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Setores de mecânica e metalúrgica em alta

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De carona na alta sustentada do polo de duas rodas nos dois últimos anos, e reforçado pela recuperação do polo eletroeletrônico na reta final do exercício anterior, os polos metalúrgico e mecânico ganharam os holofotes dos investidores no ano anterior, após o STF (Supremo Tribunal Federal) dar ganho de causa a ZFM e conceder crédito de IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) aos componentistas de Manaus. 

Dono de uma fatia de 7,62% do faturamento global do PIM, o polo metalúrgico conta com 50 fábricas elencadas pela Suframa, em seu levantamento mais atualizado. Com 5,72% do bolo e 25 empresas incentivadas no parque fabril de Manaus, o segmento mecânico pode ser menor no tamanho, mas não em importância. Ambos os subsetores estiveram em evidência em 2019 e ajudaram a puxar as vendas da indústria da Zona Franca com altas de duas casas decimais no período.

Os dados mais recentes da Suframa (Superintendência da Zona Franca de Manaus) apontam um crescimento de 28,06% para o volume comercializado pelo polo metalúrgico da ZFM em dólar, nos dez meses iniciais de 2019. Foram US$ 1.69 bilhão (2019) contra US$ 1.31 bilhão (2018). Em reais, a expansão foi ainda maior e alcançou 38,51%, ao passar de R$ 4,76 bilhões (2018) para R$ 6,59 bilhões.

Os Indicadores de Desempenho do Polo Industrial de Manaus informam também que o polo mecânico faturou US$ 1.27 bilhão entre janeiro e dezembro do ano passado, valor 23,03% superior ao apresentado em igual período de 2018 (US$ 1.03 bilhão). Convertido em moeda nacional, o segmento avançou 32,68% no acumulado do exercício anterior, saltando de R$ 3,78 bilhões (2018) para R$ 5,01 bilhões (2019).  

Veículos e eletrônicos

Apesar das elevações bem acima da média para os dois subsetores, os dispêndios do PIM na aquisição de insumos em geral se manteve em baixa no período analisado, conforme aponta autarquia. O passivo do Polo com a compra de partes e peças subiu apenas 1,35% na media em dólares, de US$ 11.62 bilhões (2018) para US$ 11.78 bilhões (2018). Em moeda nacional, os gastos da indústria incentivada para esse fim avançaram 8,98%, totalizando R$ 46,09 bilhões (2019) contra R$ 42,30 bilhões (2018).   

A mesma base de dados informa que pelo menos 21,07% (US$ 2.48 bilhões ou R$ 9.71 bilhões) dos componentes utilizados pela indústria incentivada de Manaus em seus processos produtivos, até outubro de 2019, veio de fornecedores instalados na capital amazonense. A maior parte (64,83%), contudo, continuou vindo do estrangeiro (US$ 7.64 bilhões ou R$ 29,88 bilhões) e a minoria (14,10%) foi fornecida por outras unidades federativas brasileiras (US$ 1.66 bilhão ou R$ 6,49 bilhões).

Os clientes preferenciais seguiram sendo os fabricantes de veículos de duas rodas e de aparelhos eletroeletrônicos. No primeiro caso, 39,40% de seus componentes vieram de fornecedores atuantes no parque fabril manauense, totalizando US$ 877.50 milhões (ou R$ 3,43 bilhões) em compras. O segundo dispendeu 17% de seu orçamento para a aquisição de partes e peças de fabricantes locais, o equivalente a US$ 996.10 milhões (ou R$ 3,89 bilhões).  

O catálogo de produtos dos polos mecânico e metalúrgico é diverso e inclui desde bateiras para celulares a motores de explosão. No caso do insumo eletroeletrônico, de janeiro a outubro, o número de unidades fabricadas (10,48 milhões) e vendidas (11,37 milhões) no período parcial de 2019 superou com folga os números cheios de 2018 (9,90 milhões e 10,38 milhões, respectivamente). O mesmo pode ser dito do faturamento (US$ 86.91 milhões e R$ 341,16 milhões), que também ganho de 2018 (US$ 80.58 milhões e R$ 294,19 milhões).

Já o componente mecânico registrou produção de 9.237 unidades e uma venda ainda maior (14.674), com faturamento de US$ 15.41 milhões (R$ 60,55 milhões). Para efeito de comparação, os números consolidados em 2018 foram de 7.103 e 6.337 peças, respectivamente, e US$ 17.04 milhões (R$ 62,40 milhões).

Prospecção de negócios

Presidente do SIMMMEM (Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico de Manaus) e também vice-presidente da Fieam (Federação das Indústrias do Estado do Amazonas), Nelson Azevedo, disse ao Jornal do Commercio que, embora ainda não tenham atingido o número ideal, nem recuperado o vigor dos anos pré-crise, ambos os segmentos atravessaram um 2019 de recuperação e ensaiam um 2020 com volume de negócios ainda maior.

“Estamos bem melhores do que 12 meses atrás. Participei de uma reunião, na semana passada, na qual participaram representantes de 40 empresas, entre fabricantes de bens finais e de componentes, para tomada de preços e prospecção de negócios. A segurança jurídica que veio da decisão do Supremo, além da variação do dólar, e até mesmo o medo do coronavírus está fazendo com que muitas indústrias procurem saber o que temos a oferecer em termos de capacidade de produção de insumos”, comemorou.

Câmbio e insegurança

O executivo admite, contudo, que o favorecimento do câmbio é um dado volátil – embora a tendência de curto prazo ainda aponte para o viés de alta – e também tende a prejudicar os componentistas, uma vez que tanto o polo mecânico (66,10%), quanto o metalúrgico (23,45%) ainda apresentam elevados índices de importação de insumos em seus processos. O mesmo se dá em relação ao coronavírus, que também tende a não poupar ambos os subsetores. 

Nelson Azevedo ressaltou que grande parte dos projetos de implantação de unidades fabris em Manaus apresentados e aprovados nas reuniões do CAS (Conselho de Administração da Suframa) e do Codam (Conselho de Desenvolvimento do Estado do Amazonas) realizadas ao longo do ano passado foram de fabricação de componentes – muitos deles para o polo metalúrgico.

No entendimento do dirigente, apesar do aval do STF e da nova Lei de Informática, os componentistas da Zona Franca de Manaus, assim como os fabricantes de bens finais do parque fabril incentivado, carecem de segurança jurídica. Teme-se, por exemplo, uma repetição do caso de esvaziamento da alíquota de IPI para o crédito presumido, assim como ocorre atualmente no polo de concentrados. “O que ainda falta para nós é uma estabilidade nas regras do jogo. A confiança é a melhor forma de convencer o empresário a investir, empregar e arrecadar”, finalizou.

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
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