Alvíssaras! Em tom de quase feriado nacional o governo brasileiro anunciou a descoberta de uma gigantesca reserva de petróleo na Bacia de Santos, denominada Tupi.
O misancene da cerimônia lembrou uma cena do filme Bye Bye Brasil em que o mágico mambembe da troupe “Rolidei” interpretado pelo ator cearense José Wilker fez nevar em uma cidade do interior do Nordeste.Diante dos flocos de neve o alcaide do agreste alegremente proclamou: “foi na minha gestão”!”. Similar contentamento foi apresentado na vida real pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e pela ministra Dilma Rousseff da Casa Civil. De acordo com as autoridades governamentais o Brasil pós – tupi assume um novo patamar na indústria do petróleo.
Com Tupi o Brasil ascende à condição de país exportador de petróleo, como potencial detentor de uma das dez maiores reservas de petróleo do mundo, ficando entre a Venezuela e a Nigéria.Toda essa fortuna em óleo negro, no entanto encontra-se bem abaixo de uma grossa camada de sal, algo equivalente a algumas vezes o tamanho do edifício Empire State,com aproximadamente 800 quilômetros de extensão, indo da costa de Santa Catarina até o Espírito Santo.
A descoberta tem, indubitavelmente, vários reflexos positivos e alguns no mínimo eivados de paradoxismo.No indiscutível prisma benéfico às ações da empresa Petrobras dispararam na Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo),agregando valor substancial a Petrolífera brasileira no longo prazo. Um outro adendo benfazejo é a propulsão de um Brasil de recém declarada auto-suficiência petrolífera para um país de proporções exportadoras, com aumento de de 5 a 8 bilhões de barris de petróleo à produção atual.
A Petrobras, dessa forma subiria do atual quinto lugar para o terceiro lugar no que tange ao tamanho de reservas entre as companhias petroleiras elencadas em bolsa de valores em todo o mundo. Um aspecto contraditório diz respeito à indefinição da política energética brasileira que ora flerta com o biocombustivel,visualizando energia limpa indispensável para a saúde do planeta e de seus habitantes, aproximando-se em outros momentos ousadamente da energia nuclear, quando reativa Angra e todos seus números. A verdade é que o Brasil é um país de enorme potencial energético. Não necessita centrar suas atenções em usinas nucleares como a França do general Charles de Gaulle, em vívida tentativa de torná-la independente de outras nações (hoje existem lugarejos franceses de 800 habitantes com uma usina e muitos detritos nucleares). A inúmera gama de opções abarca entre outras escolhas a biomassa, a energia solar e a eólica, que poderiam catapultar o Brasil no ranking das nações de energia limpa.
Desde a crise do gás deslanchada pelos “hermanos” bolivianos o governo brasileiro deve explicações à população. Um país emergente não pode adentrar em campo movediço sujeito aos humores dos aprendizes de tiranos em voga na América do Sul. Recentemente o Presidente da Venezuela referiu-se ao primeiro mandatário do Brasil como “magnata petroleiro”.Mas uma vez é necessário lembrar que energia é fator essencial para o crescimento e se ecologicamente desenvolvida é obvio o progresso ocorre sem remorsos. Enquanto o “milagre do crescimento” não ocorre é prudente seguir um caminho racional, seguro. Ainda que a Petrobras detenha a tecnológica necessária para a prospecção em águas profundas, não se pode esquecer que os combustíveis fósseis tem data para acabar e que são responsáveis pela crise ambiental que aí está, com o agravante do aquecimento global que será legado aos brasileiros do futuro.
Na década de oitenta em pleno pro-álcool o Brasil recebia resenhas positivas em todo o mundo. Os Estados Unidos da América do Norte engatinhava com seu cornoil e as industrias brasileiras já fabricavam carros esportivos movidos a álcool.
De lá para cá essas fabricas fecharam, o álcool perdeu seu prestígio e o Brasil envolto nas crises mundiais mergulhou fundo no abismo energético,