Pesquisar
Close this search box.

Tambaqui é artigo de luxo no Estado

Comprar tambaqui em Manaus se tornou um luxo. O amazonense, que é um dos maiores consumidores de peixe no país, chega a pagar R$ 20 em uma unidade do peixe com apenas 2kg, segundo relatos dos feirantes.
Carlos Ancelmo vende peixe há 20 anos na feira do Santo Antônio (zona oeste) e disse que os peixes são adquiridos na Feira da Panair. Lá o quilo do tambaqui custa R$ 7,50 para os comerciantes. Ele explicou que as feiras de Manaus vendem por unidade e que, dependendo do tamanho, o valor pode chegar a R$ 200. “Aqui vendo a unidade de 2,5 kg por R$ 20 ou R$ 25. Mas tem tamanhos que saem bem mais caros”, afirma.
Na feira da Compensa 2 (zona oeste), o cenário é o mesmo. O vendedor Djalma Gadelha disse vender um tambaqui de 3 kg por R$ 30 e que os maiores de 5kg e 10kg saem a R$ 50 e até R$ 150 para o consumidor amazonense. Já nos supermercados da cidade, o preço também é alto. O quilo do tambaqui chega a custar R$ 8,89.
O valor não agrada a população que acha o preço elevado e exagerado. A autônoma Zilma Vieira reclama do preço e do gosto. “Além de ser caro, é ruim. Você tem que adivinhar qual o peixe bom”, disse. O preço alto do tambaqui afeta também alguns restaurantes que compram o peixe de fornecedores no valor de R$ 5 a R$ 8 o quilo, dependendo do tamanho.
Para se ter uma ideia na diferença de preço com outros peixes, os feirantes chegam a vender dez sardinhas por R$ 10, isso fora do período de defeso. No período em que a pesca dessas espécies está proibida, o valor sobe para R$ 20. O pacu, outro peixe tradicional, também sai bem mais em conta que o tambaqui. Cinco unidades custam R$ 10.
Segundo o engenheiro de pesca da ADS (Agência de Desenvolvimento Sustentável do Amazonas), Rigoberto Pontes, um dos fatores que encarecem o tambaqui é que a espécie só tem seis meses de pesca liberada. Nos outros meses, a pesca está proibida por conta do período de defeso que começou em 1º de outubro e vai a 31 de março. Essa limitação na pesca do tambaqui faz com que a maior parte da espécie seja criada em cativeiros, que tem um custo de produção bem mais elevado com o investimento em tanques escavados, tanques-rede, barragem e, principalmente, em ração.
Há também o fato de que boa parte dos peixes oriundos de criatórios vem de outros Estados como Rondônia e Roraima, elevando o preço por conta do custo com a produção e transporte até Manaus.
Outro fator é que o tambaqui é considerado um peixe nobre. “Assim como o pirarucu e o tucunaré, o tambaqui é tradicionalmente um peixe nobre. Não é como outras espécies populares que têm em abundância como jaraqui. Aí entra a lei da oferta e da procura”, explica Rigoberto.
De acordo com o engenheiro, há também a limitação da pesca dessa espécie nas unidades de conservação. “A frota pesqueira comercial não pode ter acesso para captura nessas áreas”, afirma. Segundo a Sepror (Secretaria de Estado de Produção Rural do Amazonas), os valores obedecem à lógica de mercado e variam de acordo com o período de safra e entressafra, quando se trata da pesca extrativa. Em relação ao valor do pescado da piscicultura, ele obedece geralmente o custo de produção, cujo valor é de R$ 4 o quilo, podendo variar por causa de outros fatores, como o transporte.
O chefe do departamento de Pesca e Aquicultura da Sepror, Ivo Calado, afirma que algumas medidas são tomadas para diminuir o impacto dos altos preços ao consumidor. Uma delas são as feiras de produtores que eliminam o atravessador e facilitam a venda direta do produtor ao consumidor. Algumas delas são a do Cigs, da Polícia Militar no Petrópolis, da Cidade Nova e da Aeronáutica.
Outro projeto é o Curumim, que é da espécie tambaqui, só que em tamanho entre 350 e 450 gramas. Segundo Ivo, o projeto foi criado em 2003 com a intenção de comercializar o peixe por um preço mais barato. O curumim é criado em cativeiros e cresce até um determinado tamanho como o de peixes como pacu e jaraqui.

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
Compartilhe:​

Qual sua opinião? Deixe seu comentário

Notícias Recentes

Pesquisar