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Startups nas Academias

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O termo startup surgiu não faz muito tempo e a grande maioria das pessoas ainda não sabe o seu significado. Em tradução literal significa arranque, partida. Na prática, a denominação de startup é dada a alguém que começa algo, a partir de uma ideia, normalmente relacionado a empresas e companhias. O Jornal do Commercio foi procurar startups dentro de duas universidades públicas: a Ufam e a UEA, pois dentro do universo de pensadores, tanto professores quanto alunos, existente dentro das academias, é que surgem muitas ideias interessantes.

Na Ufam, Waltair Vieira Machado, professor de física aplicada, no Departamento de Eletrônica da Faculdade de Tecnologia, é o Pró-reitor de Inovação Tecnológica, Protec, responsável por coordenar as startups que surgem dentro da Universidade. “Temos como missão, entre outras ações, fomentar, apoiar, promover e acompanhar as ações que tenham por finalidade a inovação tecnológica. Também somos responsáveis por acompanhar pesquisas que envolvem o uso das tecnologias sociais, na busca de transferir e comercializar os ativos intelectuais produzidos para o setor produtivo”, explicou.

A Protec foi efetivada em 2011 e “desde então, umas 20 startups já passaram pela academia. Hoje temos doze. Mas ideias inovadoras sempre surgiram entre professores e alunos, aqui na Ufam, a diferença é que antes não se tinha a visibilidade que se tem hoje”, revelou. “Um exemplo é o do professor doutor Manuel Cardoso que começou, em 1993, fazendo consultoria sobre automação em empresas do PIM (Polo Industrial de Manaus) e hoje é dono da MAP Cardoso, que consolidou a sua tecnologia e, em seguida, expandiu para os demais centros industriais do país, depois Argentina, China e Europa”, contou.
Uma das características de uma startup é receber apoio e investimento de grandes empresas e empreendedores interessados especificamente na pesquisa que determinada startup está realizando. Em 2016, um projeto da USP/São Carlos com o IComp/Ufam foi selecionado pelo Google e está recebendo uma bolsa de pesquisa. O projeto passou a fazer parte do programa de Bolsas de Pesquisa Google para a América Latina. Dos 473 pedidos de financiamento recebidos pela empresa, de 13 países, apenas 24 propostas foram selecionadas para receber financiamento.

Uma prova de que as startups são uma forma de negócios ainda em formação, é que só agora se começa a pensar na sua regulamentação, com a criação de um marco legal porque, segundo especialistas, as leis atuais não se aplicam à velocidade inerente a cadeia produtiva dessas empresas, além de não garantirem segurança jurídica aos negócios da inovação.
“O primeiro passo seria definir em lei o conceito de startup e detalhar os diferenciais desse tipo de empresa, como a aplicação do lucro no próprio negócio. A partir daí, o desafio é criar incentivos a investimentos, que hoje são vistos como de alto risco”, disse Rodrigo Afonso, diretor da Dínamo, organização da sociedade civil para a articulação de políticas públicas para startups, durante o seminário ‘Revolução digital no Brasil: Tecnologia, Estado e Sociedade’, ocorrido em Brasília, no mês passado.

Dois ciclos de evolução

Na UEA, Sávio Rizzato, professor do curso de administração, é o coordenador da incubadora da Universidade. “Atualmente temos onze startups ligadas à UEA. Como eu classifico uma startup? Uma ideia, transformada em um negócio com potencial de crescimento rápido, não necessariamente um negócio ligado à informática, mas que use a tecnologia como base para o seu desenvolvimento”, disse.
“Cito como exemplo o trabalho de pesquisa do professor doutor Marcondes Gonzaga Jr. sobre armazenamento e congelamento de pescado. Ele conseguiu descobrir uma forma para reduzir o tempo de congelamento e ainda assim manter as propriedades do pescado. Já têm empresas frigoríficas interessadas na compra dessa tecnologia e o próprio professor já pensa em abrir uma empresa para armazenar e congelar peixes”, adiantou.

“As startups integram o que chamamos de incubadoras e lá elas ficam até que se transformem realmente em empresas e possam ‘voar com as próprias asas’. E existem as pré-incubadas, que ainda não têm estrutura nenhuma de empresa, apenas possuindo uma ideia a ser desenvolvida, como a Briquete da Amazônia, que pretende transformar restos de papel em carvão”, revelou.

“Posso citar também a Flying Saci, que está desenvolvendo um aplicativo que ajuda a desenvolver a inteligência matemática das crianças. Trata-se de um game, um jogo, no qual as crianças brincando, vão aprendendo matemática sem perceber; e a Tec Nurse. Esse segundo aplicativo está sendo desenvolvido por uma enfermeira e o objetivo dele é a pessoa monitorar a glicemia, os batimentos cardíacos e várias outras reações do organismo relacionadas à própria saúde”, explicou.

“As startups na UEA podem ser divididas em dois ciclos. O primeiro deles, iniciou em 2013, com a incubadora e três empresas. O segundo ciclo começou em 2016, a partir do momento em que passamos a integrar a Anprotec (Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores). Reestruturamos a incubadora e passamos a adotar novas metodologias e regras para as nossas startups, enquanto aguardamos a criação de uma lei específica para esses empreendimentos”, revelou.

Por dentro

O pró-reitor de inovação e tecnologia da Ufam (Universidade Federal do Amazonas), Walter Vieira Machado, destacou cerca de 20 startups que surgiram na universidade, e hoje atuam no mercado. Entre elas estão a Neemu Tecnologia, a maior processadora de e-commerce do Brasil e a Akwan Tecnologia vendida para o Google em julho de 2005 e atualmente atua como centro de pesquisa da multinacional no Brasil. Outras que se destacaram-se foram a Zunnit Tecnologia, pharmakos da amazônia, pronatus da Amazônia, Farmácia agora (aplicativo que localiza medicamentos disponíveis para venda na cidade) e a MAPCardoso que trabalha com automação industrial e soluções de inteligência artificial.

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
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