11 de dezembro de 2024

Taxa de sobrevivência das empresas do Amazonas é uma das menores do Norte

O Amazonas contabilizou 38.795 empresas em 2021, o maior número em dez anos. Mas, a taxa média de sobrevivência das organizações foi uma das menores do Brasil. Desse total, apenas 77,8% eram de firmas constituídas nos anos anteriores –contra 82,2% (4,3 milhões) na média nacional. O Estado ficou em quarto lugar no Norte do país, atrás de Rondônia (80,7%), Acre (79,7%) e Tocantins (78,4%). No segundo ano da pandemia, 8.619 novas unidades entraram em operação no mercado amazonense, 22,2% do total. Em paralelo, outras 6.848 (17,7%) fecharam as portas, o segundo maior número da região, perdendo apenas para o Amapá (21,2%). 

As mais de 8.500 novas unidades locais do Amazonas em 2021 configuraram o segundo melhor dado da região Nortista, o equivalente a 17,7% do total. O número de trabalhadores amazonenses assalariados foi de 390 mil, tendo participação de 24,4% na região. Já o salário médio mensal pago no Estado (R$ 2.392) foi o mais alto entre as sete unidades federativas. As informações foram extraídas da pesquisa Demografia das Empresas e Estatísticas de Empreendedorismo de 2021, do IBGE –que não levou em conta os MEIs (microempreendedores individuais) em seus dados. 

A mesma base de dados informa que o Brasil tinha 5,2 milhões de empresas ativas em 2021, com 41,7 milhões de pessoas, sendo 34,3 milhões (82,4%) assalariadas e 7,3 milhões (17,6%) na condição de sócios ou proprietários. As remunerações pagas somaram R$ 1,2 trilhão, com salário médio mensal de 2,6 salários mínimos (R$ 2.823,92). A idade média das empresas era de 11,4 anos, abaixo de 2019 e 2020. O saldo de empresas que entraram e saíram (320,2 mil) se manteve positivo pelo terceiro ano seguido, apesar da pandemia. A taxa de saída de empresas do mercado (11,7%) foi a menor da série iniciada em 2008. 

Impactos da pandemia

Com 46,5% de participação no mercado amazonense, a atividade de comércio, reparação de veículos automotores e motocicletas, somou um total de 18.033 empresas ativas em 2021, sendo a atividade com mais unidades locais no Estado. Em seguida está o grupo que reúne as atividades profissionais, científicas e técnicas, com 2.939 unidades e 7,6% de participação, reunindo locais no Estado. Na sequência estão saúde humana e serviços sociais (6,5% e 2.516) e as atividades administrativas e serviços complementares (6,4% e 2.467) e a indústria da transformação (6,1% e 2.354).

Entre as atividades econômicas do Estado, o comércio manteve preponderância tanto de entradas quanto de saídas de empresas, no segundo ano da pandemia. No entanto, em sintonia com as medidas de isolamento/distanciamento social, a atividade de informação e comunicação foi a que teve maior taxa de entradas (28,5%). Pelo mesmo motivo, entre outros, o grupo que reúne os serviços de arte, cultura, esporte e recreação –que costuma requerer ar livre e “aglomerações” –foi o que apresentou a maior taxa de saídas (23,6%).

Entre 2011 e 2021, o número de empresas aumentou em 6.559, no Amazonas. Com essa ampliação, a quantidade de pessoal ocupado assalariado aumentou em 3.000 pessoas, em um período de dez anos. O salário médio mensal no Estado, em 2011, era de R$ 1.515. Já em 2021 estava com acréscimo de R$ 877, resultando em uma média mensal de R$ 2.392, aumento de 36,6%.

“Alto crescimento”

Em 2021, o Amazonas possuía 951 unidades locais de “empresas de alto crescimento” – que se destacam pela capacidade de gerar empregos. Essas organizações ocupavam 69.646 trabalhadores e pagavam um salário médio mensal de 1,8 salário-mínimo. Entre 2011 e 2021 o número de unidades locais de alto crescimento no Amazonas manteve-se estatisticamente estável, com uma pequena variação negativa de 0,7%.

Entre as 18 atividades econômicas no Estado, nove apresentaram crescimento, oito apresentaram queda e apenas uma se manteve inalterada, em uma década. Entre as que mais cresceram, estão as atuantes em artes, cultura, esporte e recreação (+400%); saúde humana e serviços sociais (+300%); “outros serviços” (+200%); e indústria de água, esgoto, atividade de gestão, resíduos e descontaminação (+100%). As que mais reduziram foram indústria extrativa (-75%), agropecuária (-50%) e atividades imobiliárias (-33%).

Roraima (+46,6%) registrou o maior aumento nesse quesito, na região Norte, entre 2011 e 2021 Em seguida, estão Pará (+26,3%) e Tocantins (+15,6%). O Pará (1.701) concentrou o maior número de empresas desse tipo, superando Amazonas (951) e Rondônia (631). Os três também lideram em número de pessoas ocupadas: Pará (106 mil), Amazonas (70 mil) e Rondônia (17 mil). Os melhores salários foram pagos em Tocantins (2,1 salários-mínimos), seguido do Pará (2,0 salários-mínimos) e Rondônia (1,9 salários mínimos).

“Perdendo forças”

Ao falar da metodologia da pesquisa, o supervisor de disseminação de informações do IBGE-AM, Adjalma Nogueira Jaques, salientou que  foram selecionadas somente as unidades ativas das empresas no ano de referência, e explicou que os MEIs não foram levados em conta no levantamento, porque a maior parte deles é desobrigada do preenchimento dos registros administrativos do Ministério do Trabalho e Emprego – dados que são desconsiderados das estatísticas do Cempre (Cadastro Central de Empresas).

O pesquisador reforça que os dados da sondagem confirmam que a taxa de sobrevivência das empresas do Amazonas segue sendo uma das mais baixas do país e da região, assim como sua taxa de entrada de novas unidades. Ele pondera que, embora o percentual tenha se mantido em relativa ascendência nos últimos dez anos, em razão do ingresso de novos negócios, o incremento no número de saídas a cada ano é mais significativo, contribuindo para a posição desfavorável do Estado no ranking.

“As empresas do Amazonas possuem o segundo maior contingente de trabalhadores e pagam o melhor salário médio mensal da região. Entre as atividades econômicas, em números absolutos, o comércio supera as outras em todos os itens. Mas, em termos de unidades empresariais de alto rendimento, ou seja, aqueles que crescem 20% de pessoal ocupado por ano, o Amazonas vem perdendo forças. Enquanto isso, outras unidades federativas vêm incrementando esse tipo de empresa”, lamentou.

Em texto postado no site da Agência IBGE de Notícias, o analista da pesquisa Eliseu Oliveira, destaca os efeitos no levantamento, da substituição do cadastro da RAIS (Relação Anual de Informações Sociais) pelo e-Social, e a pandemia de Covid-19. “De 2019 para 2020, houve aumento no número de empresas durante a pandemia, puxado principalmente por aquelas sem empregados assalariados, o que pode ter sido gerado pela mudança para o e-social. De 2020 para 2021, houve aumentos no número de empresas e no de pessoas ocupadas assalariadas, o que pode sinalizar o retorno da atividade econômica após o período mais agudo da pandemia”, encerrou. 

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio

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