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Setor de shopping centers declina em 2020

Setor de shopping centers declina em 2020

Confirmando inúmeras pesquisas que previam queda no faturamento depois de um ano atípico de pandemia, o setor de shopping centers declinou em 2020. Os números indicados pela Abrasce (Associação Brasileira de Shopping Centers) apontam faturamento de R$ 128,8 bilhões em 2020, queda de 33,2% em relação a 2019.

Ao longo do ano passado, o setor precisou fazer malabarismo para conseguir manter o volume das vendas mesmo em ano de crise mundial. Em maio do ano passado, o setor já estimava perda de R$ 25 milhões em todo país. Na época, cerca de  20% dos lojistas já fecharam as portas em definitivo. 

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Os números indicados pela Abrasce apontam faturamento de R$ 128,8 bilhões em 2020, queda de 33,2% em relação a 2019

“Apesar das medidas adotadas para preservar os empregos, foi um ano desafiador e  pegou todos de surpresa. Foram meses fechados. A nossa perda de faturamento foi bem abaixo da normalidade. Alguns empreendimentos zeraram suas receitas durante a pandemia”, externa o presidente da Alasc (Associação dos Lojistas do Amazonas Shopping Center em Manaus), André Gesta. 

Ele lembra que alguns nichos que estenderam as vendas via delivery precisaram investir nas operações.  Mesmo com a retomada gradativa, muitas empresas tiveram perdas de 15% a 30% nos seus volumes em relação a 2019.

A expectativa do setor vem da vacina que deve ser a grande aposta para que as coisas caminhem. “Apesar de entendermos que vamos conviver com o vírus dentro de uma normalidade mesmo com as imunizações, a segurança à saúde e todos os protocolos ser mantidos. A gente espera que o mais breve possível com a população imunizada e o nível de conscientização precise ser maior. E precisamos pensar ainda que vai demorar para que toda população seja imunizada”. 

O Censo Abrasce 2021 descreve bem como a recuperação gradual e contínua dos shoppings, meses fechados, não frearam as perdas – chegaram a quase 90% em abril deste ano. 

O presidente da Abrasce, Glauco Humai, diz que o setor espera que a atividade ganhe maior tração ao longo do ano, acompanhando a dissipação gradual das incertezas com a crise sanitária, quadro inflacionário menos pressionado e expansão do crédito e do emprego.

Nabil Sahyoun, presidente da Alshop (Associação Brasileira de Lojistas de Shopping), reforça que durante o ano de 2020, houve uma queda de faturamento e foi um ano atípico do ponto de vista do comércio. “Shoppings fechados mais de 3 meses, e se considerar o horário restrito e o período de fechamento integral, isso bateu mais ou menos 100 dias e não há faturamento que aguente, comparado com o ano anterior”.

Para 2021, as projeções das entidades são  otimistas, a Abrasce projeta alta de 9,5% nas vendas do setor, já a Alshop deposita a confiança do setor às vacinas e ao comportamento dos prefeitos e governadores. “Percebemos que existe uma politização, mas ainda bem que muitos prefeitos já entenderam que esse jogo não está com nada e serão responsabilizados por todo o desemprego que está sendo gerado. São 10 meses de aprendizado e o governo já deveria estar preparado, a economia não pode ficar separada da saúde, uma depende da outra”, declara o presidente da Alshop.

Números

Em 2020, foram inaugurados sete shopping centers ante 577 em operação. No entanto, a Abrasce reclassificou alguns empreendimentos e, como resultado, outros 17 foram incorporados à contagem oficial, totalizando 601 shoppings em funcionamento. Em Área Bruta Locável (ABL), essa expansão representa alta de 1,3% em relação ao ano anterior, com um total de 16,9 milhões de metros quadrados. Para este ano, a previsão é de mais 13 inaugurações, sendo quatro no Sul do País e três em cada uma das demais regiões – Sudeste, Nordeste e Centro Oeste. 

O número de lojas também cresceu e chegou a 110 mil, alta de 5% na comparação com 2019. Vale destacar o crescimento de 2,8% no número de salas de cinemas, totalizando 2.982 unidades. Já a vacância ficou em 9,3% em 2020 contra 4,7% no ano anterior. O número médio de visitantes ao mês foi de 341 milhões, o que representou uma queda de 32%, patamar próximo ao de 2010, quando a média mensal foi de 329 milhões de pessoas. 

Em 2020, o setor gerou 998 mil vagas de empregos, queda de 9,4% em comparação ao ano anterior. “As restrições relacionadas ao horário de funcionamento dos empreendimentos provocaram redução de turnos de trabalho, com impacto no quadro de funcionários dos shoppings e dos lojistas”, afirma Humai. A pandemia acelerou projetos dos shoppings voltados para o ambiente digital. Em 2019, 36% dos empreendimentos possuíam aplicativos, mas atualmente esse percentual está em 41%. 

Também avançaram as plataformas de marketplace: no ano retrasado apenas 11% dos empreendimentos realizavam vendas por meio desse canal, agora já são 29% os shoppings que apostam na modalidade. E o número deve crescer: 59% dos shoppings preveem implementar uma plataforma de marketplace nos próximos dois anos. Apesar da crise, em 2020 7% dos shoppings passaram por algum tipo de expansão. Para os próximos anos, 26% dos empreendimentos pretendem expandir. “Esse número demonstra o elevado grau de confiança e expectativa na recuperação da economia e do setor de shopping center”, diz Humai. Em 2019, apenas 10% dos shoppings tinham planos de expansão. Também se destaca entre as tendências do setor, a migração de operações gastronômicas para fora das praças de alimentação. Em 2019, as unidades localizadas fora da praça de alimentação representavam 27% do total. Em 2020, o número subiu para 38%. 

Andréia Leite

é repórter do Jornal do Commercio
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