Ao contrário das motos, o segmento de bicicletas na
ZFM (Zona Franca de Manaus) segue em marcha acelerada,
com faturamento em alta. De acordo com a Abraciclo
(Associação Brasileira dos Fabricantes de
Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e
Similares) 20% da produção nacional de bicicletas
estão concentradas no PIM (Polo Industrial de Manaus).
Houve uma inversão de mercado, que evoluiu na
sofisticação do gosto popular. Hoje a preferência é
por modelos com design arrojados, agregando
equipamentos que trazem conforto e segurança aos
condutores das “magrelas”. Antes, os preços variavam
de R$ 300 a R$ 1.500. Hoje, dependendo do modelo,
podem chegar a R$ 35 mil, e a procura é grande.
Apesar de gerar cerca de 4 mil empregos e produzir uma
média anual de 1 milhão de unidades no polo de
bicicletas em Manaus, as empresas do ramo experimentam
queda em produção e vendas. Entretanto, o diretor
executivo da Abraciclo, José Eduardo Gonçalves, afirma
que a tendência é de crescimento por diversos fatores.
Entre eles, a chegada da marca Houston. “Atualmente, a
fábrica está em processo de implantação em Manaus. A
meta de produção da Houston é alto, algo em torno de
450 mil unidades/ano. Dando condições de evoluir para
o maior Polo Industrial, superando o asiático, em
produção de bicicletas”, informou.
De acordo com Gonçalves, a produção de bicicleta vem
recuando nos últimos dez anos, cerca de 5 milhões de
unidades/ano para 4,5 milhões. Trata-se da adequação
da demanda de mercado de um produto barato para outro
com maior valor agregado. “Houve uma sofisticação na
preferência popular, que busca por maior conforto. As
bicicletas com design arrojado, produzidas com
material mais leve como alumínio e fibra de carbono,
suspensão dianteira e traseira e agregando acessórios
ao modelo escolhido”, disse.
Além do exposto, o diretor da Abraciclo reiterou que
no momento está sendo apreciado o projeto de
atualização do PPB (Processo Produtivo Básico) da
bicicleta, submetido ao CAS (Conselho de Administração
da Suframa). Caso seja aprovado, irão tornar as
“magrelas” já produzidas no PIM mais competitivas em
termos de material nobre e de design, agora mais
arrojado. “Solicitamos atualização do PPB para adequar
a nova demanda de mercado”, finalizou.
Dados de produção, venda e faturamento dos principais
produtos, divulgados pela Suframa (Superintendência da
Zona Franca de Manaus) revelam um panorama de
crescimento na preferência do consumidor por
bicicletas, inclusive elétricas, de alta performances
justificando os valores bem superiores aos das
tradicionais “magrelas”, podendo chegar a R$ 35 mil.
Em 2013 a produção foi de 797.252 unidades contra
913.145 unidades em 2012, na comparação houve uma
queda de -12,69%. Da mesma forma, ocorreu com o volume
de vendas 782.797 unidades no ano passado contra
923.483 no ano imediatamente anterior, queda acentuada
de -15,23%.
Porém, o inverso aconteceu com o faturamento que
obteve alta de 7,09% em 2013 com valor total R$ 324,2
milhões na comparação com R$ 302,7 milhões registrados
em 2012. Confirmando a nova tendência de mercado, com
consumidores que preferem investir mais alto para
adquirir uma “magrela” de alta qualidade.
Ainda segundo a Superintendência, os resultados devem
melhorar com a chegada da bicicleta elétrica. Empresas
como CR Zongshen, Dafra e Kasinsk já têm o modelo
elétrico em suas linhas de produção. Houston e Caloi
estudam investir no nicho enquanto a Sense Bike da
Amazônia e a Ox da Amazônia têm projetos aprovados no
CAS (Conselho de Administração da Suframa) para
iniciar a produção no PIM. “Só a Houston fez, no ano
passado, um aporte de R$ 65 milhões para produzir
bicicleta elétrica no Polo Industrial”.
Bicicletas elétricas regulamentadas
No final do ano passado, o Contran (Conselho Nacional
de Trânsito) publicou no DOU (“Diário Oficial da
União”) um conjunto de regras e especificações para a
utilização de bicicletas elétricas em vias públicas no
Brasil. Até então, a resolução nº 375 regulamentava o
tráfego desses veículos, que os equiparava aos
ciclomotores.
Segundo o diretor da Abraciclo, a partir de agora, a
lei passa a enquadrar as chamadas bicicletas elétricas
com pedal assistido – e sem acelerador – às
convencionais, de propulsão humana. “Com isso, não
será necessário licenciamento para utilizá-las, o que
deve incentivar mais o uso do produto, principalmente
para trabalho”, disse Gonçalves.
Para entender o que mudou, é necessário se
familiarizar um pouco com o mundo das “magrelas”
elétricas. Alguns modelos requerem continuamente o
apoio do motor, já em outros, chamados Pedelecs, a
força principal deve vir do ciclista e o motor
funciona apenas como uma ajuda extra. Alguns modelos
ainda possuem sistema de aceleração manual e outros
com acionamento pelo próprio pedal em um sistema
batizado de PAS (Pedal Assistant System).
Mercado
Sem reservas, as lojas do ramo comemoram a demanda
crescente por “magrelas”. Os empresários apostam em
crescimento de até 10%, o que tem mantido o setor
aquecido. No mercado local, o consumidor pode
encontrar preços que variam de R$ 250 a R$ 35 mil,
dependendo do modelo e do material utilizado na
fabricação da bicicleta.
Na opinião de José Eduardo Gonçalves, o setor de duas
rodas terá retração com a Copa do Mundo, quando a
procura dos produtos eletroeletrônicos aumenta. Por
isso a estratégia está em avançar no fechamento dos
negócios até o mês de maio, sabendo que no meio do ano
vai haver queda nas vendas. “Historicamente, há uma
demanda focada do consumidor em televisores. Indústria
e concessionárias mantém o foco para avançar nos
negócios, para equilibrar o resultado final do ano”,
estimou.