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Sucessão familiar precisa ser planejada

Fazer com que um empreendimento empresarial tenha sucesso e depois passá-lo a um sucessor é um dos principais desafios das empresas familiares. Muitos dos grandes negócios do mundo se iniciaram com as idéias, o empenho e o investimento de indivíduos empreendedores e seus parentes. Somente nos EUA, gigantes como Wal-Mart, Ford, Coca-Cola, Motorola e Hewlett-Packard são exemplos de empresas que foram fundadas e pertencem ou são controladas por famílias.
Especialistas e empresários apontam a substituição de uma geração por outra, mais especificamente a segunda pela terceira, quando se passa a envolver os netos dos fundadores, como o maior desafio para esse tipo de negócio. Não é apenas pelo fato de pertencer ao núcleo proprietário do investimento que o indivíduo é capaz de fazer uma boa gestão. Estatísticas confirmam que menos de 15% das organizações familiares sobrevivem sob o controle familiar após a terceira geração.
Para o professor e economista Rodemarck Castello Branco, “a empresa surge como resultado da capacidade empresarial do fundador, que sabe vender, produzir, e, graças aos seus esforços, o empreendimento cresce, às vezes de maneira rápida, às vezes lentamente. O problema é que muitas vezes, na hora de repassar para os filhos, esses não possuem as características necessárias, como o conhecimento, por exemplo, para gerir o negócio”, analisou.

Transferindo responsabilidades

Em Manaus, as lojas Bemol, a fábrica de refrigerantes Ma-gistral e o Grupo Simões são exemplos de instituições privadas que mantiveram o sucesso mesmo após o processo sucessório. Algumas, como a TV Lar, ainda estão se preparando para passar o controle gerencial para a segunda geração.
Para José Azevedo, proprietário da TV Lar, grupo que conta com 24 lojas em todo o Estado, sendo 21 em Manaus, e três no interior (Manacapuru, Coari e Presidente Figueiredo), o segredo na hora de passar o comando para a geração seguinte é formar um sucessor para ser mais capaz e competente que o fundador.
Antonio Azevedo, o herdeiro, observou que ganhar a confiança deste é um grande desafio para o sucessor, mostrando que o empreendimento estará em boas mãos. Antonio disse acreditar que na TV Lar o processo está sendo lento, e que seu pai, José Azevedo, já poderia ter criado um conselho de administração para controlar o corpo gestor.

Profissionalizar é essencial, afirma economista

Segundo Rodemarck Castello Branco, quando as empresas começam a crescer, é necessário que elas se profissionalizem, colocando na gerência profissionais competentes para a gestão do empreendimento.
“Na cidade, a questão da transição é um problema sério. Alguns empresários tiveram capacidade de formar seus sucessores. No entanto, há uma série de empresas que durante o processo sucessório passaram a perder participação no mercado. Não preparam as pessoas, e nem se profissionalizaram”, ressaltou.
Na Bemol, empresa com posição sólida no mercado local, e que está em curso o segundo processo de transição familiar, a questão da profissionalização vem sendo trabalhada desde 2003, com a formulação do acordo societário, com grande participação de membros da família Benchimol, e de profissionais qualificados de fora. Para o presidente do grupo, Jaime Benchimol, sucessor de Samuel Benchimol, não há uma receita única para que o empreendimento tenha sucesso no período posterior ao seu pioneiro. “Cada empresa familiar tem a sua cultura, e essa cultura tem que ser observada por ocasião do processo de transição. No nosso caso específico, essa mudança na direção foi feita no decorrer de um longo período”, frisou Jaime.
Para o empresário, o primeiro aspecto a se entender é que existe diferença entre empresa, família e sociedade. “Precisamos considerar o empreendimento como entidade independente. A família pode participar desde que esteja apta e consciente de que o melhor pra si, pode não ser o melhor pro negócio”, afirmou Jaime.

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
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