possui profissionais de altíssimo nível. Parabenizo a todos por esse trabalho.

 

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
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