A adoção das tecnologias recomendadas pela Embrapa Amazônia Ocidental (Manaus-AM) está possibilitando, a alguns produtores de guaraná do município de Maués, o aumento da produtividade em até seis vezes superior à registrada no Amazonas. A média no Estado é de 150 gramas de frutos secos por planta ao ano, enquanto as plantas desenvolvidas pela pesquisa, em conjunto com as orientações técnicas repassadas, possibilitam o aumento de até 600% da produtividade.
Com o objetivo de divulgar as práticas e as tecnologias disponíveis e apresentar comportamento agronômico das cultivares recomendadas pela pesquisa que estão ajudando a dar um salto na produtividade dessa cultura agrícola, a Embrapa realiza na quarta-feira, 28 de outubro, o dia de campo “Tecnologias de cultivo para produtores de guaraná no município de Maués”.
O evento acontecerá na propriedade do produtor Manuel Messias Sena (distante cerca de 60 quilômetros da sede municipal), que há oito anos adota as tecnologias da Embrapa com excelentes resultados e na oportunidade fará uma apresentação dos impactos que as cultivares de guaranazeiro recomendadas pela pesquisa estão provocando nos seus plantios.
Direcionado para produtores formadores de opinião e técnicos envolvidos na cadeia produtiva do guaraná, o dia de campo deverá reunir cerca de 150 produtores das comunidades rurais do Baixo Amazonas, e abordará os seguintes temas: cultivares recomendadas aos produtores; nutrição mineral e adubação; manejo integrado de plantas daninhas; pragas e doenças; processamento dos frutos de guaraná e impacto das cultivares de guaranazeiro recomendadas pela Embrapa em área de produtor.
O produtor Manuel Messias (conhecido como Maranhão) segue as orientações dos pesquisadores há oito anos e desde então tem obtido excelentes resultados nos seus plantios. Ele possui numa área de 6 hectares, com 2.400 pés das cultivares de guaranazeiros: BRS Maués, BRS Amazonas, BRS CG 882, BRS CG 648 e várias cultivares da série 200, que a Embrapa pretende recomendar para o Amazonas no próximo em 2010.
Segundo o pesquisador José Clério Pereira, coordenador da equipe de pesquisa do guaraná da Embrapa, o guaranazeiro é uma planta exigente em adubação de micro e macronutrientes. Os micronutrientes (manganês e zinco) são elementos químicos que garantem a fixação dos frutos no cacho, enquanto os macronutrientes (nitrogênio, fósforo, potássio e cálcio), são responsáveis pelo desenvolvimento e recuperação da planta após a poda e asseguram a estabilidade da produção. “Se não tiver a adubação adequada ocorre a alternância de produção, com um ano dando frutos e o outro não, o que impede o atendimento da demanda pelo produto”.
Além de competir por nutrientes e água, as ervas daninhas também podem dificultar a colheita do guaraná, para solucionar esse problema, a Embrapa sugere a aplicação de herbicidas selecionados. Outra alternativa, usada pelo senhor Maranhão é a criação de ovelhas que comem o mato que cresce no guaranazal. Essa experiência será narrada pelo próprio produtor durante o dia de campo.
Quanto às principais doenças do guaranazeiro: a antracnose e o superbrotamento, o pesquisador explica que as medidas preventivas são: a utilização de mudas sadias, oriundas de viveiristas idôneos, que sejam cultivadas com resistência estável e a realização de podas de limpeza após a colheita, para eliminar galhos secos e remanescentes de inflorescências e cachos.
Atualmente, a produção do guaraná no Amazonas é insuficiente para atender a demanda do mercado. Isso ocorre, principalmente, pela baixa produtividade dos plantios, onde os produtores utilizam mudas tradicionais, oriundas de sementes, aliado à falta de manejo dos guaranazais, e a alta incidência da doença fúngica antracnose que ataca esse tipo de muda.
Tecnologias aumentam produtividade
Redação
Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
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