Pesquisar
Close this search box.

Subsetores da indústria local seguram resultados

O PIM desacelerou nas vendas e nas contratações em abril, após três meses seguidos de altas. As vendas em dólares recuaram 14,61% ante março, passando de US$ 3.08 bilhões para US$ 2.63 bilhões. O resultado, no entanto, ainda foi 15,35% melhor do que o de 12 meses atrás (US$ 2.28 bilhões). Convertido em reais (R$ 12,87 bilhões), o decréscimo mensal foi de 11,73%, enquanto a expansão em 12 meses ficou em 4,55%. Os empregos, por outro lado, seguiram acima do patamar histórico dos 100 mil, apesar do novo recuo.

O quadrimestre seguiu positivo para o faturamento em ambas as medidas. A alta registrada em dólares (US$ 10.52 bilhões) foi de 20,06%, sendo acompanhada por uma elevação mais modesta de 8,98%, em reais (R$ 52.68 bilhões). Os dados são dos Indicadores de Desempenho do Polo Industrial de Manaus, e foram divulgados pela Suframa, nesta quarta (29). Assim como nos meses anteriores, os subsetores mais fortes PIM foram em direções opostas: bens de informática e duas rodas avançaram, mas eletroeletrônicos recuaram. Com isso, os resultados do acumulado ficaram ainda mais distantes da projeção inicial do setor, que era crescer 35% em 2022. 

Na análise em dólares, 20 dos 26 subsetores listados pela Suframa encerraram o acumulado do ano no azul. A maior alta proporcional se deu novamente no segmento minoritário de “diversos”, o único a alcançar alta de três dígitos (+101,23% e US$ 28.40 milhões). Foi seguido de longe pelos polos de brinquedos (+56,49% e US$ 14.94 milhões) e de duas rodas (+52,18% e US$ 1.56 bilhão). O tombo mais significativo veio do subsetor de termoplásticos para bens de informática (-17,06% e US$ 2.89 milhões).

Majoritárias e responsáveis, juntas, por quase metade do faturamento total do PIM, as divisões de bens de informática e eletroeletrônicos voltaram a ficar em extremos opostos em termos de faturamento. A primeira emendou o terceiro mês de liderança, respondendo por 32,28% de participação e alta de 42,42% no quadrimestre (US$ 3.39 bilhões). A segunda correspondeu à metade desse share (16,78%) e viu as vendas encolherem 7,24% (US$ 1.77 bilhão). As posições seguintes do ranking foram ocupadas pelos subsetores de duas rodas (14,81%), termoplásticos (8,50% e US$ 894.95 milhões), metalúrgico (8,32% e US$ 875.98 milhões) e produtos químicos (8,23% e US$ 866.06 milhões). 

Entre os principais produtos do PIM, os destaques positivos de produção no acumulado vieram das motocicletas, motonetas e ciclomotores (alta de 21,96% e 443.153 unidades), bicicletas (+4,21% e 203.109), tablets (+29,17% e 714.178) e lâminas e cartuchos (+37,03% e 52.256 milhões). Tradicionais carros-chefes do Polo, entretanto, foram na direção oposta, a exemplo das TVs com tela LCD (-19,70% e 2.982.275), apesar de o ano ser de Copa. A lista inclui ainda celulares (-45,45% e 2.450.140) e condicionadores de ar split system (-52,23% e 1.050.074) – sendo que estes sofreram também o impacto da sazonalidade.

Empregos desaceleram

Os empregos do PIM seguiram acima da marca dos 100 mil, mas, o contingente desacelerou de novo. A média obtida em abril foi 101.091 vagas, entre trabalhadores efetivos, temporários e terceirizados. Ficou 3,77% abaixo do dado de março (105.056), sendo o menor patamar desde dezembro de 2020 (100.871). Já a comparação com o mesmo mês do ano passado (102.810) mostrou decréscimo de 1,67%.

A média mensal de mão de obra do PIM marcou estabilidade no acumulado do ano, mas já com troca de sinal. No total, foram contabilizados 105.012 postos de trabalho no exercício atual, o que equivale a uma leve variação negativa de 0,26% ante o “ano cheio” de 2021 (105.291). Mesmo assim foi o segundo melhor número desde 2016 (86.885), embora ainda tenha ficado bem distante do patamar de 2015 (105.015). 

Levando em conta só a mão de obra efetiva, foram eliminadas 1.740 vagas até abril, dado o predomínio dos desligamentos (8.084) sobre as contratações (6.865). Foi o terceiro dado negativo seguido, após os cortes promovidos até fevereiro (-343) e março (-1.219). Foi o pior resultado da série histórica fornecida pela Suframa, desde 2018 (-1.310). Em divulgações anteriores, a autarquia federal informou que as ocupações diretas em mão de obra representam mais de 80% dos empregos da indústria amazonense, em média.

Evolução e monitoramento

Em texto divulgado por sua assessoria de imprensa, o titular da Suframa, Algacir Polsin, considerou que os números são positivos, pois demonstram evolução do faturamento global do setor fabril e a manutenção da média de empregos diretos gerados pelas empresas incentivadas pela ZFM, mesmo diante de todas as dificuldades. 

“Ainda assim, estamos monitorando diuturnamente os Indicadores e mantendo contato com diversas entidades de classe e representações do PIM, de forma a ouvir demandas, identificar cenários e buscar continuamente formas de promover a melhoria do ambiente de negócios e dos padrões de competitividade da indústria regional”, tranquilizou.

Estabilidade na crise

Em entrevistas anteriores à reportagem do Jornal do Commercio, o presidente da Fieam (Federação das Indústrias do Estado do Amazonas), e vice-presidente executivo da CNI (Confederação Nacional da Indústria), Antonio Silva, assinalou que, se o problema na cadeia de fornecimento de matéria-prima, persistir no segundo semestre, o crescimento deve ser menor que o previsto. Em nova entrevista, o dirigente reforçou que os dados da Suframa confirmam um cenário de “relativa estabilidade” para o Polo Industrial de Manaus

“Isso ocorre tanto em relação ao faturamento, quanto ao número de empregos. Considero os dados alvissareiros. No cenário de crise pelo qual passamos atualmente, tão importante quanto a retomada, é a manutenção dos indicadores. Diante dos problemas inflacionários, e do fornecimento de matéria-prima, é natural que os números tivessem uma branda inflexão negativa. A expectativa, contudo, é que mantenhamos os indicadores estáveis”, amenizou.

Na mesma linha, o presidente da Aficam (Associação dos Fabricantes de Insumos e Componentes do Amazonas), Roberto Moreno, salientou que os resultados estão dentro do esperado, dadas as dificuldades na aquisição de insumos, custos logísticos e oscilações econômicas. O dirigente enfatiza que a crise é mundial, com efeitos mais visíveis na cotação do petróleo e na variação cambial. 

“Faltam matérias primas, mas isso não é generalizado: ocorrem mais desabastecimentos momentâneos em alguns setores, e outros não. Isso se deve ao poder de compra que as empresas exercem sobre fornecedores, e das quantidades que fazem seus pedidos firmes com eles. É claro que as estratégias de cada um vislumbram o mercado no futuro, e em grande maioria, acreditam na normalização dos insumos para o próximo semestre e próximo ano”, ponderou.

O presidente da Aficam demonstra otimismo e diz que confia na possibilidade de mais contratações. “O Brasil ainda tem conseguido girar a roda da economia de forma invejável, comparado a grandes nações. Isso se deve aos esforços da cadeia produtiva em atender clientes, uma vez que o mercado ainda demonstra viés comprador. As eleições podem trazer impacto, mas acredito que, dependendo do resultado das urnas, isso ditará os números projetados pelas indústrias, mais para o final do ano”, arrematou.

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio
Compartilhe:​

Qual sua opinião? Deixe seu comentário

Notícias Recentes

Pesquisar