Mesmo assumindo 100% do controle da Vivo, a Telefónica não terá que vender a participação do grupo espanhol na Telecom Italia, que controla a TIM no Brasil. Pelo menos por enquanto. Esta foi a posição apresentada pela Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) na aprovação da anuência prévia da compra da participação da PT (Portugal Telecom) na Vivo pela Telefónica, aprovada na quinta-feira, 23, pelo Conselho Diretor.
O relator da matéria, o conselheiro Jarbas Valente, defendeu que “os remédios já colocados” pelo órgão regulador em 2007 – quando a Telefónica tornou-se acionista da Telecom Italia – são “eficazes para blindar a TIM Brasil da interferência da Telefónica”. Valente argumenta que não importa se a participação dos espanhóis no controle da Vivo era de 50% e passou para 100%
Restrições da Anatel
Quando essa operação ocorreu, há três anos, as restrições impostas pela Anatel eram de que o grupo espanhol não poderia atuar no Conselho de Administração da Telecom Italia e teriam que ser enviadas as atas das reuniões para provar que não estava havendo interferência na gestão da TIM no Brasil. “São separadas as reuniões que tratam de Brasil”, reforçou o conselheiro. Valente observou, porém, que o ato de concentração ainda será analisado pelo Cade (Conselho de Administração e Defesa Econômica).
Na visão do conselheiro, a operação será benéfica para o mercado “Vai consolidar mais ainda o mercado, como aconteceu com a Embratel, a Claro e a Oi”, disse. Valente lembrou que a Vivo vinha enfrentando problemas com a gestão compartilhada entre espanhóis e portugueses. Ele se referiu à tecnologia CDMA adotada pela Vivo, pois a operadora foi a última a adotar o GSM e perdeu muito mercado. “Agora temos quatro grandes grupos, totalmente independentes”, disse. Questionado sobre a “independência” da TIM, o conselheiro respondeu que “do ponto de vista da Anatel, eu garanto”. Procurada, a Telefónica não se pronunciou.
