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Setor de serviços do Amazonas registra queda em agosto

O setor de serviços do Amazonas interrompeu uma sequência de três meses seguidos de alta, para tropeçar, na passagem de julho para agosto. O desempenho negativo veio na contramão da média nacional, que mal se moveu. A despeito da retração, a atividade local ainda se encontra com expansão de vendas na escala de dois dígitos, na comparação com o mesmo mês do ano passado – período em que a economia do Estado já engatava ritmo de retomada. É o que revelam os dados da pesquisa mensal do IBGE para o segmento, divulgada nesta quinta (14).

O volume de serviços no Estado recuou 2,5%, entre julho e agosto de 2021, em trajetória praticamente simétrica à capturada no levantamento anterior (+2,2%). No confronto com agosto do ano passado, ainda houve elevação de 13,2%, índice que correspondeu quase a metade do apresentado no mês passado (+21,6%). Mas, foi o suficiente para segurar a atividade no campo positivo, nos aglutinados do ano (+14,8%) e de 12 meses (+11,2%). A performance do Amazonas só bateu a média brasileira (+0,5%, +16,7%, +11,5% e +5,1%) nas variações acumuladas.

Com o decréscimo mensal (-2,5%), o Estado despencou da sétima para a 23ª posição, entre os maiores valores registrados pelo setor em todo o país. O pódio foi ocupado por Sergipe (+8,3%), Rio Grande do Sul, Alagoas (empatados com 4,2%) e Ceará (+2,3%). Na outra ponta, os piores desempenhos do país vieram de Roraima (-7,4%), Mato Grosso (-3,6%) e Mato Grosso do Sul (-3,2%), em uma lista com 11 unidades federativas brasileiras no vermelho.

Apesar de manter o desempenho acumulado do ano ainda consolidado no azul, o Amazonas caiu da sétima para a nona colocação do ranking nacional da variação acumulada do ano. Roraima (+21,4%), Acre (+20,1%) e Tocantins (+18,4%) tiveram os melhores números, enquanto Rondônia (+2,8%), Distrito Federal (+5,6%) e Piauí (+6,8%) figuraram no rodapé de um rol que não registrou performances negativas.

Já a receita nominal dos serviços do Amazonas – que não leva em conta a inflação nos preços correntes – apresentou números melhores, justamente por essa razão. O retrocesso na passagem de julho para agosto foi de 2,5% – contra a elevação de 4%, no mês anterior. No confronto com o mesmo mês de 2020, contudo, houve alta de 22,4%, possibilitando a sustentação dos acumulados dos oito meses iniciais de 2021 (+17,9%) e da variação anualizada (+12,7%) no campo positivo. Os respectivos números brasileiros foram +1%, +20,7%, +13,5%, +6,6%.

Com a retração na variação mensal da receita nominal (-2,5%), o Estado se desabou do quinto para o 23º lugar do ranking nacional do IBGE. Os extremos ficaram em Sergipe (+9,8%) e Alagoas (+4,9%), de um lado, e em Roraima (-6,4%) e Distrito Federal (-3,5%), do outro. No comparativo do acumulado dos oito primeiros meses de 2021, por outro lado, o Amazonas se manteve na sétima posição, em uma lista liderada por Roraima (+22,3%) e Acre (+21,5%), e encerrada por Rondônia (+4,2) e Distrito Federal (+5,4%). 

Oscilações e incertezas

Em seus comentários nas edições anteriores da sondagem, o supervisor de disseminação de informações do IBGE-AM, Adjalma Nogueira Jaques, havia destacado que o setor de serviços do Amazonas vinha “surpreendendo” e obtendo destaque frente aos outros setores econômicos do Estado, graças ao ritmo de imunização e flexibilizações, o que poderia ensejar um certo otimismo cauteloso para o curto prazo. Em nova entrevista à reportagem do Jornal do Jornal do Commercio, o pesquisador se mostrou mais cético, indicando que a atividade não ficou imune as oscilações econômicas e incertezas políticas que derrubaram o comércio local e balançaram a indústria do Amazonas.

“Os serviços estavam indo bem nos últimos três meses, e até mesmo no ano. Mas, em agosto, tivemos uma forte retração em relação ao mês anterior, possivelmente causada pelas circunstâncias econômicas local e nacional. Na comparação com o mesmo mês de 2020, o resultado foi pífio, mostrando que a atividade não está no mesmo nível de ano passado. Não há como criar um cenário para as próximas divulgações, uma vez que as comparações por mês e ano estão muito alternadas. A inflação impacta mais rapidamente nos serviços, principalmente àqueles prestados às famílias [como alimentação e hospedagem]”, analisou.

“Aumento da mobilidade”

Em âmbito nacional, o resultado foi impulsionado por quatro das cinco atividades, com destaque para informação e comunicação (+1,2%) – graças ao desenvolvimento e licenciamento de softwares, portais e ferramentas de buscas na internet, entre outros – e transportes (+1,1%) – companhias aéreas e operação de aeroportos. Os serviços prestados às famílias (+4,1%) e “outros serviços” (+1,5%) também avançaram, em detrimento dos serviços profissionais, administrativos e complementares (-0,4%) – com pressão negativa nas atividades jurídicas, ligadas a arquitetura e engenharia e soluções de pagamentos eletrônicos. Já o índice de atividades turísticas subiu 4,6%.

“O setor de serviços mantém sua trajetória de recuperação em agosto, sobretudo nos serviços considerados não presenciais, mas também nos presenciais, com o avanço da vacinação e o aumento da mobilidade das pessoas. Desde junho do ano passado, o setor acumula 14 taxas positivas e somente uma negativa, registrada em março, quando algumas atividades consideradas não essenciais foram fechadas por determinação de governos locais em meio ao avanço da segunda onda do coronavírus”, resumiu o gerente da pesquisa, Rodrigo Lobo, em texto postado na Agência de Notícias IBGE.

Cenário de incertezas

Em entrevistas anteriores à reportagem do Jornal do Commercio, o presidente em exercício da Fecomecio-AM (Federação do Comércio de Bens e Serviços do Estado do Amazonas), Aderson Frota, havia destacado que o setor de serviços vinha avançando mais por ter sido flexibilizado mais tarde e ainda dispor de espaço para crescer. Em novo depoimento, o dirigente aponta que os rescaldos econômicos da pandemia e as turbulências nacionais solaparam essa margem, deixando um cenário de incertezas.  

“É claro que todos esses números refletem, em parte, uma situação de crise que todos nós vivemos, por vários fatores, como a alta do dólar, a disparada do custo financeiro, o aumento do preço do petróleo, entre outros. Faltou navio, faltou contêiner, faltou insumo. Tudo isso acaba comprometendo o desempenho da economia. Mas, nossa expectativa é que possamos, aos poucos, superar todos esses obstáculos, para focar, com muita preocupação, sobre o que vem a partir de 2022”, arrematou. 

Foto/Destaque: Divulgação

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio
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