Pesquisar
Close this search box.

Setor de serviços esboça reação

Setor de serviços esboça reação

Depois do mergulho recorde de dois dígitos no mês anterior, o setor de serviços do Amazonas esboçou alguma reação, na passagem de abril para maio. A atividade registrou evolução tímida no volume de negócios, a despeito dos impactos econômicos negativos da pandemia da covid-19 e de mais um mês de lojas fechadas. Mas a receita seguiu em baixa. Os dados estão na pesquisa mensal do IBGE, divulgada nesta sexta (10). 

O volume de serviços subiu 0,6% frente a abril de 2020, na direção contrária do levantamento anterior (-15,9%). No confronto com maio de 2019, a trajetória se manteve descendente (-13,1%). O acumulado do ano se manteve no vermelho  (-2,3%), diferente do ocorrido no aglutinado de 12 meses (+1,6%). A média nacional foi ainda pior, em todos os casos: -0,9%, -19,5%, -7,6% e -2,7%, respectivamente.  

A alta na comparação com abril fez o Estado subir da 21ª para a décima posição entre as 27 unidades federativas do país. Santa Catarina (+6,4%), Rio Grande do Sul (+5,2%) e Paraíba (+4.9%) tiveram os melhores números. Em contraste, Distrito Federal (-13,9%), Piauí (-3,6%) e Pará (-3,2%) amargaram as piores performances.

No acumulado dos cinco meses do ano, por outro lado, o Amazonas ficou na quarta posição do ranking nacional. Rondônia (+4,1%), Mato Grosso (-1,4%) e Mato Grosso do Sul (-2,2%) encabeçaram uma lista com apenas um desempenho positivo. Na outra ponta, Piauí (-15,6%), Bahia (-15,3%) e Alagoas (-15%) figuraram no rodapé.

Receita nominal

Já a receita nominal dos serviços do Amazonas – que não leva em conta a inflação – voltou a cair entre abril e maio (-0,2%), embora com menos força do que na variação anterior (-15%). O tombo foi maior na comparação com maio de 2019 (-11,6%). Nos acumulados do ano (+0,9%) e dos últimos 12 meses (+9,4%), por outro lado, foram registrados acréscimos. O Estado saiu na frente da média brasileira em praticamente todas as comparações: -0,7%, -18,8%, -6% e -0,1%, respectivamente.

Assim como ocorrido no volume de vendas, a leve retração da receita nominal na variação mensal fez o Estado subir do 13º para o 12º lugar no ranking do IBGE. As primeiras posições foram ocupadas por Rio Grande do Sul (+8,3%), Santa Catarina (+6,4%) e Paraíba (+5,3%). Em sentido inverso, Distrito Federal (-13,3%), Piauí (-2,6%) e São Paulo (-2,2%) tiveram os piores números.

A despeito do recuo da receita nominal nos cinco meses iniciais do ano, o Amazonas se manteve em segundo lugar, em uma lista com apenas três desempenhos positivos. Perdeu de Rondônia (+6%) e ganhou do Mato Grosso do Sul (+0,6%). As maiores quedas acumuladas do setor de serviços em todo país se situaram em Alagoas (-14,7%), Piauí (-13,9%) e Bahia (-13,6%).

Isolamento e receita

Em sua análise para o Jornal do Commercio, o supervisor de disseminação de informações do IBGE-AM, Adjalma Nogueira Jaques, considerou que a pequena melhora de maio na comparação com abril ocorreu em função de retomadas pontuais no setor de serviços do Amazonas, mas não deixou de ressaltar eu o desempenho ainda está “muito tímido”. 

“Com isso, o acumulado do ano sofreu forte queda, o que levou o desempenho de 2020 para o vermelho. Certamente que devemos dar os devidos descontos, uma vez que esse dado de maio ainda é um dado de pleno isolamento social. Aos poucos, a atividade vai voltando à normalidade. No entanto, não há garantias de que a receita vá retornar imediatamente aos níveis anteriores ao isolamento”, avaliou.

Cortes e fusões

Não há dados sobre a evolução dos segmentos de serviços do Amazonas. Em âmbito nacional, três das cinco atividades pesquisadas tiveram queda na comparação com abril, com destaque para serviços de informação e comunicação (-2,5%) e de profissionais, administrativos e complementares (-3,6%) e “outros serviços” (-4,6%). Em contrapartida, transportes, serviços auxiliares aos transportes e correio (+4,6%) e serviços prestados às famílias (+14,9%) recuperaram parte do terreno perdido nos últimos meses.

No Amazonas, serviços ligados à indústria estiveram entre os mais impactados, dado o fechamento do PIM. Em depoimento anterior, o presidente do Sifretam (Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros por Fretamento de Manaus), Aldo Oliveira, já havia dito que, embora abril tenha sido o fundo do poço, maio não foi muito melhor. O segmento, que tem 90% de sua clientela no PIM, teve seu nível de atividades reduzido a 30%. Na área turística e de translado intermunicipal, a paralisação chegou a 100%.

“Deve haver um ajuste e os resultados de junho devem ter sido melhores. Mas, creio que o mercado consumidor não vai sustentar o mesmo nível de atividade e teremos cortes nas fábricas até agosto, refletindo em nosso volume de trabalho”, lamentou.

Já a presidente do Sindicato dos Salões de Barbeiros, Cabelereiros, Institutos de Beleza e Similares de Manaus, Antonia Moura de Souza, diz que o segmento de beleza não ficou parado, embora tenha passado por momentos difíceis. Pelo menos 20 dos 6.000 salões de beleza em todo o Estado fecharam de vez. Outros, tiveram de se reinventar, fundindo os negócios e dividindo espaços para reduzir custos. “Acredito que em julho e agosto teremos uma boa recuperação e devemos crescer entre 3% e 4% no final do ano”, concluiu. 

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio
Compartilhe:​

Qual sua opinião? Deixe seu comentário

Notícias Recentes

Pesquisar