Pesquisar
Close this search box.

Setor mandioqueiro carece de práticas de manejo, mostra pesquisa

A mandioca, matéria-prima da farinha, complemento alimentar essencial no prato do brasileiro – especialmente do sertanejo e dos habitantes do Norte do país -, alimenta cerca de 500 milhões de pessoas no mundo inteiro. A pesar dessa importância, o setor mandioqueiro no Amazonas enfrenta gargalos por falta de uma política que promova a melhoria do processo produtivo através da adoção de práticas de manejo para época do plantio, correção do solo e adubação, entre outras.
A mandioca é cultivada em mais de 90 países, permitindo uma participação de 12,75% do total da produção mundial. No Brasil, apesar de existir plantações em todas as regiões do país, a prática utilizada ainda é a tradicional, apoiada na fertilização natural do solo. Os dados fazem parte de estudos da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) apresentados durante o 9º Seminário de Desenvolvimento da Amazônia Ocidental, realizado durante a semana pela Faea (Federação da Agricultura e Pecuária do Amazonas).
O estudo, segundo o presidente da Faea, Eurípedes Lins, tem por objetivo mostrar aos produtores rurais, técnicos e extensionistas que participaram do evento a importância da mandioca na geração de emprego e renda principalmente nas áreas mais pobres do Brasil que são as regiões Norte e Nordeste, conforme revelam os dados. São dessas áreas que saem grande parte da produção em torno de 27,3 milhões de toneladas de raiz sendo o estado do Pará o líder com 5.216.955 toneladas, seguido do Amazonas com um volume produtivo de 678.420 toneladas extraídas de áreas produtoras de Tefé, Itacoatiara, Uarini, Nhamundá, Maués, Autazes, Careiro e Manaquiri.

Mandioca e macaxeira

No Amazonas o produto mais conhecido dessas raízes é a farinha, grãos classificados em d’água, seca, mista e de tapioca consumida no café, no vinho do açaí e em bolos. Outro produto da mandioca é a goma ou polvilho doce utilizado no tacacá e para fazer a tapioquinha, item imprescindível no café regional. Também são produtos dessas raízes o beiju, o pé de moleque, além da macaxeira in natura cozida item também do café regional além do carimã ou massa puba e o tucupi são outros produtos extraídos dessas raízes.
Além da farinha que é o principal produto da mandioca, o estudo mostrou apontou derivados da mandioca que podem alcançar outros mercados e agregar valor como a raspa, que substitui o milho em 10% na ração balanceada. A farinha panificável (farinha de raspa) produz a panificação, os biscoitos e macarrão. E nessa linha de comercialização está macaxeira pré-cozida com preços competitivos e a macaxeira congelada.

Estudo também mostra os subprodutos importantes para desenvolver a área

O estudo da Embrapa apontou também alguns subprodutos de extrema importância para o desenvolvimento do setor como a maniçoba, a farinha de folha e a alimentação animal extraídos da folha da mandioca além do farelo de fecularia, a casca e entrecasca e a parte aérea da mandioca.
Da manipueira se pode extrair o tucupi, fertilizante, herbicida, nematicida, repelente e adubo foliar como subprodutos altamente utilizáveis no setor rural.
No entanto, o setor enfrenta dificuldades e estudo mostrado durante o seminário da Faea, tais como: a não melhoria do processo produtivo pela não adoção de práticas de manejo como época de plantio; correção do solo e adubação; espaçamento adequado; capina no tempo certo; e também época de colheita e estabelecimento da cultura.
Outro gargalo apontando pela Embrapa é a permanência dos métodos tradicionais de produção, apoiado apenas na fertilidade natural dos solos e na força de trabalho familiar, a falta de organização da classe produtora em cooperativa e/ou associações de produtores, a carência de assistência técnica, a não definição de uma política agrícola, creditícia e de fomento voltada ao setor mandioqueiro, a pouca adoção dos materiais genéticos de mandioca mais produtivos, a ausência de título da terra dificulta o acesso ao crédito.

Problemas graves

A comercialização realizada por meio do atravessador é um dos problemas mais graves do setor, e a ausência de programas de multiplicação de manivas sementes.
“Não vou sossegar enquanto não promover a melhoria do setor rural custe o que custar. Não podemos fazer de desenvolvimento sustentável sem falar de três temas: defesa agropecuária; crédito rural; e Código Florestal”, disse a senadora Kátia Abreu (DEM-TO) e presidente da CNA (Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária do Brasil), na abertura do seminário em Manaus.

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
Compartilhe:​

Qual sua opinião? Deixe seu comentário

Notícias Recentes

Pesquisar