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Todo lugar é de homem

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Atividades profissionais antes exercidas costumeiramente, ou culturalmente, pelo público feminino agora contam com a inclusão masculina. Em paralelo à evolução tecnológica a profissionalização ganha a unificação entre os sexos como característica, onde homens e mulheres atuam de forma igualitária em funções como: estilista, cabeleireiro, consultor de beleza, manicure, cozinheiro, secretário, costureiro, dentre outras. Na avaliação de especialistas em recursos humanos, a ocupação no mercado de trabalho acompanha a modernização e passa a considerar, essencialmente, a competência e não mais o sexo do candidato à vaga de trabalho.

De acordo com a presidente da ABRH-AM (Associação Brasileira de Recursos Humanos do Amazonas), Katia Andrade, em decorrência da evolução tecnológica hoje é impróprio fazer distinções entre os sexos na hora de avaliar um candidato à qualquer vaga, exceto uma atividade que exija esforço físico demasiado a uma mulher, como por exemplo, a função de carregador de estivas.

A presidente afirma que há um crescimento na atuação de homens em atividades antes exercidas por mulheres, da mesma forma que as mulheres ocupam as profissões anteriormente consideradas como masculinas.

"A sociedade vive um período de evolução e não podemos mais ter essa separação de competências em função do sexo. O que define um profissional é a competência, que é um conjunto de habilidades, conhecimentos e atitudes que devem ser postas em prática pelo profissional, e não o sexo. Temos homens que são excelentes cozinheiros, manicures e cabeleireiros. Assim, como vemos mulheres que são competentes na condução de ônibus, na construção civil e outras atividades", frisou. "Esperamos que essas diferenças diminuam cada vez mais e tenhamos a diversidade. O trabalho unificado é bom para a oxigenação da empresa", complementa.

O consultor de beleza independente, Ronny Ramos, optou por comercializar cosméticos e prestar consultorias sobre beleza em um momento em que estava desempregado. Ele relata que exerce a atividade há pouco mais de 2 anos e está feliz com a atuação. Ramos conta que o que mais o incentiva a investir no ramo dos cuidados com a aparência é a satisfação das clientes ao verem os efeitos dos produtos.

"Certa vez atendi uma cliente que estava com baixa estima, estava triste, e que ao final de uma demonstração e aplicação dos produtos e maquiagens ficou tão feliz com o resultado e sorriu. Minha satisfação foi ver o sorriso dela e a melhora na auto estima, naquele momento. Me esforço a cada dia para atendê-las da melhor forma", relatou.

Segundo Ramos, desde que optou pela consultoria não enfrentou discriminações, porém, sente, durante alguns atendimentos, a desconfiança de clientes que temem qualquer tipo de violência ou agressão.

"O que acontece quando atendo pessoas desconhecidas é que elas não permitem que as visite em residência e pedem sempre para eu ir a uma empresa ou local com várias pessoas. Para evitar essas situações, dou preferência às pessoas indicadas por meus conhecidos ou amigos de meus clientes porque facilita o relacionamento com o cliente", frisou. O consultor de beleza e cabeleireiro, Sérgio Marques, ingressou há um mês nas consultorias e afirma que está feliz com a nova atuação. Ele trabalha como cabeleireiro há 5 anos e as clientes que frequentam seu salão, agora conhecem os cosméticos, experimentam e gostam. Como resultado, ele tem um incremento na renda mensal.

"Apesar de estar na atividade há pouco tempo, já consegui apresentar os produtos às clientes e ter ganhos financeiros. Acredito que vivemos um período de igualdade dos sexos e que não há diferenças para as atuações profissionais. Isso nos traz novas possibilidades".

Venezuelano e residente em Manaus, o estilista e designer, Luigi Levantino, conta que veio para a capital amazonense com o intuito de fugir da crise econômica que atinge sua terra natal. Ao chegar a Manaus, ele relata que logo conseguiu um trabalho em uma loja na área central e com poucos meses recebeu o convite, por parte da sócia da empresa Tapajós Tecidos, Socorro Tapajós, para prestar consultoria de moda aos clientes da loja. Ele aceitou o convite e há um ano atende na área interna da loja fazendo desenhos de modelos de roupas.

"Analiso a cliente, seu jeito, sua fala, as características físicas, seu tom de pele porque tudo influencia na hora de desenhar um modelo. Tiro todas as dúvidas, oriento e converso sobre o que a cliente pretende fazer com o tecido comprado. Há casos que o que elas pensam não combinam com as características físicas, ou com o tecido escolhido, e tudo isso conversamos na loja", informou.

Mensalmente Levantino realiza em média 200 atendimentos com desenhos entregues.

Segundo Socorro, o ingresso de homens com idade entre 20 e 40 anos no segmento da costura cresceu expressivamente no último ano. Ela afirma que a procura por tecidos, por parte de homens, se mantém crescente. Com o intuito de ajudar os clientes, tanto homens como mulheres, que querem aprender sobre modelagem, corte e costura, a empresa está disponibilizando cursos para iniciantes na própria loja.
"Temos muitos confeccionistas homens, jovens que começaram a se interessar pela costura. São estilistas que desenham e prestam serviço de costura na cidade. Vejo esse crescimento há um ano e eles estão procurando se profissionalizar".

Os cursos acontecem na loja e o investimento custa R$300 com material didático incluso.
Outra atividade que também passou a ser exercida pelos homens foi a do secretariado. O advogado Luciano Machado atua como secretário em uma instituição que representa o setor industrial do Estado. Ele conta que ingressou na atividade como estagiário e foi contratado pela instituição há 10 anos.

"Fui me interando sobre os assuntos, desenvolvendo habilidades necessárias para a função e a empresa resolveu me conceder essa oportunidade. É importante saber a quem compete cada atribuição dentro da instituição para encaminhar as demandas porque o secretário tem acesso a várias informações e precisa saber repassá-las", disse.

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
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