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Treinos, pódios e medalhas mais do que merecidas

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Depois de ficar mais de duas semanas longe de Manaus, no distante Cazaquistão, nesta segunda-feira, 22, voltou à capital amazonense, cheio de orgulho e com uma medalha de ouro no peito o paratleta de halterofilismo (supino) Lucas Manoel Galvão dos Santos, de apenas 17 anos, integrante do Ctara (Centro de Treinamento de Alto Rendimento do Amazonas).

Apesar da pouca idade, Lucas já está acostumado a competir pelo país e pelo mundo. Desde os 14 anos, quando competiu pela primeira vez, em Recife, e trouxe uma medalha de bronze, o garoto não parou mais de viajar e colecionar medalhas. Em praticamente todas as competições das quais participou, ele ficou entre os três primeiros. Desta feita agora Lucas se superou ao conquistar o bicampeonato mundial na categoria Júnior e bater o recorde das Américas, que era dele mesmo, 125 kg. Levantou, 126 kg, no Cazaquistão.

Mas a história de superação de Lucas vai bem mais além do que treinar diariamente, levantando pesos em busca de recordes e medalhas. O garoto nasceu com osteomielite neonatal, o que lhe resultou numa perna mais curta do que a outra.

“Aquilo sempre foi um problema para mim. Tinha vergonha de usar um salto bem mais alto do que o outro para compensar a deficiência. Aquilo criou um trauma em mim”, lembrou.

Ainda assim, Lucas sempre gostou de praticar esportes. Na escola jogava futebol, vôlei, handebol.

“Um dia, eu tinha 12 anos, um professor da Vila Olímpica me viu na rua de casa e me convidou para ir treinar natação, na Vila, mas era pela manhã, e eu estudava de manhã. Minha mãe também trabalhava, e não deu”, contou.

Mas a oportunidade rondava Lucas e, no ano seguinte, outro professor, que morava na mesma rua do jovem, tornou a convidá-lo para praticar algum esporte na Vila Olímpica.

O primeiro recorde

Este professor era Getúlio Filho, que acabou por se tornar o treinador de Lucas.

“Eu fui lá na Vila, conhecer os esportes e ver qual me interessa. Tinha um pessoal treinando tênis e halterofilismo. Um atleta do halterofilismo me falou que nesse esporte eu teria mais chances de participar de competições nacionais e internacionais, então escolhi halterofilismo. No começo eu não conseguia nem levantar a barra, que pesa 20 kg”, riu.

Em 2016, então com 14 anos, Lucas participou de sua primeira competição nacional, em Recife, e conseguiu uma medalha de bronze, levantando 45 kg. No mesmo ano, em Brasília, não conseguiu medalhar, mas descontou no Campeonato Brasileiro, ocorrido em São Paulo, quando ganhou medalha de prata levantando 75 kg.

Desde então a carreira esportiva de Lucas só tem ascendido. Em 2017 ele foi convocado a integrar a Seleção Brasileira Júnior, para competir no Parapan, que aconteceu em São Paulo, e trouxe uma medalha de prata, levantando 80 kg. No mesmo ano foi para o Mundial, no México, e ganhou a medalha de ouro levantando 100 kg.

Ano passado, novamente bons resultados no Regional das Américas, realizado na Colômbia: prata na categoria Júnior e bronze, na Adulto, que ele nem deveria competir, mas como levantou os pesos necessários para estar naquela categoria, participou e conseguiu mais uma medalha.  

“Tirando as competições, viagens e medalhas, minha vida não mudou nesses últimos três anos. Treino de manhã, de segunda a sexta-feira, três horas por dia; à tarde vou para a escola Antônio Encarnação Filho, onde curso o ensino médio. Quando não tenho nada para fazer, gosto de ficar na Internet, ou então com meus amigos”, revelou.

Lima, Tóquio e Paris

“Quando comecei a treinar, me imaginava no pódio, recebendo medalhas, mas não imaginei que elas viriam logo, e tantas”, disse.

Este ano Lucas já foi para a Copa do Mundo, em Dubai, e conquistou o bronze. No dia 12, no Cazaquistão, foi a vez de festejar o bicampeonato Mundial, no último ano como competidor na categoria Júnior (até 49 kg).

“A recomendação é que ele saiba conciliar esporte e educação, porque ambos serão fundamentais ao longo de sua trajetória. Para ter sucesso na vida, Lucas sabe que precisa estudar, e o esporte é um ingrediente que o fará ter mais vontade de viver”, ensinou Ione Bezerra, gestora da escola Antônio Encarnação.

“A próxima competição do Lucas será nos Jogos Parapan-Americanos, que acontecem entre agosto e setembro, em Lima, no Peru”, informou Getúlio Filho, treinador de Lucas e presidente da Fepam (Federação de Esporte Paralímpico do Amazonas).

“E continuaremos nosso trabalho com foco para ele participar dos Jogos Paralímpicos de 2024, em Paris. Para 2020, em Tóquio, ele ainda será muito novo”, adiantou.

“O recado que eu sempre dou para os jovens é que procurem fazer algo que gostem, para fazer com prazer. E correr atrás dos seus objetivos. Eu tinha um trauma por causa desse problema na minha perna, mas quando nas competições pelo mundo eu conheci atletas em condições até piores do que eu, mudei de pensamento. Hoje vivo a vida de outra forma”, concluiu Lucas.           

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
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