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Taxa de desocupação cresce no Amazonas

Taxa de desocupação cresce no Amazonas

A crise da covid-19 elevou a taxa de desocupação do Amazonas de 14,5% para 16,5%, na virada do primeiro para o terceiro trimestre. Comparado ao acumulado de abril a junho de 2019 (13,9%), o incremento no desemprego do Estado foi ainda maior. Abatidos pelas medidas de isolamento social, comércio e indústria lideraram no corte de vagas. O nível de ocupação ficou abaixo da metade da população apta ao trabalho, ao mesmo tempo em que o desalento voltou a crescer e a informalidade se manteve acima dos 50%. 

O Estado registrou a quarta maior taxa de desocupação em todo o país, só perdendo para Bahia (19,9%), Sergipe (19,8%) e Alagoas (17,8%). Na outra ponta, Santa Catarina (6,9%), Pará (9,1%) e Rio Grande do Sul (9,4%) tiveram os menores números percentuais de trabalhadores desempregados. No total 11 unidades federativas registram aumento de desemprego, 14 pontuaram estabilidade e apenas dois tiveram taxa menor. É o que mostra a Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) Contínua, divulgada pelo IBGE, nesta sexta (28).

A sondagem estimou em 3,13 milhões o número de amazonenses aptos a trabalhar (14 anos de idade ou mais), no segundo trimestre de 2020. Desse total, 1,76 milhão estavam na força de trabalho, divididos entre trabalhadores ocupados (1,48 milhão) e desocupados (291 mil). O IBGE estimou que o a quantidade de pessoas fora da força do trabalho do Estado foi de 1,36 milhão, no mesmo período.

Os impactos econômicos da pandemia do novo coronavírus foram sentidos na redução da taxa de ocupação no Amazonas em 6,4 pontos percentuais, entre o primeiro (53,6%) e o segundo trimestre (47,2%). No confronto com o mesmo período do ano passado (54,5%), o tombo foi de 7,4 p.p. Em paralelo, a taxa de participação no mercado de trabalho do Estado foi de 56,5% entre março e junho de 2020, 6,2 pontos abaixo da marca do trimestre anterior, e 6,8 p.p. aquém do patamar registrado em igual intervalo de 2019 (63,3%).

Informalidade e desalento

Apesar da retração no nível de ocupação, a taxa de informalidade recuou de 58,9% para 55%, mantendo-se em nível mais elevado do que a média nacional. Com isso, o Amazonas apresentou a terceira maior taxa de trabalho sem registro em todo o país, ficando atrás apenas do Pará (56,4%) e do Maranhão (55,6%). Em sentido contrário, Santa Catarina (25,8%), Distrito Federal (26%) e São Paulo (28,6%) apresentaram os menores percentuais de trabalho informal.

O número de trabalhadores desalentados e que desistiram de procurar emprego aumentou 41,7% em relação ao trimestre anterior e chegou a 151 mil, no Amazonas. O percentual de amazonenses nessa condição, em relação à força de trabalho foi de 11,1% e foi 1,7 pontos percentuais maior do que o do primeiro trimestre de 2020. Em números absolutos, o maior contingente de desalentados estava na Bahia (849 mil), enquanto Maranhão (21,6%) e Alagoas (20,7%) apresentaram os maiores dados relativos.

Ocupação e setor

Entre os amazonenses com ocupação remunerada, o maior número 810 mil ou 54,8% do total) estava classificado como “empregado”, no segundo trimeste deste ano. Esse grupo estava dividido entre aqueles que atuavam no setor privado (484 mil), no setor público (265 mil) e como trabalhadores domésticos (62 mil). Em torno de 468 mil trabalhavam por conta própria – sendo que 92,3% (432 mil) não possuíam CNPJ e estavam na informalidade. A quantidade de “empregadores” alcançou 41 mil pessoas (2,77%).

De acordo com o IBGE, em linhas gerais, o número de pessoas ocupadas nas posições citadas decresceu em relação ao primeiro trimestre de 2020. Os maiores decréscimos vieram do empregado no setor privado (550 mil para 484 mil) e trabalhador por conta própria (561 mil para 468 mil).

Entre os setores a administração pública (307 mil) foi a que empregou mais, seguida por agropecuária (300 mil), comércio (274 mil) e indústria (147 mil). Em meio à pandemia e às medidas de restrição à circulação de pessoas, quase todas as atividades amargaram diminuição de ocupação, sendo que o comércio (316 mil para 274 mil) e indústria (178 mil para 147 mil) foram as que demitiram mais.

Apesar da crise, o rendimento médio real habitual das “pessoas ocupadas em todos os trabalhos” aumentou entre o primeiro (R$ 1.774) e o segundo trimestre deste ano (R$ 2.049), situando o Amazonas entre os oito Estados que alcançaram alta nesse quesito. A massa de rendimento, que é a soma de todos os rendimentos dos trabalhadores, alcançou R$ 2.698 milhões, no acumulado de abril a junho deste ano.

Isolamento social 

O supervisor de disseminação de informações do IBGE-AM, Adjalma Nogueira Jaques, ressalta que a influência do isolamento causado pela pandemia do novo coronavírus foi decisiva para as condições de trabalho da população amazonense no segundo trimestre deste ano, e na sensível piora na maior parte dos números apresentados no levantamento.

“Vejam o que ocorreu entre as variáveis ‘ocupados’ e ‘fora da força de trabalho’: a primeira perdeu 160 mil trabalhadores. Em tempos normais, o mais sensato era que esse contingente migrasse para os ‘desocupados’. Mas, o que ocorreu foi que os ‘fora da força de trabalho’ ganharam mais 222 mil pessoas. Isso indica que aqueles que foram demitidos se identificaram como trabalhadores que não estavam ocupados e nem desocupados, ou fora da força de trabalho. Isso deve ter ocorrido por diversos fatores circunstanciais do momento”, encerrou.

Pandemia afeta trabalhos

O IBGE esclarece que, em virtude da pandemia, as pesquisas por amostragem domiciliar passaram a apresentar percentuais de não-resposta (entrevista não realizada) mais elevados do que usualmente esperado. “Embora não haja, até o momento, prejuízos à qualidade dos indicadores-chave da PNAD Contínua, no âmbito da divulgação trimestral, são necessárias melhorias metodológicas”, assinalou o órgão, no texto da pesquisa. Por conta disso, prossegue o IBGE, foram suprimidos alguns domínios de divulgação, “sem prejuízo para a qualidade da informação”.

“Para esta divulgação, os indicadores foram desagregados somente até as unidades da federação e retiramos as desagregações sociodemográficas, como sexo e cor ou raça, assim como dados de rendimento por categoria de ocupação e atividades”, informou a coordenadora de Trabalho e Rendimento do IBGE, Maria Lucia Vieira.

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio
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