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Setor varejista do Amazonas está pessimista quanto às vendas de maio

Acervo JC

O comércio varejista do Amazonas está tendo de se reinventar para driblar a restrição do atendimento presencial nas lojas dos segmentos não essenciais – com vendas online, por redes sociais, telefone e a até drive-thru. O setor, contudo, já trabalha com a certeza de que o volume comercializado no Dias das Mães deste ano sofrerá um tombo de pelo menos dois dígitos, com uma queda de 25% a 40% em relação a 2019.

Não há contabilidade oficial das perdas decorrentes do fechamento em massa do varejo de bens duráveis e semiduráveis, por conta das medidas contra o Covid-19. Nenhuma empresa anunciou encerramento definitivo de atividades, mas as demissões já custaram 6.000 empregos. Caso a crise se prolongue, a expectativa é que os cortes eliminem de 10% a 15% da força de trabalho – o equivalente a 40 mil a 60 mil dos 400 mil trabalhadores pré-pandemia.

O presidente da FCDL-AM (Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas do Estado do Amazonas), Ezra Azury, estima que o comportamento das vendas do varejo no Dia das Mães deve seguir em sintonia com a trajetória estimada pelo governo do Estado na queda de ICMS – 25% em abril e 40% em maio –, embora o desempenho do tributo seja impactado pela média de todos os setores.

“Acredito que devemos cair uns 35%. As lojas maiores, assim como alguns shoppings, estão fazendo de tudo para estabelecer canais com o cliente, inclusive a adoção de televendas com entrega por drive-thru. Algumas já até mantinham sites para comercializar produtos, e terão mais facilidade. Mas, as empresas menores não estão conseguindo, e isso será demonstrado na arrecadação”, lamentou.   

“Nicho de mercado”

O presidente em exercício da Fecomercio-AM (Federação do Comércio de Bens e Serviços do Estado do Amazonas), Aderson Frota, também antecipa queda de dois dígitos, mas considera que a saída pelo delivery é limitada não apenas pelo porte das empresas, como também pelo perfil dos produtos e nichos de mercado.  “Nosso consumidor é muito materialista. Gosta de ver e tocar o que está vendo, principalmente no caso de roupas e sapatos. O comercio, por outro lado, está limitado aos segmentos essenciais e praticamente sem vendas. Devemos cair uns 30% nesse período”, ponderou.

Sem arriscar números, o presidente da ACA (Associação Comercial do Amazonas), Ataliba David Antônio Filho, avalia que o Dia das Mães deste ano será bem mais fraco, com o predomínio de “presentes singelos”, como flores e cartões, no lugar de bens duráveis e semiduráveis – de maior valor agregado. “Fica mais fácil fazer comprar livros e discos online. Mas, é um pouco mais complicado com eletroeletrônicos, que precisam ser testados. Roupas e calçados precisam ser experimentados pelo cliente, para ver se o tamanho dá”, justificou. 

Desobediência civil

Este será o primeiro Dia das Mães com o comércio majoritariamente de portas fechadas – com exceção de supermercados, drogarias e petshops. Diante das dificuldades, crescem rumores de que uma parcela significativa dos empresários do varejo amazonense estaria disposta a promover reaberturas em massa, caso o fechamento se prolongue após o dia 11 de maio. Entidades de classe ouvidas pelo Jornal do Commercio, contudo se dividem quanto à efetividade, alcance desse movimento de desobediência civil.

O presidente em exercício da Fecomercio-AM diz que tem conversado muito com os associados da entidade e que os depoimentos estão “mais rebeldes” do que o de costume. “Acredito que pelo menos oito empresários em cada cem estariam dispostos a isso, incluindo todos os segmentos e portes do comércio. É o desespero falando mais alto. Nosso setor já viveu outras crises antes e temos que ter cabeça fria para passar por mais esta. Acho que estamos passando pelo ápice da pandemia”, asseverou Aderson Frota.

O presidente da ACA concorda que o momento é extremamente difícil para o setor, mas destaca que é incomparável ao que foi vivido pelas empresas em outras crises, embora não arrisque dizer o que vai acontecer. “Algumas pessoas já estão desesperadas. Gostaríamos de reabrir, e garantimos que teríamos todos os cuidados, mas o gabinete de crise sinaliza que o fechamento pode ocorrer até junho. Os números muito altos do Covid-19 em nosso Estado nos tiram os argumentos e trazem o perigo de um lockdown”, alertou.      

Mais assertivo, o presidente da FCDL-AM aposta que o movimento não vai prosperar, sendo iniciativa de uma minoria de empresários do setor. “Isso é coisa de meia dúzia, sem poder econômico e de decisão. Já é certo que não poderemos reabrir pelo menos até 11 de maio. O setor está passando um momento muito difícil, mas a entidade defende que temos de trabalhar de acordo com a lei e sem oferecer riscos à população”, concluiu Ezra Azury. 

Fonte: Marco Dassori

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
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