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Tensão global traz risco de alta no combustível logo no início do ano

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A crise internacional decorrente do ataque norte-americano que resultou na morte de um comandante de alto escalão da Guarda Revolucionária Islâmica do Irã, nesta sexta (3), trouxe o espectro de uma nova alta no petróleo. Caso se confirme, será uma má notícia para o consumidor e também para os postos de combustíveis de Manaus, que atualmente fazem promoções para contornar a queda da demanda do começo de ano.    

A Petrobras não se pronunciou sobre o assunto, até o fechamento desta edição. Nesta sexta (3), o presidente Jair Bolsonaro disse à imprensa que o ataque deve impactar no preço dos combustíveis no Brasil, descartou qualquer possibilidade de tabelamento de preços – argumentando que o país já chegou ao limite na cobrança de impostos – e voltou a defender a quebra do monopólio da Petrobras na distribuição do insumo.

Disse também que vai discutir o assunto com a equipe econômica e com o chefe do GSI (Gabinete de Segurança Institucional), general Augusto Heleno, para se inteirar da situação, antes de tomar qualquer medida. “Que vai impactar, vai. Agora, vamos ver nosso limite aqui, porque já está alto e, se subir mais, complica. Mas, não posso tabelar nada. Já fizemos esse tipo de política de tabelamento antes e não deu certo”, declarou. 

No encerramento dos pregões internacionais de sexta, os preços do petróleo saltaram para seu maior nível em mais de três meses, em virtude de preocupações sobre a escalada das tensões regionais e a interrupção do fornecimento de petróleo. O petróleo Brent fechou em alta de 3,6%, a US$ 68,60 o barril, após atingir máxima de US$ 69,50 na sessão – maior valor desde setembro, quando instalações petrolíferas da Arábia Saudita foram atacadas.

Já o petróleo dos EUA avançou 3,1%, para US$ 63,05 por barril. A máxima da sessão foi de US$ 64,09 dólares, o mais alto nível desde abril de 2019. A elevação também foi amparada em dados semanais divulgados pela AIE (Administração de Informação sobre Energia) dos EUA, que mostraram que os estoques norte-americanos sofreram sua maior queda, desde junho.

Demanda e repasses

O vice-presidente do Sindicombustiveis-AM (Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo, Lubrificantes, Alcoois, e Gás Natural do Estado do Amazonas), Geraldo Dantas, diz que tudo depende agora de desdobramentos internacionais e da capacidade da Petrobras assimilar aumentos pontuais no preço do petróleo ou repassa-los – especialmente no caso de uma eventual escalada das cotações internacionais do barril.  

“Vemos essa situação com muita preocupação. O Irã, assim como o Iraque, é um grande produtor e pode criar sanções, sendo acompanhado por outros produtores mundiais da Opep [Organização dos Países Exportadores de Petróleo]. Sabemos que a Petrobras tem alguma capacidade de assimilação de aumentos, mas a política da empresa tem sido a do repasse. Temos que aguardar”, ponderou.

Embora ressalte que o mercado é livre e competitivo e que a decisão relativa a preços depende de cada empresa e de suas contas, o dirigente não descarta a possibilidade de que um eventual aumento da Petrobras seja respondido novamente por repasses ao preço final. Isso interromperia, segundo Dantas, um movimento geral do mercado de conter preços para driblar a retração sazonal da demanda. 

“O preço da gasolina comum está girando entre R$ 3,88 e R$ 4,15 na cidade, quando deveria estar entre R$ 4,70 e R$ 4,79, dada a composição de custos. Os postos reduzem preços porque, nesta época de férias, temos pouca circulação de veículos. Mas, esse beneficio pode acabar, porque as empresas precisam de uma margem mínima para sobreviver. Seria uma perda para o consumidor, mas também para o revendedor, que faturaria ainda menos”, lamentou. 

O último levantamento semanal do Procon-AM (Programa Estadual de Proteção e Orientação ao Consumidor do Amazonas), realizado em 27 de dezembro, em 57 postos da cidade, informava que o menor preço de gasolina comum na capital amazonense estava estipulado em R$ 3,85 – em um único posto da avenida Rodrigo Otávio, zona leste. O da gasolina aditivada era de R$ 3,87 – na Cachoerinha e na Raiz, zona sul.

Demanda e inflação

Mais veemente, o Conselheiro do Corecon-AM (Conselho Regional de Economia do Estado do Amazonas), Francisco Assis Mourão Junior, alerta que os efeitos de uma crise prolongada podem ser grandes nos combustíveis e também na inflação, em decorrência do peso do insumo na composição dos preços dos produtos. Especialmente no caso do frete, que tem forte impacto no Amazonas.

“O diesel está controlado, mas não se sabe até quando o governo vai aguentar. Em que pese o Brasil contar com as reservas do Pré-Sal, não temos refinarias em número suficiente para processar o combustível extraído aqui e atender a demanda interna. A Petrobras tem sua política de repasse dos preços petróleo e o governo já anunciou que não vai tabelar. Então, podemos esperar impactos na inflação”, finalizou.   

 

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
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