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Trabalhadores cobram explicações

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Mais de 300 trabalhadores da empresa de eletroeletrônicos Hbuster estiveram na manhã de ontem na Aleam (Assembléia Legislativa do Estado do Amazonas) onde cobraram explicações das autoridades em relação ao PIM. Suframa, Sindmetal (Sindicato dos Metalúrgicos) e a própria Hbuster, foram os principais alvos das críticas dos trabalhadores e do deputado Luiz Castro (PPS), que abriu espaço para a manifestação. Em torno de 1.600 trabalhadores estão sem receber a dois meses.
Segundo o líder dos trabalhadores, Alexandre Pinto, os funcionários não receberam os últimos três vencimentos que deveriam ter sido pagos nos dias 15 e 30 de março e 15 de Abril. Na última quarta-feira (17), a empresa parou totalmente e colocou todos os empregados em licença renumerada, alegando bloqueio dos bens. “Não deu para entender. São 1.600 funcionários, todo quadro, com exceção da diretoria. A empresa parou totalmente quarta-feira, ainda se manteve produzindo uma linha de com uns 200 funcionários e quando houve mais uma vez o atraso e ninguém recebeu, os funcionários decidiram parar as atividades de vez”, explica Alexandre.
Uma das grandes questões levantada por Alexandre diz respeito a uma visita realizada pelo superintendente da Suframa, Thomaz Nogueira, no final de Agosto. “O superintendente esteve na empresa e garantiu que a empresa faria contratações. Afirmou que era um exemplo para o PIM e de repente a empresa justifica que desde 2010 está em crise. Não deu para entender” questiona o líder dos trabalhadores.
O deputado Luiz Castro também questiona o trabalho realizado pela Suframa e cobra explicações da Superintendência da Zona Franca. “Ano passado o superintendente da Suframa esteve na empresa anunciando que a empresa era um modelo de desenvolvimento, geração de emprego e renda, produzindo empregos e produtos de alta tecnologia, um exemplo de sucesso na ZFM. Como que menos de seis meses depois a empresa está fechada, com mais de mil trabalhadores parados sem receber salários? Que benefícios eles deram a essa empresa? Qual a contrapartida da empresa? Por que não pagam os funcionários?”, questiona. O Jornal do Commercio tentou entrar em contato com o superintendente da Suframa, Thomaz Nogueira, mas até o fechamento da edição não obteve respostas.
Em reunião realizada a tarde ficou decidido que haverá uma vistoria da Seplan (Secretaria de Planejamento) nas instalações da fábrica para verificar se há alguma infração nas instalações da empresa quanto ao cumprimento dos requisitos da Lei dos Incentivos Fiscais. O advogado do Tavares Amorim, informa que essas medidas visam bloquear os bens da fábrica antes que ela se desfaça deles. “Acreditamos que possa ter acontecido algum desvio nas normas do estatuto e caso seja comprovado precisamos tomar as medidas legais”, explica o advogado.
Outra grande cobrança dos trabalhadores foi com a omissão do Sindmetal. Para eles o sindicato não está dando o valor que deveria dar à questão. “Não há transparência nem por parte do sindicato nem da empresa. Desde o segundo dia o sindicato de SP tomou a frente. Aqui não houve participação nenhuma do sindicato. Precisamos do sindicato. Ele se manteve na retaguarda com a justificativa que o processo era em SP. Mas já que o processo veio para Manaus, o sindicato já deveria estar intermediando” cobra Fernando Pinto.
O deputado Luiz Castro também cobrou maior participação do sindicato e dos governantes para resolver a situação. “Eles não sabem o futuro deles. Se a licença será paga, se serão readmitidos se a fábrica irá voltar a funcionar ou não. Há um verdadeiro desrespeito. O Sindicato precisa pressionar de um lado, mas a pressão política da Assembleia e Governo do Estado também é importante” completa.
O Diretor Executivo do Sindmetal, Sidney Silva, se defendeu das acusações afirmando que o advogado do sindicato já se encontra em São Paulo. “Os advogados foram para São Paulo para resolver essa situação e estão estudando as formas de resolver essa rescisão. Estão tentando conseguir o dinheiro para fazer os pagamentos. O sindicato está mais presente do que nunca”. O sindicato também informou que irá buscar entrar com uma ação judicial coletiva, mas essas coisas demoram e não podem serem feitas de uma hora para outra. No entanto a informação é questionada. “A única coisa que ofereceram foi entrar com o processo de rescisão direta para aqueles que tivessem interesse, mas não sabemos direito nem o que está acontecendo, estamos sem receber, mas não queremos ficar desempregados”, explica Alexandre Pinto.
O deputado Luiz Castro também comentou as acusações da Aficam (Associação dos Fabricantes de Insumos e Componentes do Amazonas), divulgadas pelo Jornal do Commercio, sobre uma debandada de empresas do Polo Industrial. “Situações como essa da HBuster podem ser a ponta do iceberg. É muito preocupante, temos que estudar a situação. Imaginávamos que a coisa estivesse razoavelmente bem. Até por que as vantagens fiscais da ZFM são boas. É muito estranho, talvez um sinal de que a economia não esteja tão bem como dizem”.

Entenda o caso

A empresa HBuster, conta com 800 funcionários em São Paulo e cerca de 1.600 em Manaus. No dia 30 de agosto do ano passado o superintendente da Zona Franca de Manaus, Thomaz Nogueira, esteve em visita às instalações da fábrica localizada na Colônia Santo Antônio, aonde foram abordados temas como a contratação de mais 200 funcionários para o quadro da empresa. Segundo Alexandre Pinto, que pertencia ao quadro administrativo da empresa, “Em fevereiro a empresa fez a contratação e aumentou o quadro. Mas em março já teve um processo de crise. Fomos informados que a empresa iria entrar com um processo de recuperação judicial, mas que em nenhum momento seríamos afetados e muito menos nossos vencimentos”.
Dia 18 houve o julgamento em São Paulo e ficou decidido que o processo deveria vir para Manaus. A empresa então colocou todos seus funcionários de licença renumerada e parou as atividades. Os trabalhadores então procuraram o poder público buscando receber seus salários e conquistar o apoio dos órgãos responsáveis. “Queremos alguma garantia, por que promessas já tivemos e não recebemos. Em nenhum momento cruzamos os braços. Continuamos trabalhando mesmo sem receber.” O procurador geral da Aleam, Roberto Wagner, explica que a Assembleia vai participar na questão da orientação jurídica e auxílio aos advogados. “Buscaremos fazer com que recebam todas renumerações e as verbas do contrato que foram trabalhadas e não foram pagas e depois disso todas verbas indenizatórias proporcionais dependendo de quantos anos de trabalho”, explica.

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
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