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Sylvio Puga e Teca Fraxe buscam novo mandato na Ufam

Candidata a vice-reitora da Ufam (Universidade Federal do Amazonas) na chapa do ex-reitor Sylvio Puga, a professora Therezinha Fraxe vê ações com foco na sustentabilidade como grandes estratégias para fortalecer a instituição de ensino.

Segundo ela, a sustentabilidade vai muito além do que convencionamos entender hoje. E abrange praticamente outros temas de suma importância para a sociedade – o campo político, o social, o cultural, a ciência, o territorial….

Graduada em ciências agrárias com pós-graduação em antropologia e sociologia rural, Teca Fraxe, como é mais conhecida, avalia que o Amazonas já teria desenvolvido uma vacina contra a Covid-19 se houvesse uma maior integração do poder público com as universidades da região.      

“Esses saberes locais não são aproveitados. Tenho uma formação híbrida e vejo a Amazônia de uma forma sistêmica, muito ampla. É dessa forma, com essa visão, que eu e o professor Sylvio Puga pretendemos trabalhar nos próximos quatro anos, pautados na sustentabilidade social, cultural, científica, política e territorial. Nossos cientistas estão a postos para promover mais benefícios à sociedade”, ressalta ela.

Fraxe quer também dar mais voz à mulher cientista, empreendedora, educadora, defendendo um maior espaço ao sexo feminino como um ator importante na comunidade acadêmica e também na sociedade.

“Não quero ser igual aos homens em força física. Gosto quando um homem carrega uma cadeira pra eu sentar. Mas quero, sim, ser tão eficaz quanto os homens em termos de cérebro, no conhecimento e no saber pensar”, ressalta a candidata.

A professora salienta que a chapa liderada por Sylvio Puga representa dar continuidade a um trabalho “bem-sucedido” desenvolvido pelo professor que tenta agora a reeleição.

“Nossa missão é fortalecer cada vez mais a Ufam, um dos nossos maiores patrimônios. E isso só acontecerá com novos projetos ou consolidar os já empreendidos. Ninguém bebe a mesma água do mesmo rio. As águas correm sempre, mudam”, argumenta ela.

O professor Sylvio Puga promete emprestar sua grande experiência acadêmica, nas mais diversas atividades da Ufam, dando continuidade a projetos na comunidade e ainda promovendo maior intercâmbio com a sociedade e o poder público.

Uma das metas é possibilitar que a Ufam alcance a nota 5 no IGC (Índice Geral de Cursos), que colocaria a instituição no topo do ranking das universidades brasileiras com ensino de excelência, de melhor qualidade, segundo Puga.

“Vivemos uma nova realidade. A pandemia antecipou em dez anos a difusão de todo esse conhecimento por ferramentas remotas. É dessa forma que pretendemos levar mais benefícios a todos, como é o papel das universidades”, afirma ele.

Tereza Fraxe e Sylvio Puga falaram com exclusividade ao Jornal do Commercio.

Teca Fraxe

Jornal do Commercio –  Alguns questionam se haverá um possível ‘continuísmo’ na Ufam. O que trará a sua chapa para uma nova gestão, agregando mais possiblidades…?

Teca Fraxe – Na realidade, é assim que a sociedade pensa e parte da comunidade universitária também. Pensa que é uma continuidade. Mas não é. O homem não bebe da mesma água no mesmo rio. O homem se transforma. E o rio corre.

Eu tenho uma personalidade construída, uma história construída dentro da Amazônia. Morei três anos no meio da floresta enquanto engenheira agrônoma.

Morei em Coari convivendo com os povos tradicionais e senti na pele o que é ser amazônida. Então, essa questão de continuidade não existe, não paira na nossa cabeça. Estamos com uma nova proposta para a Ufam, que tenha como transversalidade a sustentabilidade em todos os níveis, inclusive nos prédios.

Energia solar, tudo que a Amazônia nos propicie. Temos que dar exemplo como universidade federal.

JC – A sra. falou do desafio das mulheres na ciência, mas historicamente elas têm necessidade de ficar com os filhos, trabalhando em casa.  Desde o ano passado, vivemos sob a égide de uma pandemia, o que agravou a situação. Isso é real, observa-se uma sobrecarga maior para a mulher trabalhar como profissional?

Teca – Isso é 100% verdadeiro. Embora estejamos no século 21, ainda estamos sob a égide de uma sociedade patriarcal. Muitas mulheres, como eu, lutamos pela força da mulher, por mais voz da mulher.

Todos os homens são criados de forma diferenciada. As mães levam os alimentos para os meninos

As meninas, não, elas vão pra cozinha. As mulheres sabem o que significa o trabalho doméstico, cuidando das crianças.

Essa é uma luta de séculos que as mulheres estão tendo. Mas estamos agora na Ufam ressignificando o papel da mulher. De que forma? A mulher na política, como vice-reitora, como cientista. Já temos estudos que, na área de química, a maioria das doutoras é mulher, e também as cientistas.

Mas quando elas chegam em casa têm que cuidar dos filhos e dos maridos. Então temos que pensar nessa sociedade do século 21. Como lutamos tanto por uma igualdade. Não quero ser igual a um homem no que diz respeito à força. Eu adoro que um homem carregue uma cadeira pra mim. Eu sou igual no cérebro, na forma de pensar.

E é isso que estamos trabalhando na questão da Ufam no século onde a mulher tem seu papel fundamental. Formei em novembro e em janeiro já estava nas comunidades rurais. Sou Simone de Beauvoir  – “Não nascemos mulheres e não nascemos homens – nós nos transformamos em mulheres e homens”.

Sylvio Puga

JC – Professor, com tantos retrocessos na política pública federal, como promover uma agenda positiva para a Ufam?

Sylvio Puga – Primeiro, quero comentar o planejamento institucional. Em 2018, tivemos R$ 38 milhões de nosso orçamento que foram contingenciados.

Honramos todos os nossos compromissos e fechamos o ano sem problemas. Tudo isso deve-se ao planejamento na nossa instituição.

Temos uma equipe técnica preparada para esses desafios e conseguimos superar grandes problemas que enfrentamos naquele momento.

Em 2020, veio a pandemia. Homem muito experiente, o professor Bernardino Albuquerque,  da faculdade de medicina da Ufam, nos alertou quando as primeiras notícias de Covid-19 ainda aconteciam na China.

O professor Bernardino me procurou e pediu uma audiência. E disse que, infelizmente, a doença iria chegar também por aqui.

E perguntei “o que devemos fazer?”. Ele respondeu, nomeie imediatamente uma comissão para tratar desse problema.

Quando foi detectado o primeiro caso de Covid no Amazonas, paralisamos em função dessa informação técnico-científica.

JC – Continuamos enfrentando essa pandemia que afeta todas as áreas. A vacina ainda não atingiu a todos. Como vê essa questão de estabelecer uma educação através de canais remotos?

Sylvio – A universidade é muito complexa. Quando nosso conselho de ensino e pesquisa elaborou o calendário de 2021, avaliou as especificidades das diversas unidades acadêmicas. Então, o nosso calendário dá a oportunidade para cada unidade decidir a forma de atuação.

Na odontologia, por exemplo, não dá pra fazer aulas práticas de forma remota, só as teóricas. A Ufam é muito grande e complexa.

A nossa resolução definiu cada caso. Claro que o aluno da saúde precisa estar vacinado e com os EPIs, em condições para o menor risco possível. Estamos trabalhando nessa direção.

JC – Com a reeleição, o que o sr. poderá realizar que não conseguiu fazer na gestão anterior?

Sylvio – Antes da pandemia, tínhamos conseguido a nota 4 no IGC (Índice Geral de Cursos).

A partir desta nota, poderíamos pleitear mestrado e doutorado a distância junto à Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior).

Na educação a distância tivemos nota 4. Se não tivéssemos a pandemia, já estávamos na nota 5. Nossa grande meta é a Ufam chegar, em 2025, com a nota 5, igualando-se às grandes universidades do país.

Então, a busca dessa nota máxima vamos perseguir pra que a gente possa cada vez mais elevar o nome da Ufam.

JC – A academia entrou num grande turbilhão com a pandemia, que obrigou muitos setores a se ‘reinventarem’. O que a Ufam tem feito para atingir um ensino de excelência nessa conjuntura?

Sylvio – Esse é o grande desafio para a nossa instituição. Estamos formando pessoas nessa realidade remota. Dois anos atrás, alguém falaria sobre isso?

Mas a nova realidade nos impôs essa necessidade. Tivemos que nos reinventar. Fizemos a colação em Benjamin Constant, Itacoatiara, de forma remota.

E assim vamos cumprindo nossa missão. Esse pensar fora da caixa é o grande desafio pra todos nós. Esse mundo que estamos vivendo aconteceria no final desta década.

Mas a pandemia antecipou dez anos. Já estamos vivendo a nova realidade definitivamente com essas mudanças.

Precisamos estar cientes que essa mudança veio pra ficar. Toda mudança vai gerar novos processos. E é claro que a universidade vai realmente fazer essa reflexão sobre esse novo cenário junto com os colegiados e as diversas unidades acadêmicas.

JC – Daqui a pouco teremos eleições para a nova reitoria da Ufam. Então, se alguém perguntasse ‘por que eu deveria votar no Sylvio Puga?

Sylvio – Estou na Ufam desde 1998 como docente. Desde lá, exerci várias funções importantes. Passei a entender muito a instituição com o olhar na extensão.

Fui pró-reitor e também reitor. Quem olhar a minha trajetória, verá que conheço bem a instituição, o que permitiu a mim chegar aonde cheguei.

Então, quando os problemas chegam eu sei como sanear. Tenho na minha cabeça a busca das soluções. Essas funções que exerci me deram muita experiência para o cargo. Agora me coloco pela segunda vez ao lado de Terezinha Fraxe.

Por que faço isso? Em nenhum momento por vaidade

O meu prazer é dizer que, hoje, a Ufam tem nota 4 no IGC. Mas não foi o reitor que conseguiu isso. É um esforço de toda a comunidade acadêmica, nos colocando num patamar onde poucas universidades estão no Brasil.

Quando atingirmos a nota 5, vamos ficar no topo do ranking. Então, eu exerço essa função com muita humildade, muito respeito ao contraditório, aos demais colegas que disputam a reitoria.

E se  temos erros, o próximo quadriênio será a oportunidade para corrigirmos.

Foto/Destaque: Divulgação

Marcelo Peres

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